18 Julho 2019
A Áustria se torna o primeiro país da União Europeia (UE) a proibir completamente o glifosato, originalmente desenvolvido pela Monsanto e comercializado sob o nome de Roundup. É possível que a proibição entre em choque com a legislação da UE.
A reportagem é de Graciela Vizcay Gomez, publicada por Alai, 05-07-2019. A tradução é do Cepat.
Os legisladores da câmara baixa do parlamento austríaco votaram em favor de proibir todos os usos do polêmico herbicida glifosato, na terça-feira passada, já que a substância enfrenta uma grande quantidade de processos nos Estados Unidos, por causa da possibilidade de câncer.
"A evidência científica do efeito carcinogênico do veneno da planta está aumentando", disse a principal social-democrata da Assembleia, Pamela Rendi-Wagner, em um comunicado.
"É nossa responsabilidade banir esse veneno do meio ambiente", acrescentou.
A isto devemos acrescentar as declarações da chanceler alemã, Angela Merkel, na Câmara Baixa daquele país, no final de junho: "O uso do glifosato terminará eventualmente".
O glifosato foi desenvolvido originalmente pela gigante química Monsanto, uma empresa estadunidense que se tornou subsidiária da Bayer, na Alemanha, no ano passado. O herbicida apareceu pela primeira vez no mercado com o nome de Roundup, em 1974. Desde então, sua patente expirou e várias empresas estão produzindo herbicidas à base de glifosato sob diferentes nomes.
Muitos especialistas advertem que a substância tem efeitos negativos para a saúde humana. Em 2015, a agência de pesquisa sobre o câncer da Organização Mundial da Saúde (OMS) descobriu que o glifosato era "provavelmente carcinogênico". O meta-estudo publicado este ano, no ScienceDirect, afirmou um "vínculo convincente" entre a exposição ao glifosato e o padecimento de um Linfoma não-Hodgkin, um câncer que se desenvolve a partir de um tipo de células sanguíneas.
Mais de 13.000 pessoas se encontram atualmente em processo de reclamar por danos e prejuízos a Bayer, nos Estados Unidos. A companhia foi condenada a pagar pesadas indenizações em três casos perante os tribunais da Califórnia, nos últimos meses, incluindo mais de 2 bilhões de dólares a um casal que afirmava que a exposição ao produto químico lhes provocou um Linfoma não-Hodgkin. Os veredictos não são definitivos e a Bayer está recorrendo de todos.
"A decisão do Conselho Nacional da Áustria contradiz os extensos resultados científicos sobre o glifosato", disse a Bayer, em um comunicado, na terça-feira. O glifosato é um composto químico do grupo dos fosfonatos.
Para Wolfgang Zinggl (AHORA), está claro que existe uma conexão entre doenças e o glifosato. Com a proibição do glifosato, a sociedade civil, que se preocupa com a saúde e o meio ambiente, está se afirmado contra corporações que obtêm o dobro de lucro da venda de glifosato e de plantas resistentes.
Para Maximilian Unterrainer (SPÖ), a agricultura sem o uso de glifosato para fortalecer a produção orgânica é conclusiva na medida em que a Áustria anuncia alimentos orgânicos.
Como o vento pode transportar o glifosato para a terra orgânica, também acredita que existe o risco de que os agricultores orgânicos percam sua certificação. Markus Vogl (SPÖ) está convencido de que a proibição do glifosato aumentará ainda mais a qualidade dos produtos locais e fornecerá aos consumidores a garantia de que os produtos regionais também são saudáveis.
Erwin Preiner (SPÖ) disse que a agricultura orgânica deve ser mais desenvolvida, já que a saúde é o maior bem que deve ser protegido para as gerações futuras. Sua companheira Cornelia Ecker (SPÖ) enfatizou que os agricultores orgânicos são um bom exemplo de como pesticidas alternativos podem ser usados.
Atualmente, a Áustria é administrada por um governo provisório, formado depois que o chanceler Sebastian Kurz, líder do Partido Popular Austríaco conservador (ÖVP), foi expulso em maio, após uma ruptura com o Partido da Liberdade (FPÖ). Uma nova eleição é esperada para setembro.
Enquanto isso, na Argentina, festejam ser colonizados pela União Europeia e os Estados Unidos, "dados ao mundo" pelo macrismo. Desde já, nem a França e nem a Áustria irão negociar com os produtos envenenados da Argentina.
Essa proibição aparentemente entraria em conflito com as regras da União Europeia, uma vez que, em 2017, o bloco autorizou o herbicida para uso durante os próximos cinco anos. A União Europeia se baseia na Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos e na Agência Europeia de Substâncias Químicas, que não classificaram o glifosato como cancerígeno. No entanto, relatórios no início deste ano indicaram que alguns reguladores europeus estavam copiando e colando estudos realizados pela própria Monsanto.
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Tchau Glifosato. Áustria é o primeiro país da União Europeia a proibi-lo - Instituto Humanitas Unisinos - IHU