20 Agosto 2019
O avô segurava seu neto pela mão e apontava para as poderosas árvores na avenida. Ele contava que nada é mais bonito que uma árvore. "Olhe, olhe como as árvores trabalham!" "Mas o que fazem, vovô?" Eles mantêm a terra presa ao céu! E é uma coisa muito difícil".
Pierluigi tinha me passado uma folha com esse conto sobre as árvores depois da minha catequese sobre a família, comparada com uma árvore, em sua comunidade de Bomoanga, no Níger. Ambos amamos desde sempre os símbolos. E Gigi frequentemente usava símbolos em suas homilias e sessões de formação, tanto na Itália durante suas estadias, como no Níger. Em sua “basílica” dedicada ao Espírito tudo era simbólico. Da porta de entrada até as janelas para terminar com o celeiro e o altar, nada além de símbolos para descobrir e celebrar. Agora ele é a árvore.
A reportagem é de por Mauro Armanino, publicada por Avvenire, 17-08-2019. A tradução é de Luisa Rabolini.
Uma árvore que, como conta a história que me passou quase com pudor em agradecimento, mantém a terra presa ao céu. Nunca como agora, enraizado na areia da savana. Tem sido assim há anos, mas especialmente depois de seu absurdo sequestro. É uma árvore que faz de tudo para manter a terra, esta terra tola e dramática do Sahel, ligada ao céu.
Nós os chamamos ramos em cima e raízes embaixo. São a mesma coisa. As raízes abrem o caminho no solo e da mesma forma os ramos abrem um caminho no céu. Em ambos os casos, é um trabalho árduo!
Gigi sabe muito bem disso e o vive como nunca antes. Bem enraizado no solo arenoso de seu povo e com os remos, seus braços sempre abertos, ao encontro das esperanças e sofrimentos dos pobres. Ele sabe que muito depende dele e de outros que, como ele, têm raízes e ramos sólidos para manter unidas as partes desse mundo fragmentado. O "céu" geralmente é esquecido ou é usado apenas quando serve de pano de fundo para paisagens "religiosas" ou como justificativa para a desigualdades. Em seu cativeiro, Gigi está fazendo exatamente isso, resistindo à tentação de desistir da luta e abaixar os braços. Ele não vai fazer isso porque não está sozinho.
"Mas vovô, é mais difícil penetrar no solo do que no céu!" “Oh não, meu garoto. Se assim fosse, os galhos seriam bem retinhos. Em vez disso, observe como são retorcidos e deformados pelo esforço. Procuram e lutam. Eles precisam fazer tentativas mais tormentosas do que as raízes”.
Na igreja do centro histórico genovês de Santa Maria di Castello há um Cristo na cruz, quase sentado entre dois ramos que se bifurcam. Existe o costume de colocar ali em volta folhas durante o período da Páscoa, como um sinal de vida, uma vida que nasce como um broto da cruz. Esta é a primeira árvore que continua a manter a terra e o céu unidos. Justamente o que Gigi está fazendo há onze meses de uma forma única e não é o único a praticá-lo. É um trabalho compartilhado por outros no Sahel e em outros lugares onde se estendem os braços e as mãos.
"Mas quem é que obriga a fazer todo esse esforço?" “É o vento. O vento gostaria de separar o céu da terra. Mas as árvores seguram firme. Por enquanto elas estão vencendo."
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Como uma árvore na savana. Onze meses de cativeiro do Padre Maccalli - Instituto Humanitas Unisinos - IHU