07 Março 2016
Estratégias que conciliem o aumento da produção agrícola e a redução de emissões de gases de efeito estufa. Segundo especialistas, esse também é o principal desafio para a agricultura familiar no Brasil. “Antes de tudo, é preciso melhorar as políticas públicas ligadas à adaptação para os agricultores familiares. A agenda da agricultura de baixo carbono está ligada diretamente ao desenvolvimento da agricultura familiar”, afirmou Andrea Azevedo, diretora adjunta do Instituto de Pesquisa da Amazônia (Ipam).
A reportagem foi publicada por Amazônia, 04-03-2016.
Para levar a reflexão sobre a importância da agricultura de baixa emissão de carbono (ABC) no contexto da produção familiar, o Ipam, em parceria institucional com órgãos públicos, lançou a publicação “Caminhos para uma Agricultura Familiar sob Bases Ecológicas: produzindo com Baixa Emissão de Carbono”. Voltado inicialmente a um público técnico, o livro é resultado de um seminário realizado em 2013, que reuniu especialistas, governos e sociedade civil para discutir os caminhos do desenvolvimento ecológico da agricultura familiar.
“O livro é uma primeira tentativa de trazer luz ao tema ABC para a agricultura familiar no Brasil. Tecnologias e investimentos usualmente são focados para a agricultura comercial e de maior escala”, disse Andrea Azevedo, uma das organizadoras da publicação. O livro traz 11 artigos escritos por especialistas que participaram do evento. A partir de dados de pesquisas e experiências vividas junto a grupos de agricultores familiares, eles procuram responder aos desafios da agricultura familiar abrangendo a todos os biomas brasileiros.
“A agricultura familiar tem características completamente distintas da agricultura comercial”, ressalta Azevedo. A transferência de tecnologia e práticas sustentáveis para os pequenos agricultores é um importante instrumento de desenvolvimento social para essas comunidades.
Na opinião da diretora adjunta do Ipam, uma vez que a prioridade para o Plano ABC são os produtores de médio e grande porte, a melhor alternativa para a agricultura familiar em termos de financiamento é trabalhar a agricultura de baixo carbono dentro de políticas voltadas especificamente aos pequenos agricultores, no caso, o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf).
Em 2006, segundo dados apresentados na publicação, os produtores familiares respondiam por 71,3% dos 475.775 estabelecimentos rurais na região Norte do Brasil, ocupando 24,3% da área total. Diante dos efeitos das mudanças climáticas, esses agricultores estão mais vulneráveis por conta da carência tecnológica e os impactos serão sentidos na rentabilidade da produção familiar.
Algumas das principais barreiras identificadas para a agricultura familiar são a falta de regularização fundiária e ambiental, ausência de políticas públicas mais robustas para fomento e financiamento da produção sustentável e a pouca assistência técnica e extensão rural adequada.
Segundo Azevedo, esses gargalos foram identificados em todas as regiões do Brasil. Apesar disso, a publicação destaca como em diversas regiões a agricultura familiar já é feita com práticas de baixa emissão de carbono.
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Como conciliar agricultura familiar e baixa emissão de carbono - Instituto Humanitas Unisinos - IHU