25 Novembro 2017
Hoje, é urgente “uma aliança de todo o mundo do trabalho por um modelo de desenvolvimento sustentável, alternativo ao modelo liberal atual”. A afirmação, no rastro da Laudato si’, é do padre Juan Carlos Scannone, o maior filósofo argentino vivo, ex-superior de Bergoglio quando estava em Buenos Aires, que abriu o segundo dia da Conferência Internacional das Organizações Sindicais, que ocorre no Vaticano por iniciativa do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral.
A reportagem é do Servizio Informazione Religiosa, 24-11-2017. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
O papel do sindicato, afirmou Scannone, citando o discurso do papa á CISL, é o de “proteger os direitos de quem não tem direitos, dos excluídos do trabalho”, conjugando o binômio profecia e inovação, e eliminando o “perigo de se tornar parecido demais com as instituições e os poderes que critica”.
“Integral, sustentável e solidário”: são os três adjetivos para um desenvolvimento humano “alternativo” ao modelo de desenvolvimento dominante, baseado no “paradigma tecnocrático, homogêneo e monocultural”, que, como denuncia o papa na Laudato si’, produz “um poder que faz com que certas inovações tecnológicas sejam confiadas àqueles que possuem os conhecimentos e, acima de tudo, o poder econômico, para utilizá-las”.
Scannone definiu essa atitude de “reducionismo que se reduz a absolutizar apenas um tipo de razão humana, a razão instrumental, que não tem nenhuma relação com os fins últimos, mas apenas com os meios mais eficientes para alcançar um objetivo imediato”.
Como denuncia o papa, “os objetos produzidos pela técnica não são neutros, mas orientam os estilos de vida e fazem os interesses de alguns grupos”, para os quais “o objetivo da maximização do lucro é suficiente”.
Para o papa, no entanto, “um novo modelo de desenvolvimento não deve ser apenas exigido eticamente, mas é realmente possível”. Daí a urgência de uma “resistência ao paradigma tecnocrático”, através da “atividade de Deus e da autenticidade humana”.
“Consentir com uma vida digna através do trabalho” é o objetivo principal: como disse o papa na videomensagem à Semana Social dos católicos italianos, “o robô deve ser um meio, não deve se tornar um ídolo da economia nas mãos dos poderosos. Deve estar a serviço da pessoa e das necessidades do homem: um instrumento do trabalho, e não o contrário”.
Nota de IHU On-Line: Juan Carlos Scannone estará participando do XVIII Simpósio Internacional IHU A virada profética de Francisco. Possibilidades e limites para o futuro da Igreja no mundo contemporâneo, a ser realizado nos dias 21 1 24 de maio de 2018. Na oportunidade proferirá a conferência De Jorge Mario Bergoglio a Francisco.
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Trabalho: ''É preciso uma alternativa ao paradigma tecnocrático'' - Instituto Humanitas Unisinos - IHU