Arcebispo irlandês critica o Vaticano pela "lentidão" na renovação da Igreja

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05 Junho 2011

O Vaticano foi criticado pelo arcebispo católico de Dublin pelo seu atraso em responder aos relatórios das equipes da visitação apostólica à Irlanda, enviados em abril passado.

A reportagem é de Patsy McGarry, publicada no jornal The Irish Times, 03-06-2011. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

O arcebispo Diarmuid Martin enfatizou que não estava criticando o Papa Bento XVI, mas sim incentivando o senso de urgência por parte dos "colaboradores" do papa.

Falando em Dublin nesta quinta-feira, ele disse que o ritmo da mudança na cultura religiosa irlandesa era tal que, "quanto maior a demora no avanço dos frutos da visitação apostólica, maior o perigo de falsas expectativas, e maior o encorajamento para aqueles que preferem o imobilismo perante a reforma, e maior a ameaça à eficácia desse imenso dom do Santo Padre à Igreja irlandesa".

Ele estava "impaciente para saber qual será o caminho que a visitação apostólica irá definir para a renovação da Igreja irlandesa, de forma que a nossa renovação avance decisivamente. Ao mesmo tempo, também estou cada vez mais impaciente com a lentidão do processo, que começou há um ano atrás. Essa não é uma crítica ao Santo Padre. É um apelo aos seus colaboradores".

Sete equipes de visitação apostólica estiveram na Irlanda para investigar a Igreja durante o final do ano passado e início deste ano. Elas passaram por quatro arquidioceses católicas e pelos seminários irlandeses, e se encontraram com congregações religiosas masculinas e femininas, antes de apresentar seus relatórios em Roma na Páscoa.

O arcebispo Martin falou no All Hallows College, em Dublin, aos delegados de quase 70 países que participavam de uma conferência realizada em preparação ao Congresso Eucarístico 2012.

Ele disse que a Irlanda estava "passando por uma revolução de sua cultura religiosa". Em algumas paróquias de Dublin, "a presença na missa dominical é de cerca de 5% da população católica e, em alguns casos, é até menos do que 2%. Em um domingo qualquer, cerca de 18% da população católica da arquidiocese de Dublin vão à missa ", disse.

Pela segunda vez desde que se tornou arcebispo, "não haverá nenhuma ordenação sacerdotal na arquidiocese de Dublin, e os próximos anos indicam apenas uma pequena quantidade de novas vocações".

Ele acredita que "a secularização da cultura irlandesa está muito avançada". Sua "maior preocupação" é "o abismo que está crescendo entre a Igreja e os jovens".

"Temos jovens brilhantes, inteligentes, generosos e idealistas. A maioria foi educada em escolas católicas. No entanto, a partir de uma idade relativamente precoce, eles se afastam de qualquer contato regular com a Igreja e especialmente da missa dominical".

Ele disse que "muitas vezes a agenda da renovação dos católicos irlandeses é movida por uma agenda voltada para dentro da reforma das estruturas da Igreja. Essa agenda terá muito pouco apelo para aqueles que realmente perderam o contato com a Igreja e consideram essa reforma interessante, mas de pouca relevância para suas vidas – de fato, ela poderá levá-los apenas a uma maior alienação".

Há "aqueles que sentem que minha avaliação da situação atual é muito negativa e mais sombria do que a dos outros. Eu não penso assim. Creio, no entanto, que a minha avaliação é realista".

Ele descreveu como "doloroso" o "fracasso na transmissão da fé à próxima geração". A razão para isso é "uma falha dos fiéis em testemunhar sua fé de forma coerente no serviço relevante para a atual situação cultural".