24 Fevereiro 2017
“Negligência criminosa”. A Igreja australiana confessou, ontem, seus pecados na gestão da pedofilia clerical no país. Após o arrepiante depoimento de dom Long, um bispo que sofreu abusos por parte de um sacerdote em sua chegada ao país, ontem, foi a vez dos arcebispos na Real Comissão criada pelo Governo.
A reportagem é publicada por Religión Digital, 23-02-2017. A tradução é do Cepat.
Uma Comissão que tornou pública cerca de 4.500 denúncias por supostos abusos cometidos por 1.880 sacerdotes e religiosos, entre 1980 e 2015, razão pela qual a Justiça australiana também pediu o comparecimento do “superministro da Economia” vaticano, o cardeal Pell.
“Foi um tipo de negligência criminosa a gestão de alguns dos problemas que estavam diante de nós”, admitiu o arcebispo de Sydney, Anthony Fischer, ressaltando que “em outros casos, pessoas atuaram como coelhos frente aos faróis, ou seja, não tinham ideia sobre o que fazer e suas atuações foram desastrosas”.
“A resposta (da Igreja) foi totalmente inadequada, simplesmente totalmente inadequada”, acrescentou o arcebispo de Melbourne, Denis Hart. Por sua parte, o prelado de Perth, Timothy Costelloe, admitiu o “fracasso catastrófico” por parte dos líderes da Igreja, ao passo que o de Brisbane, Mark Coleridge, a considerou como “um fracasso colossal da cultura (religiosa)”.
Os arcebispos destacaram que se desculparam pelos abusos sexuais contra menores cometidos no seio da instituição, um gesto que a advogada conselheira da comissão, Gail Furness, qualificou como “necessário, mas não suficiente”, segundo ABC.
O arcebispo de Adelaide, Philip Wilson, admitiu que a resposta às denúncias deve melhorar especialmente no contato com as vítimas, no cumprimento de obrigações legais, na gestão com os agressores, na investigação de candidatos ao clero e na proteção do bem-estar dos menores.
À audiência compareceu Eileen Piper, de 92 anos, cuja filha, Stephanie, suicidou-se em 1994, após sofrer durante anos os abusos sexuais de um sacerdote, para reivindicar ao arcebispo de Melbourne uma desculpa em nome da Igreja.
A mulher denunciou à Polícia que foi estuprada por um sacerdote de um clube católico para jovens, mas as responsabilidades foram desestimuladas após seu suicídio, embora posteriormente o religioso tenha sido condenado por abusar de outros dois adolescentes.
A comissão foi estabelecida em 2012 para investigar a resposta das autoridades aos casos de abusos sexuais contra menores cometidos em instituições públicas, sociais, esportivas e religiosas.
No ano passado, um comitê apresentou 99 recomendações às autoridades sobre como atender as vítimas, além de um plano de compensações de 4 bilhões de dólares australianos financiados pelos centros onde se cometeram os abusos.
Em novembro, o Governo da Austrália anunciou que indenizará cada uma das vítimas de abusos sexuais cometidos no seio de instituições públicas e religiosas do país com até 150.000 dólares locais.
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Igreja australiana admite sua “negligência criminosa” nos escândalos de abusos contra menores - Instituto Humanitas Unisinos - IHU