09 Fevereiro 2017
“As ações governamentais já estão tendo um impacto negativo sobre a vida das famílias. Elas estão influenciando negativamente aqueles que trabalham diretamente com os refugiados e estão criando dificuldades inesperadas para instituições batistas nos Estados Unidos, tais como as universidades e os seminários onde são muitos os estudantes matriculados provenientes dos sete países citados.” Isso é o que se lê em uma declaração divulgada pela Aliança Batista Mundial (BWA, na sigla em inglês) – comunhão de 235 convenções e uniões batistas presentes em 122 países – que julga negativamente os primeiros efeitos da ordem executiva do presidente Donald Trump que ditou o bloqueio da imigração de sete países de maioria islâmica. Um posicionamento que se soma ao coro de protestos que, nos últimos dias, se levantou contra o controverso procedimento da Casa Branca.
A reportagem é do jornal L’Osservatore Romano, 08-02-2017. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Embora reconhecendo que um governo tem o direito de garantir a segurança dos seus cidadãos, a Aliança Batista Mundial assinala que, hoje, há “a tentação de ceder ao medo e de buscar às pressas políticas erradas que terão efeitos nocivos a longo prazo e que minam a liberdade religiosa”.
Ainda em julho do ano passado, lembra a declaração, o Conselho Geral da BWA, reunido em Vancouver, no Canadá, tinha convidado as convenções, as uniões e os fiéis individuais a colocarem em prática o ensinamento bíblico de acolhida aos estrangeiros e, em particular, aos refugiados, pessoas vulneráveis muitas vezes perseguidas por causa da sua fé.
Uma forte preocupação com os efeitos da ordem executiva sobre a imigração, considerada “uma afronta à nossa missão e um ataque aos valores estadunidenses e cristãos”, também foi expressada pela Conferência dos Jesuítas do Canadá e dos Estados Unidos, que asseguraram que também querem continuar no “nosso trabalho, em defesa e em solidariedade para com todos os filhos de Deus, muçulmanos ou cristãos”.
Os jesuítas, lembra uma declaração, “através do nosso trabalho nas escolas superiores, nas universidades, nas paróquias e nos ministérios característicos como o serviço aos refugiados”, têm uma “longa tradição de acolhida e de acompanhamento dos refugiados, independentemente do culto que professam”.
E, hoje mais do que nunca, conclui a declaração, “a nossa identidade católica e jesuíta nos chama a acolher o estrangeiro e a nos aproximarmos de diversas culturas e tradições religiosas com abertura e compreensão. Não devemos nos deixar levar pelo medo. Devemos continuar defendendo os direitos humanos e a liberdade religiosa”.
Palavras em grande sintonia também com aquelas contidas em uma nota conjunta emitida pelo Serviço Jesuíta aos Refugiados e pela comunidade islâmica italiana Coreis, nas quais se ressalta que a ordem executiva do presidente estadunidense “é discriminatória e põe em risco as relações entre cristãos e muçulmanos”.
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Batistas e jesuítas aliados contra o bloqueio a migrantes nos Estados Unidos - Instituto Humanitas Unisinos - IHU