28 Março 2019
"O mundo passa por uma mudança geoeconômica global sem precedentes, com o centro da economia internacional caminhando para a região do sol nascente", escreve José Eustáquio Diniz Alves, doutor em demografia e professor titular do mestrado e doutorado em População, Território e Estatísticas Públicas da Escola Nacional de Ciências Estatísticas – ENCE/IBGE, em artigo publicado por EcoDebate, 27-03-2019.
Os países desenvolvidos (ou economias avançadas na terminologia do FMI) representavam quase dois terços da economia global, enquanto os países em desenvolvimento ficavam com pouco mais de um terço do PIB global, no passado recente.
As economias avançadas (representadas por 39 países: Alemanha, Austrália, Áustria, Bélgica, Canada, Coreia do Sul, Chipre, República Checa, Dinamarca, Eslováquia, Eslovênia, Espanha, Estônia, EUA, Finlândia, França, Grécia, Holanda, Hong Kong, Irlanda, Islândia, Israel, Itália, Letônia, Lituânia, Luxemburgo, Japão, Macau, Malta, Nova Zelândia, Noruega, Porto Rico, Portugal, Romênia, Reino Unido, Singapura, Suécia, Suíça e Taiwan) respondiam por 63,3% do PIB global e o resto do mundo (as economias em desenvolvimento) representavam 33,7% do PIB global, em 1980.
O subconjunto das economias avançadas – o G7 (EUA, Japão, Alemanha, França, Reino Unido, Itália e Canadá) respondia por 50,1% do PIB global em 1980, enquanto a Ásia emergente ou em desenvolvimento (30 países: Bangladesh, Butão, Brunei, Camboja, China, Fiji, Índia, Indonésia, Kiribati, Laos, Malásia, Maldivas, Ilhas Marshall, Micronésia, Mongólia, Mianmar, Nauru, Nepal, Palau, Papua-Nova Guiné, Filipinas, Samoa, Ilhas Salomão, Sri Lanka, Tailândia, Timor-Leste, Tonga, Tuvalu, Vanuatu e Vietnã) respondia somente por 8,9% do PIB global no mesmo ano.
Mas a configuração internacional mudou rapidamente nas décadas seguintes. Em 2001, as economias em desenvolvimento, com 43,5% do PIB mundial, ultrapassaram o peso do G7 que tinha 43,4%. Em 2008, as economias em desenvolvimento alcançaram 51,2% do PIB mundial, ultrapassando os 48,8% das economias avançadas. Em 2016, as economias da Ásia emergente atingiram 31,5% do PIB global e ultrapassaram o G7 que tinha 31%. Segundo as estimativas do FMI, em 2023, as economias da Ásia emergente representarão 37,7% do PIB global e ultrapassarão as economias avançadas com 37% do PIB global. O peso da Ásia será indiscutível, pois o Japão e os Tigres Asiáticos (Coreia do Sul, Taiwan, Hong Kong e Singapura) fazem parte dos países desenvolvidos e não da Ásia emergente.
O gráfico abaixo mostra que entre todas as economias em desenvolvimento ou emergentes do mundo, as que ganham participação no PIB global são exatamente aquelas da Ásia emergente, que em 1980 respondia por 8,9% da economia internacional e deve alcançar 35% em 2020. Todas as demais regiões tiveram declínio. Nas 4 décadas entre 1980 e 2020, a América Latina e Caribe (ALC) passou de 12,1% para 7,4% do PIB global. O Oriente Médio e o Norte da África (MENA), mais o Afeganistão e o Paquistão passaram de 9,1% para 7,5% no mesmo período. Os países emergentes da Europa respondiam por 4,1% do PIB global em 1980 e devem ficar com 3,6% em 2020. Os países da Comunidade dos Estados Independentes (Repúblicas da ex-URSS) respondiam por 7% do PIB global em 1992 e devem ficar com 4,3% em 2020. A África Subsaariana deve crescer levemente a participação, passando de 2,4% em 1980 para 3% em 2020.
Todos estes dados mostram que os países em desenvolvimento estão respondendo por uma porção cada vez maior do bolo da produção mundial de bens e serviços, já ultrapassaram os países desenvolvidos desde 2008 e caminham para abocanhar dois terços do PIB global na próxima década. Mas o destaque dos países em desenvolvimento são os países que compõem a Ásia emergente, particularmente a China, a Índia e a Indonésia.
O Leste cresce muito mais rápido do que o Oeste. É por isto que se diz que o século XXI será o século da Ásia. O mundo passa por uma mudança geoeconômica global sem precedentes, com o centro da economia internacional caminhando para a região do sol nascente.
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Os países em desenvolvimento são o motor da economia internacional - Instituto Humanitas Unisinos - IHU