24 Junho 2025
O vídeo continua crescendo em importância como fonte de notícia, que passou de 52% de consumidores em 2020 para 65% em 2025. Nas Filipinas, Tailândia, Quênia e Índia mais pessoas preferem assistir às notícias em vez de lê-las. No Brasil, o consumo de notícias pela televisão está em queda, abrindo margens para as redes sociais e à crescente popularidade do YouTube.
A reportagem é de Edelberto Behs.
As análises contam na 14ª edição de 2025 do Instituto Reuters sobre o consumo da informação pelo mundo, divulgado na terça-feira, 17 de junho. A análise está baseada em dados dos seis continentes e 48 mercados. No Brasil, pesquisa da Associação Brasileira de Podcasters (ABPod) estimou o número de ouvintes em quase 32 milhões, com vídeos representando 42% da produção de conteúdo.
Mas, mais da metade da amostra (58%) tem dificuldade de diferenciar o que é verdadeiro do que é falso quando se trata de notícias online. Influenciadores e personalidades online são vistos como a maior ameaça em todo o mundo (47%), no mesmo percentual se encontram os políticos nacionais. Ainda assim, o público pesquisado está dividido: As empresas de mídia social devem remover mais ou menos conteúdo que pode ser falso ou prejudicial, embora não seja ilegal?
Numa palavra inicial, a diretora do Instituto Reuters para o Estudo do Jornalismo, Mitali Mukherjee, destacou que o relatório de 2025 “chega em um momento de profunda incerteza política e econômica, com alianças geopolíticas em transformação, sem mencionar a crise climática e os conflitos destrutivos contínuos em todo o mundo. Nesse contexto, o jornalismo analítico e baseado em evidências deveria prosperar, com jornais desaparecendo das prateleiras, a mídia televisiva e o tráfego da internet crescendo rapidamente. Mas, como mostra nosso relatório, a realidade é muito diferente. Na maioria dos países, encontramos a mídia jornalística tradicional com dificuldades para se conectar com grande parte do público, com engajamento em declínio, baixa confiança e assinaturas digitas estagnadas”.
Ela diz, mais adiante: “Políticos populistas em todo o mundo conseguem, cada vez mais, ignorar o jornalismo tradicional em favor de mídias partidárias amigáveis, ‘personalidades’ e ‘influenciadores’ que frequentemente têm acesso especial, mas raramente fazem perguntas difíceis, com muitos envolvidos na disseminação de narrativa falsa ou algo pior”.
Apesar desse quadro, um dado positivo resultado da pesquisa é que a confiança geral nas notícias permaneceu estável em 40% pelo terceiro ano consecutivo. Em muitos países, quando pessoas querem verificar se uma informação é falsa ou verdadeira no online, recorrem justamente a fontes oficiais. Isso se aplica a todas as faixas etárias, embora os jovens sejam proporcionalmente mais propensos do que os grupos mais velhos a usar as mídias sociais.