20 Outubro 2020
Roberto Zuccolini, porta-voz da comunidade cristã de Santo Egídio, fundada por Andrea Riccardi, apresenta o encontro inter-religioso de Oração pela Paz que se realiza na Praça da Prefeitura, no Campidoglio, com a participação do Papa: "as religiões convidarão à esperança a humanidade ferida pela guerra e pela pandemia".
A reportagem é de Fabio Colagrande, publicada por Vatican News, 20-10-2020.
O Papa Francisco vai participar do 34º Encontro Internacional da Comunidade Cristã de Santo Egídio - presente nas periferias de mais de 70 países - no Espírito de Assis que, neste ano, devido à pandemia, será realizado em Roma, na Praça da Prefeitura, no Campidoglio, neste 20 de outubro, em uma única sessão durante a tarde. O evento, intitulado "Ninguém se salva sozinho - Paz e Fraternidade", vai contar com a participação do Patriarca Bartolomeu I junto com representantes do judaísmo, islamismo e budismo.
Serão realizados dois momentos distintos: às 16h na hora italiana (11h no horário de Brasília) as orações das diversas religiões em diferentes lugares e o encontro ecumênico com a presença do Papa na Basílica de Santa Maria em Ara Coeli. Em seguida, às 17h15 (12h15 no horário de Brasília), a cerimônia final na Praça do Campidoglio, com a participação do presidente da Itália, Sergio Mattarella, que se conclui com a assinatura de um apelo comum pela paz.
Roberto Zuccolini, porta-voz da comunidade italiana, fundada por Andrea Riccardi, apresenta o encontro inter-religioso de Oração pela Paz e afirma:
Estamos vivendo um momento particular no mundo inteiro, com o problema da pandemia e todas as suas consequências, inclusive econômicas e sociais, e eu diria de forma mais geral pelo clima de preocupação com o futuro que caracteriza estes meses. Portanto, esta oração - com o slogan ‘Ninguém se salva sozinho - Paz e Fraternidade’ - tem precisamente o objetivo de lançar uma grande mensagem de esperança nestes tempos difíceis. Pensamos que, apesar de tudo, havia uma necessidade real para este momento. Nossos encontros pela paz são geralmente realizados em três dias, com painéis e mesas redondas, discussões e reuniões. Neste ano, porém, teremos apenas um momento durante tarde, e ao ar livre, na Praça do Campidoglio, precedido por um momento de oração ecumênica na Basílica em Ara Coeli. Mas acreditamos que seja também um momento muito importante para o qual o mundo inteiro pode olhar: ‘fraternidade e paz’ são duas palavras que podem ser dois pontos de referência para todos.
Um momento difícil na história, não só por causa da pandemia, mas também por causa das velhas e novas guerras que estão acontecendo e às quais o Papa Francisco frequentemente se refere...
Certamente. Há conflitos que se arrastam há muitos, basta pensar na guerra na Síria que já dura dez anos, mas também nos novos conflitos que se abriram recentemente, como aquele de Nagorno-Karabakh que preocupa toda a comunidade internacional. A pandemia não deve nos fazer esquecer essas guerras; pelo contrário, num contexto como o do coronavírus, as guerras assumem maior gravidade. Acredito que este dia deve enviar uma mensagem ao mundo inteiro para que estas guerras sejam interrompidas e se chegue o quanto antes a soluções através de processos de paz. Um desejo expresso várias vezes pelo Papa, inclusive na sua última Encíclica ‘Fratelli tutti’.
Como de tradição nos encontros de Assis, haverá a oração das diversas religiões em diferentes lugares e, além do mundo cristão, haverá representantes do islamismo, do judaísmo e do budismo...
Eu confirmo: os judeus irão rezar na Sinagoga e os outros, islâmicos e budistas, rezarão no Campidoglio, em algumas salas dos Museus Capitolinos. Todos eles de acordo com as suas próprias tradições, como é no Espírito de Assis, que temos repetido e prosseguido por muitos anos desde 1986. Em seguida, haverá o encontro com os cristãos - que rezarão na Basílica em Ara Coeli - imediatamente depois, bem na Praça do Campidoglio. Aqui o Papa vai encontrar os vários líderes religiosos. Entre eles, estará também o representante do islamismo, Mohamed Abdelsalam Abdellatif, que recentemente participou da apresentação da Encíclica ‘Fratelli tutti’, representando o reitor de al-Azhar; mas também estará o Patriarca Bartolomeu I, que também vai participar anteriormente da oração ecumênica. Haverá representantes da comunidade judaica, como o rabino-chefe da França, Haim Korsia; os budistas serão representados por Shoten Minegishi, budista Soto Zen que já participou das cinco edições dos encontros de Oração pela Paz. Estamos muito felizes que o Papa Francisco participe deste evento, assim como participou no dia 20 de setembro de 2016, no encontro pelos 30 anos de aniversário do primeiro encontro de Assis. O Papa vai falar em dois momentos: tanto na Ara Coeli, durante a meditação e a oração pela paz ecumênica, como na cerimônia final.
Na cerimônia final, vamos ouvir discursos que nos contarão o que as religiões têm a dizer ao mundo para convidar todos a olhar para o futuro, para a fase da pós-pandemia...
Sim, acreditamos que as religiões têm muito a dizer ao mundo neste momento. Os líderes das comunidades religiosas querem dizer a toda a humanidade que com a pandemia talvez uma era termine, mas outra começa novamente e, portanto, devemos nos abrir à esperança, ao futuro. O que falta neste momento - e pensemos em todas as consequências econômicas e sociais da pandemia - é justamente uma abertura para a esperança. Isso pode ser visto de forma mais dramática, obviamente, em alguns países que sofrem com a guerra, como a Síria, por exemplo. Um povo, aquele sírio, que continua a viver um momento dramático com 7 milhões de pessoas que deixaram a pátria e todas as vítimas que foram registradas nestes últimos anos. Mas pensemos também em todos os povos e famílias que se empobreceram com a emergência da Covid. Eu penso que as religiões têm muito a dizer sobre essas questões, e esperamos que deem a todos também a coragem para enfrentar o futuro. De fato, será um evento seguido em todo o mundo, porque mesmo que não possamos estar presentes em tantas pessoas nas praças, por razões de segurança sanitária, será transmitido em oito idiomas em streaming e também para todo o mundo.
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De Roma, a Oração pela Paz: o mundo precisa de palavras de esperança - Instituto Humanitas Unisinos - IHU