28 Julho 2017
Uma economia enferma e sem gente. Esta é a grande conquista dos últimos governos da Colômbia graças às decisões econômicas que foram tomadas. Santos, Uribe, Pastrana e uma longa fila de presidentes que fizeram sempre o mesmo contra a vida dos cidadãos. A política econômica foi tão injusta como ineficaz. A desindustrialização do país é um fato irrefutável: o peso da atividade industrial retrocedeu de 25 para 12% do PIB, entre 1970 e 2016. Isto devido, fundamentalmente, a duas grandes razões:
A reportagem é de Alfredo Serrano Mancilla, publicada por Página/12, 27-07-2017. A tradução é do Cepat.
1) A abertura comercial pela via dos Tratados de Livre Comércio com os Estados Unidos e a União Europeia foi determinante para criar uma economia reprimarizada e dependente da importação. Dois dados falam por si sós: um, 8 em cada 10 dólares gastos para importação são destinados à compra de bens manufaturados; dois, 8 em cada 10 dólares exportados são matérias-primas (principalmente combustíveis e minério).
2) A economia se financeirizou de tal maneira que a economia real ficou subordinada ao mundo das finanças. O banco, em detrimento da indústria, ganhou peso nos últimos anos e seus ativos chegaram a representar 48% do PIB, na atualidade, quando a porcentagem era de 23%, em 1990. Não só ganhou muito peso, como também fez isto de forma muito concentrada: 80% dos recursos do sistema financeiro estão nas mãos de cinco bancos.
A economia colombiana está em fase terminal. Diminuiu fortemente sua taxa de crescimento. Verifica-se uma queda da produtividade, em parte também explicada por seu baixo investimento em Pesquisa e Desenvolvimento. Na porcentagem do PIB, o gasto em I+D (Pesquisa e Desenvolvimento) colombiano fica quatro vezes abaixo da média da região. A participação da agricultura no PIB também se reduziu: de 8,1 para 6%, entre 2002 e 2016. E esta economia ineficaz se sustentou em um importante ritmo de endividamento. Só nos últimos quatro anos, a dívida externa passou de 78 para 119 bilhões de dólares (de 21 para 42% do PIB). Este peso morto sobre a economia pode ser observado claramente no orçamento público: 15 em cada 100 pesos são destinados para pagar a dívida. Nascer na Colômbia é, infelizmente, uma grande desvantagem para qualquer criança, jovem, mulher, trabalhador, adulto-idoso. Só alguns poucos saem ganhando. O 1% mais rico da Colômbia concentra 20,5% dos ingressos totais do país. Ao restante, isto é, às pessoas a pé, cabe sofrer. Em 2016, a pobreza monetária atingiu 28% da população, ou seja, 13 milhões de pessoas.
Vejamos, grupo a grupo, qual é a situação econômica da população colombiana.
- Crianças: 1 em cada 3 vivem em condições de pobreza multidimensional; a metade das crianças até os dois anos sofrem aglomeração crítica; 8 em cada 10 crianças entre 3-5 anos não conseguem ter acesso à educação inicial gratuita.
- Jovens: 30% dos jovens consegue se matricular na educação superior e grande parte acaba a abandonando. O desemprego juvenil chega a 17,65. Há mais de 1 milhão de jovens sem trabalho e outros 5 milhões inativos.
- Mulheres: o salário médio das mulheres é 28% menor que o dos homens. São 25% as mulheres jovens que estão desempregadas.
- Trabalhadores: o salário mínimo é o terceiro mais baixo da região. Recebem menos que um salário mínimo 55% dos trabalhadores. O desemprego chega a 12% da população ativa. A metade dos trabalhadores estão na informalidade.
- Adultos-idosos: A Colômbia registra uma das mais altas taxas de pobreza, na terceira idade, da América Latina. Menos de 40% da população de idosos recebem uma aposentadoria. Nas zonas rurais, somente 10% da população a tem assegurada.
A Colômbia não pode reivindicar bem-estar microeconômico, nem estabilidade macroeconômica. É um modelo falido em matéria econômica. Todas as políticas econômicas fracassaram. O aumento do IVA para 19% contraiu o consumo e minou o poder aquisitivo das pessoas. A demanda segue em baixa: nos cinco primeiros meses do ano, as vendas no varejo diminuíram 1,4%. O preço da gasolina é abusivo em um país petroleiro. A política de moradia é inexistente: o déficit de moradia na Colômbia é de 24,7%, 3,5 milhões de moradias; o PIB na construção desabou, foi negativo (valor interanual de - 8,4%, a abril de 2017).
Melhor não continuar com mais dados. Já são suficientes para demonstrar que a economia colombiana além de ser injusta, não funciona. O melhor é começar a buscar alternativas o mais rápido possível em outras propostas econômicas distantes do passado e das elites. A solução econômica está nas pessoas, e não fora.
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Colômbia, uma economia em apuros - Instituto Humanitas Unisinos - IHU