Por: André | 30 Janeiro 2014
A Agência de Segurança Nacional (NSA) utiliza aplicações vulneráveis, como o jogo Angry Birds, para acessar informações pessoais ou dados de localização em todo o mundo, revelaram os jornais The New York Times e The Guardian.
A reportagem está publicada no jornal argentino Página/12, 28-01-2014. A tradução é de André Langer.
A Agência de Segurança Nacional (NSA) utiliza aplicações vulneráveis, como o jogo Angry Birds, para acessar informações pessoais ou dados de localização em todo o mundo, revelaram, na segunda-feira, os jornais The New York Times e The Guardian. As Agências de Inteligência dos Estados Unidos e do Reino Unido procuram, desde 2007, explorar a grande quantidade de informações obtidas através de aplicações móveis e outras compartilhadas nas redes sociais, segundo as novas revelações do ex-analista externo da NSA, Edward Snowden.
Nos documentos revelados neste início de semana, a NSA reconhece as imensas possibilidades de espionagem que smartphones ou telefones inteligentes oferecem pela informação recopilada pelas aplicações destes dispositivos móveis, “Pepitas de ouro”, segundo se afirma em uma das páginas, fechadas em maio de 2010. A NSA recomenda buscar modos de explorar utilidades como Google Maps e obter dados de posicionamentos, contatos, endereços e telefones nos metadados de fotos compartilhadas em redes sociais, como Facebook, Flickr, Linkedln ou Twitter.
Os documentos consultados pelo The New York Times indicam que especialmente as aplicações desenvolvidas no começo da introdução dos telefones inteligentes e aquelas com inserções publicitárias são as mais vulneráveis. Os arquivos revelados por Snowden mostram, por exemplo, que o centro de escutas do Reino Unido tentou explorar partes do código de programação do popular jogo Angry Birds em Android para obter dados pessoais.
O presidente Barack Obama anunciou novas restrições este mês para proteger a privacidade do estadunidense comum e dos estrangeiros da vigilância das agências, incluindo limites de como a NSA pode ver “metadados” das chamadas de celulares estadunidenses (a informação sobre as rotas, marcas de tempo e outros dados associados às chamadas). Mas não se referiu à avalanche de informações que as agências de inteligência conseguem das aplicações filtradas e outras funções dos smartphones.
E embora tenha expressado preocupação com as empresas de publicidade que recolhem informações das pessoas que enviam avisos sob medida aos seus telefones celulares, não ofereceu nenhuma insinuação de que os espiões estadunidenses tomam esses dados. Nada dos relatórios secretos indica que as empresas cooperam com as agências de espionagem para compartilhar as informações. O tema não foi mencionado.
As agências interceptaram durante muito tempo as primeiras gerações de tráfico celular, como mensagens de textos e metadados de quase todos os segmentos da rede de celulares e, mais recentemente, o tráfico de computadores que funcionam com internet a cabo. Como estas mesmas redes levam os dados de aplicativos infiltrados, as agências têm uma forma de recolher e guardar este novo recurso. Os documentos não dizem quantos usuários podem estar sendo afetados, e se incluem estadunidenses – algo que poderia violar a Constituição norte-americana – e a cada quanto tempo; com tanta informação recolhida automaticamente, os analistas podem ver os dados pessoais. Em uma resposta escrita, a NSA garantiu que não acessa “perfis do estadunidense comum” em suas “missões de inteligência estrangeira”.
O criador do Angry Birds, Rovio, reconheceu em 2012 que recopila informação privada de seus usuários para que as empresas de publicidade on-line dirijam melhor sua mensagem, uma técnica usada em outras aplicações para telefones. Os serviços de inteligência britânicos e estadunidenses poderiam obter essas informações secretamente, desde raça até orientação sexual ou status conjugal.
À medida que o programa se acelerou, a NSA quase quadruplicou seu orçamento em apenas um ano, de 204 milhões para 767 milhões em 2007, segundo uma análise canadense top secret escrita nessa época. Até os usuários sofisticados não estão conscientes de como os smartphones oferecem uma oportunidade única para encontrar informações a seu respeito. “Ao ter estes aparelhos em nossos bolsos e usando-os cada vez mais – disse Philippe Langlois, que estudou as vulnerabilidades das redes de telefonia móvel e é o fundador da empresa Priority One Security, com sede em Paris –, a gente se converte em um sensor para a comunidade do mundo inteligente”.
A agência de espionagem britânica não quis comentar nenhum programa específico, mas disse que todas as suas atividades estão dentro da lei britânica.
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