05 Agosto 2021
“Por causa da turbulência política, que está encomendada (com a proximidade das eleições). A gente está numa situação única. Qual é o projeto da política econômica hoje? Qual é o plano? Não existe plano. Não existe porque não existe plano de governo. O único objetivo do governo é evitar o impeachment, conseguir chegar até o final do mandato e eventualmente ser um candidato competitivo. Mas isso não dá espaço para planejar a política econômica. Ao contrário. Abre espaço para o populismo fiscal. Na falta do que fazer, o que a gente vê hoje é a tentativa de arrumar subterfúgios no Orçamento para engordar o Bolsa Família no ano que vem e tentar combater a impopularidade. Isso não tem nada a ver com planejamento econômico ou um plano de retomada do crescimento. Nós estamos à deriva do ponto de vista da economia” – Luís Eduardo Assis, ex-diretor de Política Monetária do Banco Central – O Estado de S. Paulo, 05-08-2021.
“A elevação de juros pega as famílias e setor público mais endividados. A dívida pública subiu mais do que R$ 1 trilhão no ano passado. Sem falar no impacto dos juros altos para a desigualdade. Porque a pandemia também serviu para aumentar o fosso entre as pessoas de renda mais alta e das pessoas que ganham menos. Isso tem um impacto que vai muito além da retomada da economia. É um impacto duradouro, que vai reverberar pelos próximos anos. Porque é uma estrutura de renda absolutamente concentrada” – Luís Eduardo Assis, ex-diretor de Política Monetária do Banco Central – O Estado de S. Paulo, 05-08-2021.
“O otimismo está no fato de que vamos ter uma longa campanha presidencial e poderemos debater os projetos, coisa que não foi feita em 2018. Se o Brasil tiver sorte, poderemos forjar dois, três projetos para o País” – Luís Eduardo Assis, ex-diretor de Política Monetária do Banco Central – O Estado de S. Paulo, 05-08-2021.
"Ainda mais um inquérito que nasce sem qualquer embasamento jurídico, não pode começar por ele [pelo Supremo Tribunal Federal]. Ele abre, apura e pune? Sem comentário. Está dentro das quatro linhas da Constituição? Não está, então o antídoto para isso também não é dentro das quatro linhas da Constituição" – Jair Bolsonaro, presidente da República – Folha de S. Paulo, 05-08-2021.
“Bolsonaro caminha com rapidez em direção à tentativa de golpe. Disso já sabíamos. Um golpe tão capenga e cafona quanto foi a live do dia 29/7: hacker falso, fraudes falsas, códigos de programação falsos, analista de inteligência falso e nenhuma prova. Quem imaginava que o golpe de 2022 viria com uma rebelião policial-militar bem orquestrada se depara com um golpe propagado pelo tio do Whatsapp ensandecido que ocupa a Presidência da República” – Thiago Amparo, advogado – Folha de S. Paulo, 05-08-2021.
“O modelo de governança eleitoral no Brasil —nos ensina Vitor Marchetti na revista Dados em 2008— se consolidou como um elo independente entre Judiciário e eleições, blindando, em certa medida, a administração das eleições da política cotidiana. O golpe de Bolsonaro mirou nas eleições, mas acertou a Justiça Eleitoral, que nada mais é do que o STF e o STJ de toga eleitoral. E não há pedra que doa mais no calo do corporativismo judicial do que atacar o sistema de Justiça” – Thiago Amparo, advogado – Folha de S. Paulo, 05-08-2021.
“Antes da virada do ano, Jair Bolsonaro ameaçava demitir qualquer auxiliar que falasse em aumentar o valor do Bolsa Família. O presidente surfava na popularidade do auxílio emergencial e considerava bobagem procurar dinheiro para reforçar o programa de socorro aos mais pobres. Não demorou para que ele mudasse de ideia. O fracasso continuado do governo fez com que Bolsonaro admitisse, em abril, elevar o benefício médio de R$ 192 para R$ 250. Mais tarde, o presidente já falava em R$ 270, depois em R$ 300 e, agora, anuncia que trabalha por um salto do pagamento para R$ 400 por mês” – Bruno Boghossian, jornalista – Folha de S. Paulo, 05-08-2021.
“Com foco na reeleição, Bolsonaro não dá bola para as resistências que pode encontrar dentro do governo. Quando sugeriu o aumento do Bolsa Família, ele disse contar “com o coração grande de Paulo Guedes”. O ministro é o mesmo que já reclamou da ida de empregadas domésticas à Disney e do financiamento de filhos de porteiros na universidade” – Bruno Boghossian, jornalista – Folha de S. Paulo, 05-08-2021.
“Bolsonaro moderado é um unicórnio flamejante que muitos juram ter visto em algum momento dos últimos 30 anos. As aparições desse chupa-cabra laranja fosforescente nas madrugadas frias e escuras do cerrado durante esses dois anos enriqueceram o bestiário brasiliense. Bastou uma noite de sono sem ronco, um “bom dia” ou um “obrigado” para observadores concluírem que a besta-fera aceita chamados à razão e à civilidade” - Conrado Hübner Mendes, professor de direito constitucional da USP, doutor em direito e ciência política – Folha de S. Paulo, 05-08-2021.
“A hipótese de eleições regulares com Bolsonaro na disputa, quando o acirramento extremista resta como única chance de sobrevivência, já não existe mais. Mesmo que se cale a partir de hoje, tudo que fez para implodir a legitimidade e confiança das eleições basta para viciar o processo. Não só politicamente, mas, juízes nos ouçam, juridicamente também” - Conrado Hübner Mendes, professor de direito constitucional da USP, doutor em direito e ciência política – Folha de S. Paulo, 05-08-2021.
“James Kwak (“The Second-Most Important Election of our Lifetimes”) alertou que a eleição de Biden foi a segunda mais importante da história de muitas gerações de norte-americanos. A mais importante teria sido a anterior. Naquela, Trump foi eleito, a democracia perdeu e os danos já são grandes demais. Resta reconstruir enquanto o próximo Trump não vem. O alerta se aplica ao Brasil. Bolsonaro voltou ao grito do “parem o roubo” (“stop the steal”). Já havia começado em 2018” - Conrado Hübner Mendes, professor de direito constitucional da USP, doutor em direito e ciência política – Folha de S. Paulo, 05-08-2021.
“Dois deputados federais bolsonaristas de primeira hora procuraram o PSL, segundo apurou a coluna, pedindo para permanecer na legenda – o que significa mudança de planos em acompanhar Bolsonaro na sua escolha por um novo partido. Como foram eleitos batendo no Centrão, reconsideraram que não ficaria bem na foto acompanhar o presidente em uma legenda como o PP” – Sônia Racy, jornalista – O Estado de S. Paulo, 05-08-2021.
“O trânsito na Ilha da Bruxa deve travar neste sábado. Bolsonaro é esperado em mais uma ‘motociata’ em Florianópolis que será acompanhada também por manifestantes a bordo de barcos, em protesto aquático. O protesto pelo voto impresso, no último fim de semana, na mesma cidade, bloqueou a Avenida Beira-mar Norte” – Sônia Racy, jornalista – O Estado de S. Paulo, 05-08-2021.
Com Jair Bolsonaro a partir de agora formalmente investigado no inquérito das fake news no STF, a turma da “meteorologia do impeachment” já vislumbra a famosa “tempestade perfeita” capaz de tirar o presidente do Planalto. Porém, ao menos uma das condições necessárias, segundo os estudiosos do assunto, para o tempo fechar de vez sobre o Planalto, ainda é incerta e esbarra justamente na polarização política: apesar dos esforços de militantes da centro-direita e da esquerda, líderes de ambos os lados permanecem reticentes em celebrar uma união nas ruas. Divididos, os protestos fornecem discurso ao presidente de que estão circunscritos e não representam a sociedade” – Coluna do Estadão – O Estado de S. Paulo, 05-08-2021.
“O reverendo, em nome de Deus; o coronel, em nome da Pátria. Ambos usam indevidamente Deus e Pátria para esconder o real: foi em nome próprio” - Simone Tebet, senadora (MDB-MS), sobre a CPI da Covid – O Estado de S. Paulo, 05-08-2021.
“É a primeira catástrofe global de saúde em que, além de combater o vírus, o governo (Biden) enfrenta a máquina de mídia da ultradireita que isola grande parte do público numa bolha de desinformação” – Lúcia Guimarães, jornalista – Folha de S. Paulo, 05-08-2021.
“Diferentes protagonistas do governo Biden se contradizem semanalmente em entrevistas. O mais proeminente deles, Anthony Fauci, teve que esclarecer declarações confusas da diretora do CDC, Rochelle Walensky sobre o uso de máscaras e o avanço da variante delta, o que reforça o ceticismo dos quase 100 milhões de americanos que escolheram não se vacinar. Aliás, a única certeza, no momento, é cortesia desses militantes pró-morte. Na quarta-feira (4), o doutor Fauci avisou: o número de infecções nos EUA deve dobrar em duas semanas e ajudar a propagação da próxima variante – mais infecciosa e um desafio às vacinas disponíveis” – Lúcia Guimarães, jornalista – Folha de S. Paulo, 05-08-2021.
“Com tantos fascistas saindo descaradamente do armário, está cada vez mais difícil ter esperança no amanhã e enxergar um fim para a tragédia brasileira” – Mirian Goldenberg, antropóloga e professora da Universidade Federal do Rio – Folha de S. Paulo, 05-08-2021.
“Analisando as diferentes fases, percebo que o que mais me ajuda a sobreviver é colocar o foco nos meus projetos de vida, escutar e cuidar de quem eu amo, enfrentar meus medos e inseguranças, respeitar meus limites, dizer não e ter a coragem de “ser eu mesma”. O que você está aprendendo em meio à tragédia brasileira?” – Mirian Goldenberg, antropóloga e professora da Universidade Federal do Rio – Folha de S. Paulo, 05-08-2021.
“A principal agonia talvez seja a de constatar que Bolsonaro não reúne mais condições de realizar qualquer grande transformação, a não ser provocar uma tragédia. A boa notícia é que em história nada é inevitável” – William Waack, jornalista – O Estado de S. Paulo, 05-08-2021.
"Hoje é dia 3 de agosto de 2021, eu perdi meu filho. Uma dor que só quem sente vai entender e isso é sobre o último post que eu havia feito. Nos comentários, como vocês já estão vendo, tem alguns vídeos dele. Ele pensou que as pessoas achariam engraçado, mas não foi isso que aconteceu. Como sempre, destilaram ódio na Internet, deixando comentários maldosos. Meu filho acabou tirando a vida. Estou desolada, acabada, sem chão, mas estou aqui como uma mãe pedindo para que vocês vigiem, para que fiquem alertas" – Walkyria Santos, cantora, contando sobre um conteúdo que Lucas havia postado no TikTok, a que ela se referiu como "uma brincadeira de adolescente com os amigos" – Folha de S. Paulo, 05-08-2021.
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“Estamos à deriva” - Frases do dia - Instituto Humanitas Unisinos - IHU