02 Agosto 2019
“Imagino que tenham ocorrido (sinais dos abusos), porém eu te digo, tenho que ser muito sincero... até o funeral, eu fiquei com a imagem de um jesuíta exemplar”, destacou o padre Felipe Berríos, na manhã de 1º de agosto.
A reportagem é de Daniela Silva, publicada por La Tercera, 01-08-2019. A tradução é de Wagner Fernandes de Azevedo.
O religioso se referiu na Radio La Clave à situação da congregação, depois de que no último 30 de julho foram conhecidos os resultados da investigação contra o padre Renato Poblete. O informe apontou que existem denúncias de 22 mulheres, quatro delas menores de idade, e que os abusos teriam sido cometidos durante 48 anos, entre 1960 e 2008.
Apesar disso, sublinha que nunca viveu, nem trabalhou diretamente com Poblete, mas o viu como uma pessoa muito próxima.
“O choque de descobrir essa outra pessoa... é uma coisa que nos demole, cria uma desilusão, uma desconfiança que esperamos superar”, adiciona.
Sobre a quantidade de pessoas abusadas e a extensão de anos em que se cometeram os abusos, o padre indica que a “suspeita sempre vai ficar”, de que se poderia ter visto algo, no entanto, destaca, sempre viu Poblete rodeado de pessoas, de leigos, “pessoas perspicazes, inteligentes” que nunca notaram nada.
Sobre o apelido de chamar Renato Poblete de "Polvete", Berríos declara que partiu dele. “Foi uma estupidez minha, foi uma reunião tola da província”, explica ele.
Como indicado, eles estavam em uma reunião com os jesuítas que não se viam durante o ano e havia cinco pessoas chamadas Poblete no local. Uma nova versão do Windows havia sido lançada, acrescenta, e mudou o sobrenome "Poblete" para "Pobrete" ou "Polvete". "E eu, brincando, disse a eles como você quer que digamos?"
No entanto, ressalta, não tem nada a ver com casos de abuso, uma vez que nunca soube ou suspeitou de abuso por parte de Renato Poblete até as alegações e o relatório subsequente.
“A imagem que tive de Renato é que ele era um homem conservador, muitas vezes que eu fazia declarações, ele me corrigiu, até meio piedoso, ele me dizia que tinha que falar mais sobre Jesus, nunca o vi exaltado, às vezes ele ficava bravo, mas nunca vi assim exaltado... era muito simples, muito piedoso nas missas.”
É por isso, diz Berríos, que é difícil para ele conceber este Renato Poblete que cometia abusos. "É difícil para nós entendermos esse piedoso Renato, que falava do padre Hurtado, dos jovens, e que por outro lado, tratava as mulheres violentamente e fazia abortos... não tenho explicação", acrescenta. "É por isso que tem se falado de dupla personalidade... mas não sei explicar como psiquiatra... ele era uma pessoa muito inteligente, porque ele vivia com pessoas muito perspicazes, era uma pessoa que sempre participava, não era alguém que foi marginalizado".
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Chile. Felipe Berríos sobre o caso de Renato Poblete: “Há um erro, nós como congregação temos uma responsabilidade que precisamos corrigir” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU