10 Novembro 2022
Há poucos dias, o Papa Francisco ofereceu para sediar no Vaticano conversas sobre a segurança compartilhada dos Estados Unidos, Europa, Rússia e Ucrânia. O anúncio foi feito por Leonid Sevastianov, presidente da União Mundial dos Velhos Crentes Russos, organização religiosa sediada na Suíça próxima ao metropolita ortodoxo russo Hilarion, que conversou recentemente com o Papa Francisco e está em contato pessoal com ele desde maio, quando ele havia recebido um bilhete escrito pelo papa abençoando seus esforços de paz.
A reportagem é de Maria Antonietta Calabrò, publicada por JustOut, 09-11-2022.
Sebastianov, entrevistado pela TASS, disse: "Após as declarações de [ministro das Relações Exteriores da Rússia Sergey] Lavrov e de [porta-voz do Kremlin Dmitry] Peskov, o papa oferece a Cidade do Vaticano como sede para as conversas entre Estados Unidos, Europa, Rússia e Ucrânia" sobre a segurança. Sevastianov acrescentou que "o Vaticano está na lista de países amigos da Rússia e é neutro. Também é amigo da Ucrânia, dos Estados Unidos e da OTAN. Portanto, o Vaticano é o lugar ideal para negociações".
Um pouco antes, em entrevista à TASS, Sevastianov havia relatado seu telefonema pessoal com o Papa Francisco, no qual o papa teria antecipado sua disposição de sediar as negociações entre os presidentes russo e ucraniano Vladimir Putin e Volodymyr Zelenskyy na Cidade do Vaticano, na tentativa de resolver o conflito.
Sevastianov já havia recebido um bilhete pessoal de Francisco em maio abençoando ele e sua esposa, uma famosa cantora de ópera russa, pela paz.
Agora Sevastianov fez este anúncio. Trata-se de uma novidade relevante, se não uma verdadeira virada, que faz compreender melhor o grande ativismo da Igreja Católica e do Vaticano nas últimas semanas. E na segunda-feira o papa recebeu, no Vaticano, o chefe da Igreja Católica Ucraniana, Sviatoslav Shevchuk. O chefe da Igreja Greco-Católica Ucraniana pela primeira vez desde o início da guerra causada pela agressão russa, saiu da Ucrânia. Embora tenham suscitado muita perplexidade as declarações do papa no voo de volta do Bahrein, nas quais atribuiu as atrocidades cometidas contra civis ucranianos "a mercenários" e não ao povo russo. O embaixador ucraniano na Santa Sé contestou abertamente isso.
O anúncio de Sevastianov aconteceu poucos dias após a visita do presidente francês Macron ao Vaticano, que instou o papa, como ele mesmo declarou ao Le Point, a ligar diretamente para o presidente dos EUA Joe Biden, o presidente russo Vladimir Putin e o patriarca de Moscou, Kirill e à iniciativa de paz da Comunidade de Santo Egídio.
Os Estados Unidos, inclusive, estão pressionando o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky a reconsiderar sua posição contra as negociações com o presidente russo, Vladimir Putin, escreveu o Washington Post.
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O Papa ofereceu o Vaticano como território neutro para as conversas entre Rússia, Estados Unidos e Ucrânia - Instituto Humanitas Unisinos - IHU