11 Janeiro 2016
A revista dos jesuítas italianos atualiza as obras de misericórdia com uma proposta baseada em uma análise do sentido do "descolamento" do trabalho, que vai do ''ócio criativo" à "síndrome de fadigamento pelo uso das tecnologias".
A reportagem é do jornal Vatican Insider, 08-01-2016. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
A Civiltà Cattolica atualiza as obras de misericórdia sugeridas a todos os cristãos: "Dar trabalho a quem é excluído, fazendo com que ele possa desfrutar de um repouso digno, pode ser considerada a oitava obra de misericórdia, própria do nosso tempo", é a proposta do editorial do próximo número da revista quinzenal dos jesuítas romanos.
Uma proposta baseada em uma análise do verdadeiro sentido do repouso, que vai do "ócio criativo", o otium do mundo antigo, e o "tecnoestresse, ou síndrome de fadigamento pelo uso das tecnologias", até chegar ao "repouso digno".
Este último – com base na constatação de que Deus "não repousa", mas "não se cansa, não se cansa de dar a vida, não se cansa de perdoar" – "nunca" é 'anestesia'", "provoca lucidez: a lucidez da alteridade, de saber que a sua fonte é Outro", "a lucidez da inclusão": "Incluir todos é o que nos leva a repousar sem nos apossar do repouso e a sair de nós mesmos para convidar os outros". "O repouso digno – explica a Civiltà Cattolica – é pleno e inclusivo: é o repouso de todo o nosso ser e de todos os homens."
A Civiltà Cattolica, cujos esboços são revisados pela Secretaria de Estado vaticana, também leva em conta o que o Papa Francisco disse em um discurso aos funcionários do INPS italiano, agradecendo-lhes pelo seu compromisso com o "caso do direito ao descanso," que ele definiu como uma "dimensão do ser humano que tem raízes espirituais".
"Em uma passagem muito sugestiva – enfatiza o editorial – o papa uniu trabalho e repouso: 'Alguns de vocês podem estar pensando: 'Mas que estranho esse papa, primeiro nos fala do repouso e depois diz todas essas coisas sobre o direito ao trabalho'. São coisas conectadas – observou o Papa Francisco –, o verdadeiro repouso vem justamente do trabalho. Você pode repousar quando está seguro de ter um trabalho seguro, que lhe dá dignidade, para você e para a sua família. E você pode repousar quando, na velhice, está seguro de ter a aposentadoria, que é um direito. Estão ligados ambos, o verdadeiro repouso e o verdadeiro trabalho'".
A atualização das obras de misericórdia proposta pela Civiltà Cattolica une o direito ao trabalho e ao repouso à dimensão espiritual e a um estilo de vida cheio de sentido. As obras de misericórdia corporais sugeridas pela Igreja são sete: dar de comer a quem tem fome, dar de beber a quem tem sede, vestir os nus, hospedar os peregrinos, visitar os doentes, visitar os presos, enterrar os mortos.
As de misericórdia espiritual também são sete: instruir os ignorantes, aconselhar os duvidosos, consolar os aflitos, corrigir os pecadores, perdoar as ofensas, suportar pacientemente as pessoas incômodas, rezar por todos.
Mas a "Regra" de São Bento introduz como oitava obra de misericórdia espiritual "não desesperar jamais da misericórdia de Deus".
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A atualização das "obras de misericórdia" segundo a Civiltà Cattolica: entre ócio e tecnoestresse, vence o repouso digno - Instituto Humanitas Unisinos - IHU