03 Outubro 2025
"As organizações de ajuda humanitária deveriam, em conjunto, defender um novo começo", escreve Volker Resing, editor da revista Cícero, em artigo publicado por Katholisch, 02-10-2025.
Eis o artigo.
Quando a Organização Episcopal de Assistência Misereor foi fundada em 1958, seu objetivo era combater a pobreza e a fome em todo o mundo. Um objetivo nobre. No entanto, a questão da eficácia de seu próprio trabalho deve ser constantemente levantada – isso se aplica a todas as organizações de assistência e à cooperação para o desenvolvimento como um todo. Infelizmente, em uma entrevista recente com o diretor executivo da Misereor, Andreas Frick, no jornal "Herder Korrespondenz", há poucas evidências disso. Em vez disso, o objetivo da organização é "apelar à consciência dos que estão no poder". Mas será que isso basta?
Misereor, por exemplo, apoia projetos climáticos na Ásia, como a China, um país de alta tecnologia, e a agricultura de subsistência na África. Mas o fato de a prosperidade estar ligada à economia e ao crescimento é frequentemente ignorado. Investimentos do setor privado são vistos com ceticismo. Mas o que erradicou a fome na China e na América Latina nos últimos 70 anos? Não seria apropriado fazer uma avaliação crítica?
Na entrevista, Frick critica a redução no orçamento de desenvolvimento alemão com a fórmula simples de que quem pode se armar também deve poder ajudar. No entanto, os cortes não se devem apenas a medidas de austeridade ou mesmo à insensibilidade; em vez disso, muitos estão percebendo que os inúmeros projetos bem-intencionados podem ser simplesmente uma moda passageira.
Porém, o CEO da Misereor ainda descreve a ajuda ao desenvolvimento como uma espécie de comércio de indulgência histórica. Após as duas guerras mundiais, a Alemanha sabe que tem "algo a compensar" que "foi destruído pela culpa das gerações anteriores". Será que a culpa é realmente a categoria certa para as organizações de ajuda humanitária e de cooperação para o desenvolvimento justificarem seu próprio trabalho em 2025? Não seria necessária uma mudança fundamental de era também no trabalho de desenvolvimento, para que o progresso real na prosperidade global se tornasse a medida de seu próprio sucesso? As organizações de ajuda humanitária deveriam, em conjunto, defender um novo começo.
Leia mais
- Em Misereor procuramos “como trabalhar juntos em desafios globais e não como ajudar os coitadinhos”. Entrevista com Markus Büker
- “As ONGs não nascem para substituir movimentos sociais; nascem para fortalecê-los.” Entrevista especial com Raimundo Augusto de Oliveira
- Importância do trabalho voluntário é mais percebida nas calamidades