Nostalgia da luz. "Obrigatório"

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03 Março 2015

"O filme de Patricio Guzmán, chileno, é  desses programas que merece o nome de obrigatório", avalia Neusa Barbosa, crítica de cinema, em resenha publicada por Cineweb, 23-02-2015.

Eis o artigo.

Ficha técnica

• Nome: Nostalgia da luz (IMDB)
• Nome Original: Nostalgia de la luz
• Cor filmagem: Colorida
• Origem: França
• Ano de produção: 2010
• Gênero: Documentário
• Duração: 90 min
• Classificação: 10 anos
• Direção: Patricio Guzmán (IMDB)

Sinopse

No deserto de Atacama, um céu especial para observação das estrelas motivou a instalação de um observatório, em 1962. O ambiente de extrema secura mostrou-se também favorável à conservação de sinais de povos antigos, como desenhos pré-colombianos nas rochas. Mas a região erma também oculta restos mortais de desaparecidos da ditadura Pinochet.

Conhecido por seus trabalhos engajados, como Salvador Allende (exibido em Cannes 2004), O Caso Pinochet (2000) e sobretudo pela magistral fusão de pesquisa e memórias pessoais de A Batalha do Chile (1973-1979), Patricio Guzmán oxigena a visão da política, tornando-a ampla o bastante para revelar suas conexões com a ciência no documentário Nostalgia da Luz.

Foi no deserto de Atacama que política, arqueologia e astronomia se encontraram. Ali onde, em 1962, astrônomos europeus e norte-americanos instalaram um observatório, pelo céu cristalino e as excepcionais condições de observação das estrelas, e arqueólogos pesquisam os vestígios de vários povos antigos que ali viveram, a ditadura de Augusto Pinochet executou e ocultou os corpos de centenas de prisioneiros políticos.

Estes altos e baixos da história chilena são explorados por este documentário fascinante, impregnado da memória pessoal de Guzmán – sempre se colocando como uma testemunha, mas nunca descuidando nem da pesquisa, nem da procura de personagens sólidos, não raro, encantadores. Como o arqueólogo Lautaro Nuñez, cujo conhecimento do deserto contribuiu para o encontro de ossadas de desaparecidos; o astrônomo Gaspar Galaz e sua visão cósmica do mundo; o arquiteto Miguel Lawner – ex-preso político cujos precisos desenhos, feitos de memória quando se exilou na Dinamarca, expuseram ao mundo os detalhes do horror de campos de concentração da ditadura -; e Victoria Saavedra e Violeta Berrios, a incansável dupla de velhas mulheres que bate as areias de Atacama há cerca de 30 anos, numa procura heroica pelos despojos de seus parentes.

A sintonia entre todos os relatos e aspectos dessa realidade complexa do Chile torna o filme de Guzmán um programa desses que merece o nome de obrigatório. Felizmente, apesar do atraso de quase cinco anos, o filme chega às telas no Brasil, onde o acerto de contas com a guerra suja de nossa própria ditadura continua aberto e irresolvido.