04 Dezembro 2020
Um recorde: nunca no passado houve tantas pessoas na Suíça que abandonaram a Igreja Católica quanto em 2019.
A reportagem é do Servizio Informazione Religiosa (SIR), 02-12-2020. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
As estatísticas do ano passado revelaram 31.772 abandonos e um aumento de quase 25% em comparação com 2018, com 25.366 saídas. É o que vem à tona a partir das últimas estatísticas do Instituto Suíço de Sociologia Pastoral (Spi) de St. Gallen.
Os dados estiveram no centro das discussões dos bispos reunidos (online) para a assembleia plenária no dia 1º de dezembro. “Em 2019 houve mais saídas da Igreja do que nunca no espaço de um ano”, afirma um comunicado divulgado pela Conferência Episcopal.
“Os bispos acreditam que a pandemia poderia acelerar ainda mais esse desenvolvimento nos próximos meses. Essa tendência é preocupante e será fonte de mudanças no médio e longo prazo. Os bispos confirmam, no entanto, que a Igreja como corpo de Cristo é muito mais do que um acúmulo de números e fatos.” O desafio é iniciar uma “missão de evangelização”.
O relatório do Instituto de Sociologia Pastoral mostra que a taxa de saída para a Suíça como um todo é em média de 1,1%, mas as diferenças cantonais são consideráveis. Os cantões de Genebra, Valais, Neuchâtel e Vaud têm muito poucos abandonos, o que pode ser explicado pelos diferentes métodos de cobrança do imposto eclesiástico. Nesses cantões francófonos, abandonar a Igreja não acarreta uma redução dos impostos, razão pela qual esse motivo não tem nenhum papel.
O relatório mostra que são muitas as razões que levam as pessoas a deixar a Igreja. As “mais importantes” são a perda/ausência de fé, o desacordo com as posições da comunidade religiosa de referência, os abusos sexuais.
“Nos últimos anos – afirma o relatório – observou-se uma segunda grande onda de afastamentos. As denúncias de abusos contra crianças, jovens, mulheres e homens abalaram a confiança na Igreja Católica. Além disso, a moral sexual católica, o acesso à comunhão para os divorciados recasados ou a posição das mulheres dentro da Igreja Católica são todas questões que se tornaram objeto de debate público e levaram a um forte aumento dos abandonos.”
Se a diferença sexual não interfere nas saídas (com uma predominância muito pequena entre os homens), o que preocupa o Instituto de Sociologia Pastoral é o aumento da evasão por parte das pessoas mais idosas, ou seja, aquelas que têm entre 51 e 60 anos, definindo o fenômeno como “alarmante”.
No que diz respeito às diferenças entre as categorias de idade, o relatório observa que, embora os jovens digam que nunca tiveram fé ou a perderam, as pessoas que têm entre 40 e 75 anos são mais propensas a não estar de acordo com as posições da sua comunidade religiosa.
O relatório também mostra que 885 pessoas ingressaram na Igreja Católica em 2019. Uma “taxa” baixa demais para “remediar” as saídas, já que, para cada 34 abandonos, conta-se apenas uma nova adesão.
Por fim, o instituto certifica que o problema dos abandonos não diz respeito apenas à Igreja Católica. A Igreja Evangélica Reformada também contou 26.198 abandonos em 2019, marcando um aumento de 18% em comparação com o ano anterior.
Para contrabalançar as tendências observadas, afirma o relatório, a Igreja é chamada a fazer “esforços para recuperar a sua credibilidade e reputação prejudicadas” e a “ser uma companheira fiel e confiável para a vida dos fiéis”. Para fazer isso, as Igrejas são chamadas a “rever e readaptar as suas prioridades pastorais”, ampliando também a oferta das propostas aos casais sem filhos, aos solteiros e a quem perdeu o cônjuge.
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Suíça: recorde de abandonos da Igreja Católica. “Tendência preocupante” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU