20 Setembro 2018
O documentário Agrofloresta é mais foi lançado, na última quinta-feira (13/9), em Curitiba (Paraná). Dirigido por Beto Novaes, professor e pesquisador do Projeto Educação através das Imagens, da UFRJ, o filme é uma co-produção da VideoSaúde Distribuidora do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict/Fiocruz), das Universidades Federais do Rio de Janeiro e do Paraná, do Ministério Público do Trabalho do Paraná e da Associação Paranaense das Vítimas Expostas ao Amianto e aos Agrotóxicos (Apreaa).
A reportagem é de Graça Portela e Wagner Oliveira, publicada por EcoDebate, 19-09-2018.
A produção mostra como uma área degradada pela produção extensiva de búfalos – a Fazenda São Miguel, em Antonina (PR) – na região da Mata Atlântica paranaense, foi transformada por meio de iniciativas de recuperação do meio ambiente pela produção agroflorestal, com produção de alimentos e preservação da biodiversidade.
Os protagonistas dessa transformação foram as 24 famílias de agricultores do Acampamento José Lutzenberger – Movimento dos Sem Terra (MST), numa área conquistada em 2004 – a Fazenda São Miguel, na cidade de Antonina, a quatro quilômetros do Pico Paraná, o ponto mais alto do estado. Em outubro de 2017, o Acampamento recebeu o Prêmio de Conservação e Ampliação da Agrobiodiversidade, pelo Instituto Sociambiental (ISA) justamente por essa iniciativa.
Apesar das ameaças e das dificuldades, a decisão do grupo de agricultores pela agroecologia veio a partir do momento em que se deram conta de que precisavam “sobreviver e produzir”, numa Área de Proteção Ambiental (APA), e que requeria cuidados e um novo aprendizado em como lidar com a terra. Além disso, Agrofloresta é mais mostra, também, o orgulho dos trabalhadores pelo aprendizado que tiveram e pelo que estão desenvolvendo – uma agricultura saudável, que leva em consideração a saúde e o meio ambiente, afinal “a gente é o que a gente come”, como afirmou de forma simples e direta, a agricultora Valdineia Claudino, que trocou a cidade grande pelo campo.
No dicionário, agroecologia significa agricultura sustentável que agrega conhecimento científico e conhecimento tradicional. Sem fertilizantes industriais e agrotóxicos. Já a agrofloresta é classificada como cultura agrícola com emprego de espécies para restaurar florestas e áreas degradadas.
No acampamento José Lutzenberger, Mata Atlântica, Estado do Paraná, os termos do dicionário ganham vida por meio de histórias pessoais e de famílias inteiras. E também por evidências de que um outro modelo de produção de alimentos e preservação da biodiversidade é possível. Célia cultiva hortaliças, diz que seu psicólogo é a mata e relembra os dias num bairro marcado pelas drogas. Valdineia conta como ela e os filhos nunca mais tomaram remédios. Luzinete recorda as lutas contra jagunços e fazendeiros. Hoelington fez curso técnico e compartilha o que aprendeu com a comunidade. Jonas, memória viva da comunidade, fala da satisfação de recuperar um olho d’água e a mata ciliar de um rio.
Assista ao documentário aqui:
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Fiocruz lança documentário ‘Agrofloresta é mais’ - Instituto Humanitas Unisinos - IHU