25 Outubro 2016
O Vaticano anunciou que vai enviar neste domingo um representante à Universidade de Al-Azhar, no Cairo, na dianteira da retomada oficial do diálogo da Igreja Católica com o mais prestigiado centro universitário do mundo islâmico sunita.
A reportagem é de Jason Le Miere, publicada por The International Business Times, 21-10-2016. A tradução é de Isaque Gomes Correa.
A Universidade de Al-Azhar rompeu o diálogo inter-religioso com o Vaticano há cinco anos depois de alguns comentários feitos pelo então Papa Bento XVI. As relações, porém, melhoraram significativamente sob o comando do Papa Francisco, que no início do ano conversou com o grande imã da Mesquita de Al-Azhar, o xeique Ahmed al-Tayeb, considerado a mais alta autoridade do islamismo sunita.
Neste fim de semana, o Vaticano anunciou que o secretário do Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-religioso, Dom Miguel Ángel Ayuso Guixot, irá ao Cairo para se reunir com uma delegação da Al-Azhar. O encontro pretende pavimentar o caminho para um encontro futuro em Roma no mês de abril de 2017, segundo informa uma reportagem publicada no sítio Catholic News Service, que descreve o movimento feito como um enorme passo para as relações entre católicos e muçulmanos.
Esta relação primeiramente ficou tensa depois de um discurso proferido por Bento XVI em 2016, em que citou uma opinião desfavorável sobre o fundador do Islã emitida por um imperador bizantino do século XIV.
“O imperador aborda o tema da jihād, da guerra santa”, falou Bento, “dizendo [o imperador]: ‘Mostra-me também o que trouxe de novo Maomé, e encontrarás apenas coisas más e desumanas tais como a sua norma de propagar, através da espada, a fé que pregava’”.
Em 2011, o Egito chamou de volta o seu enviado no Vaticano depois que Bento convocou os líderes mundiais a protegerem os coptas – a maior denominação cristã no Egito – na sequência de um bombardeio a uma igreja no país que matou 21 pessoas.
“Eu discordo da visão do papa, e pergunto por que ele não convocou [a comunidade internacional] para a proteção dos muçulmanos quando eles estão sujeitos a assassinatos no Iraque?”, disse na época al-Tayeb.
O Papa Francisco, por sua vez, vem tendo uma relação bem diferente desde que foi eleito em 2013. Em agosto, o papa salientou que era errado fazer uma associação entre os que cometem atos terroristas em nome de uma ideologia radical islâmica e o Islã como um todo.
“Uma coisa é certa, em quase todas as religiões sempre existe um pequeno grupo fundamentalista”, declarou. Francisco. “. Nós também temos”, acrescentou referindo-se ao catolicismo.
Francisco ainda falou: “Eu não gosto falar sobre a violência islâmica porque todos os dias, quando abro os jornais, vejo violência na Itália, alguém que mata a namorada, outro que mata a sogra. E são católicos batizados. Se falo de violência islâmica, também tenho de falar da violência cristã. Nem todos os islâmicos são violentos”.
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Relações entre católicos e muçulmanos: Vaticano e a Universidade de Al-Azhar devem reiniciar o diálogo - Instituto Humanitas Unisinos - IHU