A construção de novos caminhos requer uma conversão profunda que se prolongue no tempo. O processo do Sínodo para a Amazônia nos levou à uma conversão amazônica, à nos “amazonizar”.
Temos conhecido a riqueza presente nesta terra chamada Amazônia, nos povos que nela habitam, expressão da vida que vem de Deus. Também ouvimos os clamores e entendemos que o grito da Terra e o grito dos pobres são os mesmos.
Aproveitando o tempo quaresmal e seguindo uma ideia que nos levou a navegar pelo rio 40 dias em preparação para a assembleia sinodal, queremos fazer novamente a proposta de subir à canoa, de navegar juntos e descobrirmos como Deus, por meio de sua Palavra, nos ilumina, marcando o caminho a seguir. Fazemos isso coletando a reflexão nascida desse rico processo sinodal, que está conosco há mais de dois anos e que continua.
“Querida Amazônia” nos convida a sonhar com o Papa Francisco, com a Igreja, com os povos da Amazônia. O Documento Final do Sínodo Amazônico nos chamou à conversão. Neste sentido, estamos diante de um tempo em que podemos aproveitar para nos convertermos e aprendermos a sonhar “com uma Amazônia que lute pelos direitos dos mais pobres ..., que preserve a riqueza cultural que a caracteriza ..., que guarde zelosamente a sedutora beleza natural que a adorna…,
com comunidades cristãs capazes de se devotar e encarnar na Amazônia”(Querida Amazônia, 7).
Nossa oração e reflexão nos darão forças para juntos tornarmos realidade esses sonhos, para deixar que penetrem em nossos corações, para que se convertam em um sentimento eclesial no qual, cada vez mais, participem batizados e batizadas, mas também mais homens e mulheres de boa vontade, que sintam como seu o desafio de cuidar de nossa Casa Comum e dos povos que dela sempre cuidaram, os povos tradicionais.
É tempo de contemplação, de descobrir a presença de Deus que se faz presente em nossas vidas, também nessa Amazônia que contém tanta vida, tanta beleza. Devemos estar cientes de que "quando não se aprende a parar a fim de admirar e apreciar o belo, não é estranho que tudo se torne para ele um objeto de uso e abuso sem escrúpulos". Por outro lado, se entrarmos em comunhão com a selva, nossa voz se juntará facilmente à dela e se tornará uma oração: “‘Deitados à sombra dum velho eucalipto, a nossa oração de luz mergulha no canto da folhagem eterna’. Tal conversão interior é que nos permitirá chorar pela Amazônia e gritar com ela diante do Senhor” (Querida Amazônia, 56).
Pode ser que você já tenha sido passageiro desta canoa que nos leva pelas águas amazônicas. Mas se você não entrou nela, nós o/a convidamos a subir. A primeira coisa é se colocar na presença de Deus, que nos ajuda a sonhar com uma Igreja sinodal, a trazer de volta aos povos da Amazônia tudo o que foi coletado em um longo tempo de escuta, discernido à luz da Palavra de Deus, que a cada dia vamos acompanhar com a liturgia da Igreja.
Uma pequena reflexão nos ajudará a entender algum aspecto que nos permita descobrir que essa Palavra encontra eco na realidade amazônica, também expressa em imagens, nas quais descobrimos a vida que vem de Deus, mas também a morte que nasce da ganância humana. Por fim, meditaremos à luz do Magistério do Papa Francisco, que se comunica conosco por meio da “Querida Amazônia”, onde ele assume e endossa o Documento Final do Sínodo.
Anime-se, entre na canoa, vamos sonhar juntos, encontrar uma maneira de estar mais presentes na vida dos povos e com eles tornar realidade o sonho de Deus, um mundo melhor para todos e todas!