13 Agosto 2015
Aproximadamente 50 manifestantes foram detidos pela Polícia Militar (PM) durante o protesto realizado contra o aumento das tarifas de ônibus da capital na noite desta quarta-feira (12) na avenida Afonso Pena, no Centro de Belo Horizonte.
A reportagem é de Camila Kifer, Bárbara Ferreira, Bernardo Miranda e Felipe Castanheira, publicada pelo jornal O Tempo, 13-08-2015.
Os detido foram presos e estão sendo mantidos dentro de um hotel localizado na rua da Bahia. Os manifestantes estão sendo ouvidos separadamente no local. Após escutar todos os presos, a polícia se comprometeu em realizar uma coletiva de imprensa para falar sobre o assunto.
O ato organizado por integrantes do Movimento Tarifa Zero, Passe Livre e de outros movimentos sociais teve início no quarteirão fechado na praça Sete, no Centro, às 17h, com 50 pessoas. Por volta de 18h, 300 manifestantes já se preparavam para sair em passeata pela avenida Afonso Pena.
Com mais de mil pessoas revoltadas com o reajuste, a passeata teve início às 18h. Ao chegar no encontro com a rua Espírito Santo, os manifestantes, que ocupavam as três faixas da via, foram cercados pelo Batalhão de Choque da PM.
"Respeitamos o direito de manifestar da população. Porém, é necessário que ela também respeite o direito de ir e vir dos outros. Por isso, tivemos uma conversa com os manifestantes e entramos em acordo para que eles ocupem apenas uma faixa da avenida Afonso Pena", alegou o tenente-coronel Gianfranco Caiafa.
O acordo não durou muito tempo e o protesto voltou a ocupar todas as faixas da avenida. Em contrapartida, o Batalhão de Choque fez um novo cerco e impediu a passagem dos manifestantes na avenida Afonso Pena, na altura da rua da Bahia, próximo a avenida Augusto de Lima, e exigiu que parte da pista fosse liberada.
Uma grande confusão foi formada e alguns militares realizaram disparos de bala de borracha. Também há relatos do uso de bombas contra manifestantes.
Um integrante do movimento Tarifa Zero, que preferiu o anonimato, disse que a PM começou a confusão durante um ato que era pacífico. "Havíamos conversado com os militares, na altura da rua Espírito Santo, e eles haviam permitido a nossa passagem. Porém, quando chegamos próximo da rua da Bahia, eles atiraram balas de borrachas nas nossas pernas e jogaram bombas de efeito moral", relatou.
O repórter fotográfico Denilton Dias, foi atingido em uma das pernas. A informação é de que mais pessoas tenham sido atingidas durante a confusão. Uma manifestantes que preferiu não ser identificada informou que os "militares atiraram desordenadamente".
"Levei pelo menos três tiros de borracha. Estávamos subindo a rua da Bahia e negociávamos com a polícia que queria a liberação de duas faixas. Antes da negociação houve o tiroteio, com várias balas de borracha e bombas de gás", lembrou Samuel Peixoto, de 28 anos.
"Depois da confusão a gente correu pra dentro do hotel pra fugir do gás e dos tiros de borracha. A gerente do local falou que ia ajudar a gente só pediu pra não quebrar nada. Porém, a PM entrou com a tropa de choque e cercou todo mundo. Agora eles estão fazendo triagem de quem eles iriam prender e quem eles iam soltar. Já tem mais de 20 presos e uns cinqüenta na triagem" só agora me liberaram", afirmou o estudante Vinicius Brandão, de 21 anos.
A defensora Júnia Roman Carvalho, que atua na Defensoria Especializada em Direitos Humanos, Coletivos e Socioambientais, compareceu ao hotel para tentar liberar os detidos. "Assim como os manifestantes, acredito que o aumento é ilegal. E entendo que a manifestação é legitima", afirmou a defensora.
Nesta terça-feira (11), a defensora ingressou com a Ação Civil Pública, na 4ª Vara de Feitos da Fazenda Pública Municipal, para tentar suspender o reajuste das tarifas. O aumento foi liberado pela Justiça, na última sexta (7) e entrou em vigor no sábado (8). Com a medida, as passagens que era R$ 3,10 passaram para R$ 3,40.
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Belo Horizonte. Manifestação contra o aumento das tarifas de ônibus é violentamente reprimida - Instituto Humanitas Unisinos - IHU