18 Fevereiro 2017
Para cientistas, as mudanças climáticas não são mais uma ameaça futura, mas uma ameaça para o presente.
Quase metade dos mamíferos ameaçados de extinção e um quarto das aves já estão sendo afetados pelas mudanças climáticas – um número muito maior do que se pensava anteriormente, descobriram pesquisadores.
A reportagem foi publicada por G1, 17-02-2017.
Os primatas e elefantes em risco de extinção estão entre os grupos mais afetados pelo aquecimento global, em parte porque se reproduzem lentamente e, portanto, levam mais tempo para se adaptar às rápidas mudanças ambientais, segundo um estudo publicado nesta semana na revista científica “Nature Climate Change”.
Enquanto a maioria dos estudos procuram prever o impacto futuro do aquecimento global na sobrevivência dos animais, a nova análise descobriu que, para “grandes quantidades” de espécies ameaçadas, o dano já estava sendo feito.
Os dados sugerem que “o impacto das mudanças climáticas em mamíferos e aves no passado recente é atualmente muito subestimado”, disse o estudo.
De acordo com o coautor James Watson, da Wildlife Conservation Society, “algo significativo precisa acontecer agora para parar o processo de extinção das espécies”. “As mudanças climáticas não são mais uma ameaça futura”, acrescentou.
Os pesquisadores reuniram dados de 136 estudos anteriores que analisaram 120 espécies de mamíferos e 569 de aves. Eles compararam as mudanças no clima documentadas com o crescimento ou declínio no tamanho das populações, as extensões geográficas, a massa corporal e as taxas de reprodução e de sobrevivência.
A equipe então extrapolou os dados para todos os mamíferos terrestres e aves listados como ameaçados pela União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN).
Das 873 espécies de mamíferos listadas, 414 (47%) provavelmente “responderam negativamente” às mudanças climáticas, assim como 298 (pouco mais de 23%) das 1.272 espécies de aves, descobriram os pesquisadores.
As mudanças climáticas podem afetar os animais ao limitar os alimentos e a água, espalhar doenças e diminuir os habitats.
Apenas 7% dos mamíferos e 4% das aves identificados pelo estudo eram reconhecidos pela IUCN como ameaçados por “mudanças climáticas e condições climáticas severas”, disseram os autores.
“Recomendamos que os esforços de pesquisa e conservação deem mais atenção ao ‘aqui e agora’ dos impactos das mudanças climáticas na vida na Terra”, escreveram.
“Gestores de conservação, planejadores e criadores de políticas devem levar isso em conta nos esforços para salvaguardar o futuro da biodiversidade”, acrescenta o estudo.
A equipe descobriu que os marsupiais estavam entre os mamíferos mais afetados, junto com os elefantes e os macacos.
Muitos haviam evoluído em áreas tropicais estáveis que agora estão se tornando mais voláteis devido às mudanças climáticas.
Muitas das espécies de aves mais atingidas viviam em ambientes aquáticos, que são considerados entre os mais vulneráveis ao aumento da temperatura, acrescentaram os pesquisadores.
Ao mesmo tempo, os roedores que podem cavar e evitar condições climáticas extremas serão menos vulneráveis que outros mamíferos às mudanças climáticas, disse a equipe.
Em dezembro de 2015, 195 nações adotaram o Acordo de Paris para limitar o aquecimento global médio “bem abaixo” de dois graus Celsius, em relação aos níveis anteriores à Revolução Industrial.
Este objetivo seria alcançado através da contenção dos gases de efeito estufa liberados pela queima de carvão, petróleo e gás.
Mas os cientistas alertam que o aumento de 2ºC já é muito alto, e que o planeta está a caminho de aquecer além disso, com consequências desastrosas para a vida como a conhecemos.
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Impacto das mudanças climáticas nos animais é ‘subestimado’, conclui estudo - Instituto Humanitas Unisinos - IHU