19 Dezembro 2016
Da coluna “Painel” publicada por Folha de S. Paulo, 17-12-2016.
Integrantes do governo Temer dizem ter informações de que o pior das delações já passou. Mas quem acompanha a Lava Jato de perto afirma que as colaborações de Marcelo Odebrecht e de seu pai, Emílio, ainda poderão render dores de cabeça ao presidente da República. Nos bastidores, no entanto, o que a cúpula do Planalto mais teme não são os depoimentos de ex-executivos da empreiteira, e sim a convicção de que Eduardo Cunha não ficará em silêncio por muito tempo.
Cunha esperava que seus companheiros o ajudassem a tirá-lo da prisão rapidamente. Há dois meses trancado, dizem que sua paciência está rareando.
Há convicção no Planalto de que o ex-deputado falará de qualquer forma, mesmo que a Lava Jato não aceite firmar com ele eventual acordo de delação.
No roteiro de seu depoimento, Marcelo Odebrecht chegou a mencionar sugestão de Cunha para contratar a Kroll. A empresa de investigação corporativa poderia monitorar os passos da operação. O empresário jurou não ter acatado a ideia.
Ninguém acredita que a Odebrecht tenha comprado sozinha uma série de medidas provisórias que beneficiavam vários setores econômicos. Nos anexos, Cláudio Melo Filho cita uma empresa e duas associações interessadas em alterar leis.
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Mais do que delação da Odebrecht, Planalto teme possíveis revelações de Eduardo Cunha - Instituto Humanitas Unisinos - IHU