19 Março 2018
O tribunal do Vaticano considerou o arcebispo de Guam, Anthony Apuron, acusado de abusar sexualmente de rapazes décadas atrás "culpado de algumas das acusações", impondo uma pena de destituição do cargo e proibição de residir no território da ilha estadunidense.
A reportagem é de Joshua J. McElwee, publicada por National Catholic Reporter, 16-03-2018. A tradução é de Luísa Flores Somavilla.
Um tribunal apostólico composto por cinco juízes da Congregação para a Doutrina da Fé anunciou seu veredicto no caso canônico de Apuron com um breve comunicado à imprensa publicado em 16 de março. O comunicado não especificava exatamente de que atos o arcebispo tinha sido considerado culpado.
"O julgamento canônico de acusação, bem como acusações de abuso sexual de menores... foi concluído", afirma o comunicado. "O tribunal apostólico... emitiu a sentença em primeira instância, considerando o réu culpado de algumas das acusações e impondo as penas de destituição de cargo e proibição de residência na arquidiocese de Guam”.
Apuron, que nasceu na ilha e era líder de sua única diocese desde 1986, foi suspenso pelo Papa Francisco em junho de 2016 após uma série de acusações de abusos a rapazes nos anos 60 e 70 virem a público.
Francisco nomeou um administrador apostólico para gerir a arquidiocese durante vários meses e depois nomeou um arcebispo coadjutor, Michael Byrnes, ex-bispo auxiliar de Detroit.
Como coadjutor, Byrnes automaticamente seria arcebispo da arquidiocese, com a remoção de Apuron do cargo. Mas a declaração da congregação doutrinal deixou claro que Apuron ainda tem o direito de recorrer da sentença e que durante o recurso as penas contra o arcebispo estão suspensas.
Mais tarde, em um comunicado de seu advogado, em 16 de março, Apuron disse que já havia recorrido da decisão. "Sou inocente e estou ansioso para provar a minha inocência em recurso", disse o arcebispo.
O cardeal estadunidense Raymond Burke, notável advogado canônico, foi o juiz que presidiu o julgamento do Vaticano.
Apuron, de 72 anos, foi acusado de ter mantido contato físico inapropriado com pelo menos cinco meninos. As acusações surgiram em maio de 2016, quando um dos meninos, que agora tem 50 anos, veio a público, incentivando outros a fazerem o mesmo.
Apuron negou as acusações, e as autoridades civis de Guam não o acusaram de ter cometido nenhum crime. No entanto, ele é alvo de múltiplas ações cíveis.
O arcebispo de Guam foi visto em Roma, em fevereiro, em uma cadeira de rodas, numa quarta-feira, durante uma audiência com Francisco. Na época, várias agências noticiaram que Apuron havia cumprimentado o Papa e dito: "Santo Padre, eu gostaria de vê-lo antes de morrer."
O anúncio do veredicto do caso era aguardado há meses. Byrnes, arcebispo coadjutor, anunciou, em outubro de 2017, que os juízes haviam chegado a uma decisão.
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Vaticano condena bispo de Guam acusado de abuso sexual a destituição do cargo e exílio - Instituto Humanitas Unisinos - IHU