07 Novembro 2022
A reportagem é publicada por Religión Digital, 07-11-2022.
A União Internacional das Superioras Gerais (UISG), que representa mais de 600.000 religiosas que trabalham no campo da saúde, fome e cuidado infantil, pede a "integração das vozes das comunidades marginalizadas no debate global sobre questões ambientais". Fá-lo através da declaração "Irmãs pelo Meio Ambiente: Integrando Vozes das Margens", lançada oficialmente na quinta-feira da sede da UISG em Lungotevere Tor di Nona 7, Roma, com o apoio do Fundo Global de Solidariedade (GSF). A apresentação da declaração foi transmitida ao vivo no canal oficial do YouTube em quatro idiomas [a seguir, a versão em espanhol].
"É necessário ouvir atentamente as vozes das pessoas afetadas por catástrofes ambientais - afirma o texto -, tanto para o reconhecimento de sua dignidade como seres humanos quanto, com uma abordagem pragmática, para aprender com sua resiliência". Os mais vulneráveis devem ser integrados como atores principais nos marcos institucionais, garantindo que suas vozes sejam centrais no diálogo global para a mudança e não sejam relegadas à advocacia periférica e isolada. Em particular, levar em consideração as sugestões das comunidades indígenas para interromper ou modificar projetos que afetam suas terras e garantir que a opinião de especialistas das comunidades faça parte dos esforços para mitigar as mudanças climáticas e o colapso da biodiversidade”.
Dois outros pontos-chave do documento referem-se à necessidade de integrar as respostas às mudanças climáticas e à perda de biodiversidade, reconhecendo a natureza interconectada dos desafios ecológicos, e combinar o cuidado com o meio ambiente com o cuidado com as pessoas mais vulneráveis, rejeitando a visão antropocêntrica "que sustenta os hábitos de consumo mais destrutivos".
Dentro da declaração há um apelo para “agir rapidamente para impedir o colapso da biodiversidade, garantindo que, até 2030, pelo menos metade da Terra e dos oceanos se tornem áreas protegidas, os ecossistemas devastados sejam restaurados e a dependência global reduzida dos combustíveis fósseis". Mas também o apelo para “chegar a um consenso global sobre o Tratado de Não Proliferação de Combustíveis Fósseis e assinar o acordo de um novo marco global para a biodiversidade”.
Por um lado, a declaração aborda a emergência atual ao identificar a COP27 sobre mudanças climáticas e a COP15 sobre biodiversidade como oportunidades essenciais para reverter a tendência que está destruindo a Terra. Por outro lado, expressa a visão profundamente enraizada e orientada pela fé da conversão ecológica que inspirou a missão das irmãs por décadas e ainda continua em todo o mundo.
Cinco histórias foram escolhidas para contar o compromisso de freiras na linha de frente para proteger o planeta: Ir. Anne Carbon, nas Filipinas; a irmã Jyotisha Kannamkal, na Índia; a irmã Nathalie Kangaji, na República Democrática do Congo; e as Irmãs da Misericórdia das Américas. Desde trabalhar ao lado dos indígenas Subaanen, ameaçados por projetos de mineração, até trabalhar para garantir educação e apoio às comunidades mais vulneráveis. Desde assistência jurídica para garantir que as empresas multinacionais de cobalto respeitem o meio ambiente e as populações locais, até o lobby por fundos para apoiar países de baixa renda na mitigação e adaptação às mudanças climáticas.
“A essência desta declaração é baseada na experiência global de ativismo e advocacia política realizada com a campanha Semeando Esperança para o Planeta”, disse a Irmã Patricia Murray, Secretária Executiva da UISG. "Nascida em 2018, esta campanha tornou-se uma força motriz dentro do Movimento Laudato sì', promovendo uma infinidade de iniciativas e boas práticas implementadas pelas irmãs e seus parceiros em resposta à carta encíclica do Papa.
Durante seu discurso, a coordenadora de Semeando Esperança para o Planeta, Ir. Sheila Kinsey ilustrou alguns dos resultados alcançados por meio do trabalho em rede: "Colaboramos com grupos de conservação de terras para preservar sementes nativas, mitigar os danos da mineração, plantar árvores para reflorestamento, cultivar hortas comunitárias e proteger a terra e os direitos dos povos indígenas. As redes Semeando Esperança para o Planeta promoveram o acesso à água potável, aumentaram a conscientização pública sobre a poluição da água e os problemas de escassez, defenderam a legislação para proteger as fontes de água doce.
"Enquanto o futuro do nosso planeta está em jogo, sabemos que para chegar ao ponto de inflexão da mudança é necessário que todas as pessoas de boa vontade trabalhem juntas além das fronteiras e identidades, deixando de lado as diferenças para defender nossa casa comum. Este é o apelo final da Irmã Patricia Murray, destacando como a declaração incorpora esse espírito de cooperação que as irmãs procuram fomentar, com base na colaboração entre os escritórios, parceiros e financiadores da UISG.
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‘Irmãs pelo meio ambiente’: Religiosas de todo o mundo exigem que COP27 “incorpore as vozes das margens” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU