04 Mai 2011
Após a morte de Bin Laden, é preciso maximizar a proteção das minorias cristãs ameaçadas pelo fundamentalismo islâmico , especialmente pelos governos dos países afetados. Assim afirmou nesta terça-feira, em uma nota, Massimo Introvigne, representante da OSCE (Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa) para a luta contra o racismo e a discriminação dos cristãos.
A reportagem é da agência Zenit, 03-05-2011. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
"É um grave e necessário dever dos governos do Paquistão e dos demais países, onde as minorias cristãs são ameaçadas pelo ultrafundamentalismo islâmico, proteger, em seguida, os cristãos contra as represálias anunciadas pela Al Qaeda e seus aliados ", disse Introvigne.
"Esses governos – indica Introvigne – não poderão dizer que isso lhes pega de surpresa: há sites jihadistas que, nestas horas, já pedem que as igrejas sejam atacadas e que se mate os cristãos".
Massimo Introvigne, que é autor de uma biografia de Bin Laden, considera que sua morte "é fundamental a partir do ponto de vista simbólico, mas não vai conseguir destruir a Al Qaeda, que já atua mais como uma rede do que como um movimento, do ponto de vista operacional".
Pelo contrário, advertiu, "existe o risco de que, em breve, a fragmentação dos centros de tomada de decisão produza uma multiplicação dos atentados".
Nesta quarta-feira, 4 de maio, Introvigne visitou, juntamente com uma delegação da OSCE, a Itália e a Santa Sé.
"Coordenaremos os esforços – afirma a nota – para fazer pressão ao mesmo tempo cortês e exigente sobre os governos das áreas de risco: um compromisso no qual a Itália e a Santa Sé já estão na vanguarda, mas há uma certa dificuldade em convencer outros países da gravidade do problema".
Por outro lado, cristãos paquistaneses e filipinos poderiam sofrer uma reação após a morte de Osama Bin Laden, autor intelectual dos atentados contra as Torres Gêmeas em Nova York, no dia 11 de setembro de 2001.
Tanto o arcebispo emérito de Lahore, Lawrence Saldanha, como o bispo de Isabela, nas Filipinas, fizeram manifestações nesse sentido para a agência de notícias católica UCA News.
"Nós somos um alvo fácil, pois eles não podem atacar os Estados Unidos. Pedimos segurança. O governo deveria controlar para não produzam atos de vingança ", disse Dom Saldanha.
Mas, apesar do risco de represálias em curto prazo contra os cristãos, a morte de Bin Laden poderia produzir um equilíbrio na sociedade do Paquistão, devastada pela guerra, comentou.
O bispo expressou sua esperança de que a morte do terrorista mais procurado do mundo reduza o radicalismo militante que envolveu o Paquistão nos últimos anos. "Pelo menos, esperamos que as coisas possam melhorar gradualmente", disse.
"Muitos olhavam para Bin Laden como um herói da revolução islâmica. Mas ele era um modelo de extremismo e uma ameaça à paz mundial. Sua morte mudará o perfil do extremismo, assim como o descentralizará e o desmistificará", destacou o arcebispo.
Morte violenta
As forças militares dos Estados Unidos mataram Osama bin Laden, fundador da Al Qaeda, em Abbottabad, cidade da província de Khyber Pakhtunkhwa, no norte do país, após um tiroteio breve.
O presidente dos EUA, Barak Obama disse que as forças dos serviços de inteligência estiveram trabalhando sobres pistas recebidas no início de agosto e atuaram em cooperação com as autoridades de segurança paquistanesas.
Dom Saldanha foi ordenado arcebispo exatamente no mesmo dia dos atentados do 11 de setembro.
" Os acontecimentos que se seguiram aos atentados do 11 de setembro afetaram toda a minha trajetória episcopal e a minha vida", afirmou o prelado, acrescentando que esses eventos repercutiram muito sobre os cristãos desse país que se viram muito afetados pela violência e, às vezes, massacrados. "Pude ver como a violência foi piorando a cada dia", disse.
Enquanto isso, na Índia, outro líder eclesial pediu que a morte do líder da Al Qaeda não resulte em atentados de represália. O padre Babu Joseph, porta-voz da Conferência Episcopal da Índia, lamentou que Bin Laden tenha tido uma morte violenta.
"Ele poderia ter se reformado, abandonando o caminho da violência e do terrorismo, e começando uma nova vida de reconciliação e de paz", disse o sacerdote do Verbo Divino à UCA News. O Pe. Joseph também pediu que essa morte não se traduza em uma escalada de violência nem leve a atos de represália como se teme.
"A Igreja nunca apoia a violência ou a ela se associa. A violência perpetrada por motivos religiosos nunca é aceitável em nenhuma sociedade civilizada", acrescentou.
Alguns muçulmanos indianos reagiram à morte de Bin Laden jogando a culpa da radicalização do terrorista morto pelas forças norte-americanas sobre os EUA.
No entanto, para um bispo filipino, a morte de Bin Laden é um "triunfo do bem sobre o mal". A afirmação é do bispo da prelazia de Isabela, nas Filipinas, Martin Jumoad.
Sua prelazia está localizada na província de Basilan, onde os militantes islâmicos do Abu Sayyaf mantêm campos de treinamento, inspirados na Al Qaeda, que atacaram frequentemente comunidades cristãs dessa região.
Dom Jumoad disse esperar que a morte de Bin Laden "enfraqueça o grupo Abu Sayyaf em Basilan, já que seus líderes proclamaram que estavam recebendo ajuda da Al Qaeda, por meio do Jemaah Islamiyah [congregação islâmica, incluída pela ONU na lista das organizações terroristas]".
Pedindo orações incessantes pela paz, Dom Jumoad concluiu: " Espero que as cortes de Bin Laden que atuam aqui diminuam e que Basilan finalmente desfrute paz e segurança".
Mas ele reconheceu que poderiam ocorrer atentados de represália contra os cristãos, quando se espalhasse a notícia da morte de Bin Laden.
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"Devemos proteger os cristãos após a morte de Bin Laden", afirmam bispos - Instituto Humanitas Unisinos - IHU