18 Julho 2016
“O feixinho de luz olímpico jamais pode se comparar ao Facho de Luz que nos colocou, como Rio Grande do Sul, a todos os autênticos gaúchos que são os pobres, dentro da história e da geografia universais”, escreve Antônio Cechin, irmão marista, graduado em Letras Clássicas (grego, latim e português) e em Ciências Jurídicas e Sociais.
Eis o artigo.
No horizonte do Rio Grande do Sul, há sinais com s minúsculo e Sinais com S maiúsculo. Tudo depende de quem sabe ou não sabe ler os acontecimentos históricos como sinais. Aliás, nosso único Mestre Jesus de Nazaré nos advertiu que há pessoas e comunidades inteiras que têm olhos para ver e não vêem, ouvidos para ouvir e não ouvem, coração humano para sentir, mas não sentem.
Senão vejamos:
Através de uma teóloga amiga, do Rio de Janeiro, acabo de saber que “o cardeal da arquidiocese do Rio, Dom Orani Tempesta, criou o projeto “100 dias de paz”, referindo-se aos 50 dias que antecedem as olimpíadas do Rio de Janeiro e aos outros 50 que a elas se seguem.
A Igreja Católica, que deseja ser, conforme diz o documento Gaudium et Spes - e agora muito mais alto e bom som em tempos de papa Francisco - perita em humanidade, deseja somar-se a esses esforços pela construção de um mundo de paz, reforçando a contribuição do esporte nesse sentido. Por isso, tal como na Bíblia era proclamado pelo povo de Israel o Ano Jubilar, quando dívidas eram perdoadas e a terra descansada, os cariocas são convidados hoje, a cuidar com carinho da construção da paz no Rio, que se prepara para sediar os Jogos Olímpicos.
É possível que ocorram críticas sobre o processo e o desenrolar do certame. Mas nunca se deve perder a esperança de que tal evento seja capaz de trazer alguma paz para tão ferida e combalida cidade, a velha-cap do Brasil.
Nesta semana, os nossos jornais aqui do sul brasileiro noticiaram, até com bastante espetaculosidade, a passagem da chama olímpica pelas Missões Jesuíticas dos 7 antigos Povos guarani-missioneiros aos quais somamos as Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) da atual da Igreja da Libertação, perfazendo assim os 8 povos das Missões. A chama olímpica carregada pelas mãos de caciques guaranis de hoje, recordando o grão-cacique São Sepé, através de seus descendentes, andando pelas ruínas do Povo de São Miguel, até a frente da catedral angelopolitana, réplica da antiga igreja de São Miguel Arcanjo.
A notícia e as fotos de primeira página da corrida do fogo olímpico pelos territórios guaraníticos-missioneiros, à primeira vista parece que está com tudo, porém, na verdade, não está com nada. A mídia fajuta das classes dominantes, por opção consciente esquece sempre que, no Rio Grande do Sul, o Paraíso Terrestre inicial do povo guarani-missioneiro, a partir dos meados do século XX foi substituído pelo farroupilhismo guerreiro, violento e machista. A chama da Paz indígena foi substituída pela guerra e pelo roubo da terra e pátria guarani-missioneira.
Esquecem sempre, os grandes meios de comunicação, que as Missões desde antes do dilúvio era Terra Sem Males do povo guarani-missioneiro e que, no ocaso desse Paraíso Terrestre inicial, ela foi defendida pelo Facho de Luz Viva chamado São Sepé Tiaraju.
No ano de 2006, nos inícios deste terceiro milênio da era cristã, inauguramos uma nova era no Rio Grande do Sul ao comemorar os 250 anos do martírio dos heróis-santos-mártires-guaranis comandados por Sepé, sacrificados no altar da Pátria, na Terra Santa da cidade de São Gabriel, pelos dois maiores exércitos do mundo quando para aqui vieram os esbirros de Espanha e Portugal.
Através dos Movimentos Populares e da Igreja da Teologia da Libertação, no ano de 2006, conseguimos reverter a história proclamando São Sepé Tiaraju como herói guarani, missioneiro, rio-grandense e também brasileiro, introduzindo o seu nome no panteão dos heróis da pátria, na cidade de Brasília, juntamente e no mesmo dia, com o santo jesuíta-missionário-taumaturgo padre José de Anchieta.
Agora, ano 260 do martírio e chacina de São Sepé e 1500 companheiros mártires, estamos às vésperas do reconhecimento oficial da santidade de São Sepé Tiaraju, por parte da Igreja Católica. No dia 10 de novembro de 2015, em Santo Ângelo, entregamos nas mãos do bispo local, o documento técnico intitulado Postulação, a fim de ser remetido ao Vaticano, à Sagrada Congregação para a Causa dos Santos.
Essa história grandiosa relativa ao nosso Paraíso Terrestre inicial do Rio Grande do Sul, da Terra Sem Males Guarani-Missioneira, às vésperas da Canonização oficial de São Sepé Tiaraju, tudo isto esquece a mídia fajuta da classe dominante. Tudo isso por causa de um tal farroupilhismo que de heróico não tem absolutamente nada. O feixinho de luz olímpico jamais pode se comparar ao Facho de Luz que nos colocou, como Rio Grande do Sul, a todos os autênticos gaúchos que são os pobres, dentro da história e da geografia universais.
A interrogação que nos fica estrangulada nas gargantas de todos os autênticos catequistas e cristãos fiéis, de alma indígena, é a seguinte: Porque São Sepé, o Facho de Luz do Rio Grande, não foi lembrado por ninguém, nem mesmo por parte da Igreja hierárquica, quando o facho olímpico correu pelos territórios da Terra Sem Males, nosso Paraíso Terrestre inicial?...
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A chama olímpica nos 8 Povos das Missões Rio-Grandenses do Sul - Instituto Humanitas Unisinos - IHU