"Isso tudo é consequência da crise climática", diz autor de romance que "previu" incêndios em Los Angeles

Incêndios Los Angeles | Foto: Eddiem360 / Wikimedia Commons

Mais Lidos

  • A ideologia da Vergonha e o clero do Brasil. Artigo de William Castilho Pereira

    LER MAIS
  • Juventude é atraída simbolicamente para a extrema-direita, afirma a cientista política

    Socialização política das juventudes é marcada mais por identidades e afetos do que por práticas deliberativas e cívicas. Entrevista especial com Patrícia Rocha

    LER MAIS
  • Que COP30 foi essa? Entre as mudanças climáticas e a gestão da barbárie. Artigo de Sérgio Barcellos e Gladson Fonseca

    LER MAIS

Revista ihu on-line

O veneno automático e infinito do ódio e suas atualizações no século XXI

Edição: 557

Leia mais

Um caleidoscópio chamado Rio Grande do Sul

Edição: 556

Leia mais

Entre códigos e consciência: desafios da IA

Edição: 555

Leia mais

14 Janeiro 2025

Enquanto os bombeiros da Califórnia continuam a combater os incêndios florestais que já devastaram 120 quilômetros quadrados na região de Los Angeles, a previsão de ventos fortes a partir de terça-feira (14) preocupa ainda mais autoridades e moradores. O número de vítimas subiu para 24 mortos. Na área metropolitana de Los Angeles, as chamas estão sendo alimentadas pelos ventos de Santa Ana, um fenômeno climático conhecido por secar as encostas, tornando a vegetação altamente inflamável.

A informação é publicada por RFI, 13-01-2025.

Reportagem do jornal Le Monde publicada nesta segunda-feira (13) aponta que vários focos de incêndio ainda estão ativos. A água potável está contaminada nas regiões mais atingidas pelo fogo. A polícia registrou cerca de vinte atos de vandalismo nas ruas abandonadas às pressas pelos moradores e um toque de recolher foi instaurado para evitar roubos.

O jornal Libération compara os danos da calamidade a uma "erupção vulcânica", descrevendo um cenário apocalíptico que vai das montanhas até a beira do mar, destacando o desaparecimento completo das casas no antes charmoso balneário de Malibu. "As casas feitas em madeira desapareceram, restando apenas as chaminés e carcaças de veículos calcinados", aponta a publicação.

Na praia de Topanga, do hotel construído pelo magnata William Hearst, que inspirou o filme Cidadão Kane, de Orson Welles, restaram "apenas alguns degraus de uma escada". O fogo agora volta a ameaçar a Villa Getty, construção neoclássica erguida pelo magnata de mesmo nome e que guarda obras de arte greco-romanas de valor inestimável.

Os preços das apólices de seguro na região, atingida por incêndios cada vez mais frequentes, triplicaram. Ao todo, 10.000 construções queimaram e os prejuízos são estimados em US$ 50 bilhões, cerca de R$ 305 bilhões no câmbio de hoje. A cidade que já serviu de cenário para muitos filmes "vive uma catástrofe real", conforme mostram as imagens transmitidas pela televisão local.

Em entrevista ao Libération, o escritor americano Stephen Markley, autor do livro "O Dilúvio", em tradução livre, fala deste romance lançado no ano passado, que aborda a crise climática de forma quase premonitória, e o evento extremo de um incêndio que reduz Los Angeles a cinzas.

O autor afirma que "a realidade, hoje, parece surrealista". Mas ele conta que não pode trabalhar por causa da fumaça que atinge o centro de Los Angeles, onde mora. "A qualidade do ar está terrível", descreve. "A única diferença do meu livro para o cenário atual é que o centro da cidade foi poupado, graças ao trabalho dos bombeiros", afirma o autor.

"Não quero ser aquele que diz 'eu avisei', mas não podemos fingir que os incêndios são obra de Deus ou uma catástrofe aleatória", alerta. "Isso tudo é consequência da crise climática", conclui o escritor.

Leia mais