26 Fevereiro 2018
É um anúncio que muitos estavam esperando. Neste domingo, o Partido Comunista Chinês propôs remover uma cláusula da constituição que limita as presidências a dois mandatos de cinco anos.
Isso permitiria que o presidente Xi Jinping permanecesse no cargo. No sistema atual, ele deveria deixar a presidência em 2023.
A reportagem é de Celia Hatton, publicada por BBC Brasil, 25-02-2018.
Mas, nos últimos meses, especula-se que Xi tenha a intenção de se manter no poder.
Por décadas, o Partido Comunista domina a vida na China. Agora, no entanto, Xi Jinping conseguiu brilhar mais do que o partido que o levou ao topo.
Sua foto aparece em outdoors em todo o país e seu apelido autorizado, "Papa Xi", aparece em canções oficiais.
O congresso do partido em 2016 sedimentou seu status de líder mais poderoso desde Mao Tsé-tung.
A ideologia do seu governo foi consagrada na constituição do partido e, em uma quebra da convenção, nenhum sucessor direto dele foi apresentado.
No passado, o partido permanecia firmemente no controle do país, e o presidente ficava no comando por um período de tempo limitado.
Depois de uma década, um líder obedientemente passava o poder para outro.
A norma que limita as presidências a 10 anos foi criada nos anos 1990, quando o líder veterano Deng Xiaoping tentou evitar o caos que marcou o final da era de Mao.
Mas desde que Xi chegou ao poder em 2013, ele demonstra disposição para escrever as próprias regras.
Ele deu início a uma campanha anticorrupção que disciplinou mais de um milhão de membros do partido por suborno - geralmente por aceitar propina ou gasto inapropriado de dinheiro do governo.
A mesma campanha convenientemente eliminou muitos de seus rivais políticos.
Xi também mostrou uma visão política clara, promovendo enormes projetos de infraestrutura e anunciando planos para que a China acabe com a pobreza até 2020.
A China também vive uma ressurgência no nacionalismo e a atual administração tem promovido uma abordagem mais dura aos direitos humanos.
"O Comitê Central do Partido Comunista da China propôs remover a expressão de que o Presidente e o Vice-presidente da República Popular da China não devem servir mais do que dois termos consecutivos da Constituição do país", afirmou a agência estatal chinesa Xinhua neste domingo.
O anúncio ter sido cuidadosamente programado para o período após as celebrações do Ano Novo Chinês, com muitas pessoas retornando ao trabalho nesta segunda-feira.
A China também ficou no centro das atenções na cerimônia de fechamento da Olimpíada de Inverno da Coreia do Sul, que preparou o terreno para os Jogos de Pequim em 2022.
Agora, as principais autoridades do Comitê Central do partido devem se encontrar na segunda-feira na capital para discutir os próximos passos.
A proposta precisa ser aprovada pelo parlamento chinês, o Congresso Nacional Popular, que se reúne no dia 5 de março - mas isso deve ser apenas uma formalidade.
Um editorial no jornal estatal Global Times diz que a mudança não significa necessariamente que "o presidente chinês terá uma longa permanência".
Mas a perspectiva de remover limitações ao poder de Xi alarmou alguns observadores. "Acho que ele será imperador por toda a vida", disse Willy Lam, professor de política da Universidade Chinesa de Hong Kong, à agência AFP.
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O que significa a decisão da China de acabar com limite de reeleição para presidente - Instituto Humanitas Unisinos - IHU