Por: Jonas | 25 Junho 2015
O primeiro-ministro grego apresentou um plano de reformas econômicas que inclui aumentos de impostos para empresas e o consumo e uma restrição em alguns benefícios de aposentadorias. Os líderes europeus estão otimistas.
A reportagem é publicada por Página/12, 24-06-2015. A tradução é do Cepat.
O governo grego tentou convencer sua própria bancada no Parlamento a apoiar a proposta que o primeiro-ministro Alexis Tsipras apresentou para evitar uma quebra e uma saída do euro. Em Bruxelas, os credores da Grécia – a Comissão Europeia (CE), o Banco Central Europeu (BCE) e o Fundo Monetário Internacional (FMI) – discutiram o plano com vistas a sua possível aprovação, que talvez possa se concretizar hoje mesmo. Pela primeira vez, em meses, alguns dos máximos líderes do bloco europeu se mostraram otimistas diante da possibilidade de um iminente acordo com Atenas, que garanta o desembolso dos últimos 7,2 bilhões de euros do pacote de ajuda internacional, que vence no próximo dia 30 de junho. A mudança de atitude se deve ao fato de Tsipras ter apresentado uma nova proposta de reformas econômicas – condição apresentada pelos credores para destravar o auxílio financeiro – que inclui aumentos de impostos para as empresas e o consumo, e uma restrição em alguns benefícios de aposentadorias. As mudanças, que se distanciam do programa inicial de Tsipras e de sua coalizão, suporiam uma arrecadação extra de 8 bilhões de euros, em 2015 e 2016.
“Compreendemos que as medidas apresentadas na proposta são duras e que são medidas que, sob outras circunstâncias, caso dependesse apenas de nós, não seriam tomadas de forma alguma”, destacou o porta-voz do governo grego, Gabriel Sakellaridis, em uma entrevista ao canal de televisão local “Antenna”. Longe das indiretas e da diplomacia sutil, Sakellaridis optou por um discurso direto e claro. “Cada pessoa assumirá sua própria responsabilidade quando votar a proposta no Parlamento”, sentenciou o porta-voz em uma mensagem enviada aos deputados gregos, especialmente aos de sua própria bancada.
Se Atenas chegar a assinar um acordo com seus credores internacionais, esta semana, seja na reunião do Eurogrupo de hoje ou na cúpula de líderes da União Europeia (UE), que acontecerá amanhã e na sexta-feira, o texto final deverá ser aprovado pelo Parlamento grego antes do dia 30 de junho. Vários deputados do Syriza, a coalizão de esquerda que levou Tsipras ao poder, há apenas cinco meses, adiantaram que não apoiarão a nova proposta que o primeiro-ministro apresentou, anteontem, e que os meios de comunicação gregos divultagaram.
“As reformas não podem ser apoiadas, nem votadas”, advertiu a deputada da situação Eleni Sotiriou, em declarações ao semanário local “Dromos tis Aristeras” (O caminho à esquerda). Outro deputado da situação, Dimitris Kodelas, também avisou que não apoiará um eventual pacto com as três instituições credoras. “Não se pode votar um acordo assim. O acordo sobre o qual estamos avançando não tem nada a ver, segundo reconhecem todos, com o nosso programa”, sentenciou o dirigente do Syriza, citado pela cadeia de televisão CNN.
Com o passar das horas e o aumento da tensão interna na base do governo grego, o porta-voz advertiu que se o Executivo não conseguir o apoio da maioria parlamentar nos próximos dias, a única opção será voltar a recorrer às urnas e ao povo grego. Enquanto a ameaça de Sakellaridis procura disciplinar suas próprias fileiras, o certo é que mesmo se Tsipras não conseguir o apoio de toda a sua bancada, provavelmente conseguirá aprovar o acordo graças aos votos dos deputados da principal força opositora, a conservadora Nova Democracia (ND).
Dirigentes e militantes desse partido se manifestaram no centro de Atenas a favor de um acordo com os credores internacionais para evitar uma saída da Zona do Euro, mesmo que isso signifique mais ajustes e maiores concessões ao establishment político e financeiro internacional.
Porém, a frente interna não é a única preocupação de Tsipras neste momento. Enquanto tenta evitar um racha em sua coalizão, o primeiro-ministro grego deve continuar pressionando as três instituições credoras para que aceitem de maneira definitiva sua última proposta.
Apesar do tom otimista e as palavras esperançosas pronunciadas na cúpula de líderes da Zona do Euro, em Bruxelas, a CE, o BCE e o FMI continuaram debatendo, ontem, as propostas gregas na capital belga.
Após manter um perfil baixo durante todo o dia, a diretora gerente do FMI, a francesa Christine Lagarde, disse à imprensa palavras muito menos esperançosas que as de seus companheiros da CE e do BCE. “Estamos trabalhando e continuaremos trabalhando nas bases da nova proposta, que é certamente mais ampla e inclui mais detalhes do que vimos até agora”, disse Lagarde.
No entanto, outros dirigentes europeus mantiveram, ontem, o otimismo que dominou a cúpula em Bruxelas. “Estou convencido de que chegaremos a um acordo”, sentenciou o comissário da União Europeia para assuntos econômicos, o francês Pierre Moscovici, ainda que também tenha advertido que resta trabalho a fazer.
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Grécia. Tsipras procura convencer sua bancada - Instituto Humanitas Unisinos - IHU