“Deixados para Trás: O Início do Fim”. Um filme para não extinguir o Espírito

Foto: Reprodução

02 Mai 2023

Na atual conjuntura nacional e internacional, pós-pandemia global, não faltarão possibilidades de interpretação do filme canadense que está em cartaz nos cinemas, “Deixados para Trás: O Início do Fim”, dirigido por Kevin Sorbo.

O comentário é de Patricia Fachin, jornalista, graduada e mestre em Filosofia pela Unisinos.

O longa gira em torno de narrativas que tentam explicar o misterioso desaparecimento de milhões de pessoas no mundo, numa disputa entre uma interpretação bíblica dos fatos e um arrazoado baseados em dados interpretados. Com o medo e o caos instalados na sociedade, diante de uma segunda onda de desaparecimentos, os diferentes atores sociais justificam suas formas de abordar a questão, que ganha novos contornos a partir do desenvolvimento de planos globais para salvar os que ficaram, imbricados em negociações com o setor financeiro, a Organização das Nações Unidas - ONU, setores de tecnologia, e os envolvidos na eterna busca pela paz em Jerusalém.

 

 

No meio desse turbilhão social, em que atores agem em diferentes instâncias e com distintos interesses, inicia-se uma saga pela verdade: a busca por Cristo e pelo Anticristo. É interessante observar que, mesmo na comunidade de crentes - ou supostamente crentes -, a primeira busca só se efetiva com a experiência real, pessoal, com o encontro espantoso com o ressuscitado e, posteriormente, na caminhada da própria comunidade. É assim que acontece com as quatro personagens convertidas. Elas circundavam a comunidade, queriam crer, mas estavam repletas de dúvidas, e os testemunhos dos demais não eram suficientes para mudar seus corações porque elas próprias precisavam encontrá-Lo no caminho. Em todas, apesar das dúvidas e da incredulidade, havia disposição de abertura ao Espírito, o que nos faz lembrar as palavras do teólogo e padre jesuíta alemão, Karl Rahner:

"Nós somos capazes de extinguir o Espírito; nós somos capazes de sufocar sua ação em nós mesmos e no mundo. Ele está entregue ao nosso poder, ao poder da nossa indolência, ao poder de nossa covardia, à disposição de nosso vazio coração terreno, de nosso desamor. (...) Fazer que a chama do Espírito seja asfixiada por nós deve ser fácil e imperceptível. Parece que é necessário poder dispor de boas razões para fazê-lo com a 'consciência tranquila', já que o apóstolo precisa instar-nos: 'Não extingais o Espírito!'. (...) Precisamos saber arcar com o peso da difícil e árdua questão: o que nos cabe fazer para não extinguirmos o Espírito? Se pudéssemos considerá-la fácil de ser respondida, nem precisaríamos perguntar."

 

 

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