Ordens religiosas australianas expressam desconforto com demissão de bispo

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15 Mai 2011

As ordens religiosas da Austrália intervieram nesta sexta-feira sobre a expulsão de Dom William Morris, expressando a angústia de seus membros com a perda de um pastor que tinha uma profunda conexão com o seu povo e fazendo questões específicas sobre o processo que levou à decisão do papa de forçá-lo a se retirar.

A reportagem é de Tom Roberts, publicada no sítio National Catholic Reporter, 13-05-2011. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

A avaliação – que se encontra em uma carta assinada pela irmã josefina Ann Derwin, presidente da associação Catholic Religious Australia e enviada ao núncio apostólico do país – diz que os membros das ordens religiosas, muitos dos quais trabalham na diocese de Morris, Toowoomba, "estão especialmente aflitos com a perda do seu pastor, um homem que eles acreditam ser solícito com todos os fiéis de Cristo confiados aos seus cuidados – especialmente os necessitados e marginalizados".

"Eles e as pessoas com quem eles ministram ficaram com um sentimento permanente de impotência e confusão", continua a carta.

A CRA é o nome público da Conferência Australiana dos Líderes de Institutos Religiosos. Seus membros representam mais de 180 congregações de irmãs, irmãos e sacerdotes que vivem e trabalham em toda a Austrália.

O grupo executivo da organização – composto por Derwin, pelo padre missionário do Verbo Divino Tim Norton e pela irmã da Misericórdia Marie Duffy – diz em uma carta separada aos líderes de congregações religiosas australianos que eles estavam presentes em uma reunião de uma semana dos bispos australianos quando "se depararam com a sua resposta à situação".

Nesse encontro, os bispos produziram uma carta ao administrador apostólico de Toowoomba, Dom Brian Finnigan, em que eles disseram que continuariam a "discussão do processo e da decisão produzida" durante a sua visita ad limina a Roma no final deste ano. Os bispos são obrigados a fazer as visitas a cada cinco anos para relatar o estado da Igreja em suas regiões.

Na carta ao núncio, o arcebispo Giuseppe Lazzarotto, Derwin apresentou três questões que estavam sendo feitas a partir de uma conversa com os religiosos de toda a Igreja na Austrália:

Primeira pergunta: "Como todos na nossa Igreja podem ser ouvidos e empoderados pelos nossos líderes e processos eclesiásticos quando opiniões privadas e confidenciais recebem tanta importância?"

A questão se refere ao relatório confidencial feito pelo arcebispo de Denver, Charles Chaput, que conduziu uma visitação apostólica e submeteu um relatório escrito a Roma que nunca foi tornado pública. Morris disse que acha que o documento deve ser tornado público e que o povo de Toowoomba merece saber que julgamento foi feito sobre a sua diocese.

Derwin observa que as cartas de apoio pastoral a Morris foram enviadas a Roma por todos os líderes e membros pastorais do Conselho Pastoral Diocesano de Toowoomba e pela maioria dos padres da diocese.

"Ficamos pensando em como as palavras desse grupo foram ouvidos nesse processo", escreveu.

Segunda pergunta: "Como a decrescente disponibilidade da Eucaristia, `fonte e ápice de nossas vidas`, deve ser tratada no futuro?"

Devido ao tamanho da diocese de Toowoomba e de sua natureza rural, os sacramentos estão disponíveis apenas para alguns, em uma base mensal, disse Derwin – acrescentando que a situação só vai piorar à medida que o número de padre continua diminuindo.

"Dom Morris, consciente dessa situação, sugeriu a necessidade de uma conversa. Qual é a mensagem da nossa Igreja nessas circunstâncias difíceis?", questionou.

Terceira pergunta: "O que devemos dizer às pessoas que perderam um pastor e guia inspirador em um momento em que as pessoas mais precisam dele?"

Derwin contou que Morris – a quem ela descreve como "vigoroso na promoção da oração e do diálogo ecumênico" e "incansável" na pressão por padrões profissionais no ministério – era particularmente ativo no acompanhamento dos australianos da zona rural, que, nos últimos anos, sofreram com os efeitos da seca e das "dramáticas inundações que tiveram um alto preço em vidas e em propriedades".

Ela disse que a Austrália, onde muitos estão deixando a Igreja, precisam de bispos "que sejam os primeiros e principais pastores" a fim de trazer as pessoas de volta para a Igreja.

Uma terceira carta, semelhante em conteúdo à que foi dirigida a Lazzarotto, foi enviada ao arcebispo Philip Wilson, presidente da Conferência dos Bispos da Austrália, com a esperança de que as questões delineadas sejam levadas a Roma, durante a visita ad limina.

As cópias das cartas mencionadas neste relatório encontram-se aqui (em inglês):