02 Mai 2017
Quando a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) afirmava, às vésperas do 1º de Maio, sua solidariedade com os trabalhadores e os 14 milhões de desempregados, o Brasil conheceu, na sexta-feira, 28 de abril de 2017, uma greve geral histórica que paralisou as maiores cidades com dezenas de milhões de pessoas nas ruas.
A reportagem é de Jean-Claude Gerez, publicada pela agência Catholique Suisse, 30-04-2017. A tradução é de André Langer.
Esta greve geral contra a reforma anti-social da Previdência e da flexibilização do trabalho proposto pelo governo de Michel Temer foi convocada por cerca de 100 bispos. Segundo o sítio Outras Palavras, 93 bispos convocaram, através de comunicados e vídeos, para participar desta greve geral.
Os canais de TV brasileiros passaram continuamente durante todo o dia 28 de abril imagens de manifestações nas grandes cidades do país e bloqueios nas principais estradas. De acordo com diferentes fontes, dezenas de milhões de pessoas manifestaram-se contra a política de austeridade proposta pelo governo de Michel Temer, que assumiu a presidência após a polêmica destituição de Dilma Rousseff, no dia 31 de outubro de 2016.
Em uma entrevista coletiva concedida no dia 23 de março, dom Sergio da Rocha, presidente da CNBB já tinha convocado “as pessoas de boa vontade a se mobilizarem para buscar o melhor para o povo brasileiro, em particular os mais pobres”, estimando que o projeto de reforma do sistema da Previdência escolheu “o caminho da exclusão social”.
No dia 27 de abril, véspera da greve geral, a CNBB reiterou seu apelo para organizar mobilizações pacíficas em todo o país. A presidência da Conferência Episcopal estimou, em um comunicado, que é “inaceitável que decisões de tamanha incidência na vida das pessoas e que retiram direitos já conquistados, sejam aprovadas no Congresso Nacional, sem um amplo diálogo com a sociedade”.
A CNBB também aproveitou a proximidade do 1º de Maio para afirmar que o trabalho é fundamental para a dignidade da pessoa e constitui uma dimensão da existência humana sobre a terra. “Pelo trabalho, a pessoa participa da obra da criação, contribui para a construção de uma sociedade justa, tornando-se, assim, semelhante a Deus que trabalha sempre. O trabalhador não é mercadoria, por isso, não pode ser coisificado. Ele é sujeito e tem direito à justa remuneração, que não se mede apenas pelo custo da força de trabalho, mas também pelo direito à qualidade de vida digna”.
Além disso, entidades ligadas à CNBB também lançaram apelos para a mobilização. É o caso da Comissão Pastoral da Terra (CPT), do Conselho Indigenista Missionário (CIMI), da Pastoral Carcerária, da Pastoral da Saúde e da Cáritas Brasileira.
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Brasil. Aproximadamente 100 bispos pediram adesão à greve geral - Instituto Humanitas Unisinos - IHU