23 Dezembro 2021
Em um dos extremos do planeta, no sul da Austrália, cientistas e artistas criaram um dispositivo para registrar o fim - ou a transformação completa - do mundo como o conhecemos, devido às alterações no clima.
Foto: portal Earth's Black Box
A reportagem é publicada por Deutsche Welle, 22-12-2021.
O ano de 2022 marcará a construção e a inauguração de um dispositivo teoricamente indestrutível, capaz de registrar como a humanidade administra o planeta em meio às mudanças climáticas. A chamada "caixa preta" da Terra será instalada em um dos extremos mais inóspitos do mundo, na costa oeste da Tasmânia, ilha pertencente à Austrália.
Inspirado nas "caixas pretas" dos aviões - que registram o que acontece em caso de acidente aéreo -, o dispositivo, criado por artistas e cientistas australianos, pretende gravar passo a passo a transformação - ou a destruição - do mundo tal qual conhecemos hoje.
A Tasmânia foi escolhida por se tratar de uma área política e geograficamente estável, segundo informaram os criadores da máquina, a empresa de comunicação e marketing Clemenger BBDO e a Universidade da Tasmânia.
"A menos que mudemos drasticamente nosso modo de vida, as mudanças climáticas e outros problemas causados pelo homem provocarão o colapso da nossa civilização", diz o site da Earth's Black Box (Caixa Preta da Terra, em tradução livre para o português), criada após a COP 26, a conferência do clima das Nações Unidas que ocorreu em Glasgow, Escócia, em novembro. Na ocasião, ficou determinado que o mundo precisa limitar o aquecimento global em até 1,5 graus Celsius em relação ao período pré-industrial.
A estrutura monolítica irá registrar informações não apenas sobre aumento ou diminuição de temperatura, mas também a respeito de extinção de espécies, poluição e impactos na saúde na Terra. Se o planeta sucumbir às mudanças climáticas, os arquivos contidos na "caixa preta" serão capazes de reconstituir o que e como de fato aconteceu, segundo a publicação Science Alert.
Alimentado por energia solar e térmica, o bloco de aço tem 10 metros de comprimento e é projetado para resistir a desastres naturais. Conectado à internet, usará um algoritmo para coletar periodicamente dados relacionados às mudanças climáticas - por meio de um conjunto de 500 métricas - e armazená-los automaticamente.
A "caixa preta" estará repleta de unidades de armazenamento contendo dados relativos às alterações no clima, tais como temperaturas médias e consumo global de energia.
"A Caixa Preta da Terra é uma estrutura e um dispositivo que registrará cada passo que a humanidade der em direção a uma iminente catástrofe climática ou para longe dela", declarou Jim Curtis, diretor-executivo de criação da Clemenger BBDO, que criou o projeto.
Curtis disse ainda que a caixa não apenas forneceria ao mundo uma riqueza de dados sobre as mudanças climáticas, mas também que as informações registradas ajudariam a responsabilizar os líderes e deixariam lições para as gerações futuras.
"Se o pior acontecer e a civilização desaparecer por causa das mudanças climáticas, essa caixa indestrutível terá registrado todos os detalhes. Desta forma, quem permanecer, ou quem encontrá-la depois, aprenderá com nossos erros", enfatizou.
Ainda assim, os criadores da "caixa preta" esperam que ela não precise ser aberta: "Estou no avião. Não quero que ele caia. Apenas espero que não seja tarde demais", disse Jim Curtis ao jornal The New York Times.
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A “caixa preta” da Terra que quer registrar o fim do mundo - Instituto Humanitas Unisinos - IHU