22 Fevereiro 2016
Durante a reunião que teve com o Papa Francisco, na noite do domingo passado, 14 de fevereiro, na Nunciatura Apostólica, a equipe de governo da Província da Companhia de Jesus do México já não pediu ao Papa para que se reunisse com os familiares dos desaparecidos nem tampouco com os pais de Ayotzinapa, uma vez que já de antemão sabia que essa pretensão dos jesuítas tinha sido descartada pelo Pontífice.
A reportagem é de Rodrigo Vera e publicada pela revista mexicana Proceso, 17-02-2016. A tradução é de André Langer.
Os seis jesuítas mexicanos que se reuniram com Bergoglio, liderados por seu provincial no México, Francisco Magaña, limitaram-se a entregar-lhe uma carta enviada ao Pontífice por pais de Ayotzinapa e também a comentar sobre a gravidade do problema dos desaparecidos no México.
Diante disso, o Papa abriu e leu a carta desses familiares. E, além disso, dirigiu uma mensagem verbal improvisada a todos os jesuítas da Província do México, na qual lhes pede que não negociem com os que estão crucificando Cristo e vivam melhor. E também os instou a retomar com entusiasmo o processo de canonização de Miguel Agustín Pro Juárez (1891-1927), o mártir jesuíta que foi fuzilado durante a Guerra Cristera (1926-1929) e que atualmente é beato.
Esta mensagem foi gravada em um celular e depois divulgada aos jesuítas de todo o México.
Os jesuítas mexicanos, por sua vez, presentearam o Papa com relíquias de Miguel Agustín Pro, que as beijou ao recebê-las.
Excetuado o provincial Magaña, os outros cinco membros da equipe de governo da Companhia de Jesus que estiveram no encontro são os seguintes: Carlos Cervantes, assistente do provincial; Leonel de los Santos, assistente para o Apostolado Social e de quem depende o Centro de Direitos Humanos Miguel Agustín Pro; José Luis Serra, assistente da Pastoral; Juan Luis Orozco, assistente da Educação e de quem dependem as universidades e os colégios da Companhia; e Pedro Reyes, assistente da Formação e, portanto, quem está a cargo da educação sacerdotal e teológica da Companhia.
Além destes jesuítas do México, também participaram da reunião o núncio apostólico Christophe Pierre – que permaneceu apenas um momento – e o jesuíta italiano Antonio Spadaro, que em Roma dirige a revista dos jesuítas La Civiltà Cattolica.
A reunião aconteceu na biblioteca da nunciatura e durou cerca de meia hora.
Esta reunião com o Papa foi definidora, pois a partir daí os jesuítas do México deixarão de pedir um encontro do Papa com os familiares de desaparecidos, pedido que fizeram desde novembro passado através do núncio Christophe Pierre e do secretário-geral da Conferência do Episcopado Mexicano, Eugenio Lira Rugarcía.
Um dos principais jesuítas que realizava este pedido foi Sergio Cobo, diretor da Fundação Loyola, que explicou ao semanário Proceso que o tema dos desaparecidos – por sua magnitude no México – é “prioritário” para a Companhia e esta o vê desde uma perspectiva dos “direitos humanos” (Proceso, 2047).
Agora, o jesuíta Juan Carlos Henríquez, da área da Comunicação da Companhia de Jesus, descarta totalmente uma reunião de Bergoglio com familiares de desaparecidos, assinalando que inclusive o Papa foi muito cuidadoso na linguagem que usa em seus discursos e homilias, “tanto assim que sequer utilizou a palavra ‘desaparecidos’, muito menos a palavra ‘Ayotzinapa’, que têm uma carga muito forte e podem despertar animosidades”.
Henríquez indicou que em vez da palavra ‘desaparecidos’, o Papa utilizou a frase “criminosamente arrebatados de suas famílias”, que é uma descrição mais emotiva.
As insistentes declarações do porta-voz do Papa, o também jesuíta Federico Lombardi, no sentido de que o Papa não se reuniria com estes familiares, foi um fator que dissuadiu os jesuítas do México para que não continuassem a pedir essa audiência privada.
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Jesuítas mexicanos entregam ao Papa Francisco uma carta de pais dos 43 estudantes desaparecidos - Instituto Humanitas Unisinos - IHU