23 Fevereiro 2016
Pode levar um ano ou um pouco mais, mas a hora em que Julian Assange poderá circular livremente está mais próxima do que nunca. Nos últimos 20 dias, a campanha pela libertação do fundador do WikiLeaks, abrigado desde 2012 na embaixada do Equador, em Londres, obteve dois reforços de peso. No dia 5, o Grupo de Trabalho sobre Detenções Arbitrárias da Organização das Nações Unidas (ONU) considerou que Assange é vítima de uma ordem de detenção arbitrária por parte da União Europeia com base em acusações de estupro apresentadas perante a justiça sueca. Ontem, os advogados suecos do asilado mais famoso do mundo pediram ao Tribunal de Estocolmo que retire de uma vez por todas a ordem de captura contra ele.
O comentário é de Luiz Antônio Araujo, publicado pelo jornal Zero Hora, 23-02-2016.
O ativista australiano avaliou a manifestação do grupo de trabalho da ONU uma vitória de “importância histórica”. Um dia antes da divulgação do relatório que o inocentou, ele havia dito que deixaria a embaixada e se entregaria à polícia britânica. Assange considera-se um preso político e afirma que o objetivo da queixa contra ele é punitivo em razão dos vazamentos de documentos oficiais de governos do mundo inteiro promovidos pelo WikiLeaks.
A ofensiva em favor de Assange ocorre no momento exato em que uma das gigantes americanas da tecnologia, a Apple, ensaia uma queda de braço com o governo americano em torno do sigilo de dados de seus usuários. O FBI, a polícia federal dos Estados Unidos, obteve uma ordem judicial para obrigar a companhia a facilitar o acesso a dados do aparelho de um dos atiradores do massacre de San Bernardino, Califórnia, no ano passado. O Vale do Silício está lutando pela sua própria credibilidade perante os usuários. Em 2013, um dos protagonistas do Caso WikiLeaks, o ex-analista da CIA Edward Snowden, hoje asilado em Moscou, havia revelado que os conglomerados de tecnologia tinham colaborado com o PRISM, programa de espionagem do governo americano. Nada foi como antes entre Washington e Mountain View depois dessa notícia bombástica. Talvez essa seja uma das consequências mais palpáveis da ação de Assange e seus companheiros. Uma vez que a humanidade parece definitivamente condenada à hiperconectividade, a tentativa de impor limites ao que Obama pode ou não ouvir ganha um status de luta pelas liberdades civis.
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Ponto em favor de Assange - Instituto Humanitas Unisinos - IHU