01 Novembro 2022
O Conselho ambiental do estado analisa proposta “para criar critérios de regulamentação de atividades de lavras garimpeiras” no estado.
A reportagem é de Nicoly Ambrosio, publicada por Amazônia Real, 30-10-2022.
O governador reeleito Wilson Lima (União Brasil) venceu o segundo turno das eleições no Amazonas com 57% dos votos válidos contra 43% de Eduardo Braga (MDB), conforme a apuração do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
No primeiro turno, Wilson obteve 42,82% dos votos válidos. Braga ficou com 20,99%, segundo o TSE.
Estado reconhecido pelos cientistas políticos como um dos dois mais importantes para sacramentos votos no país, o primeiro é Minas Gerais, Luís Inácio Lula da Silva (PT) foi eleito Presidente da República com 50,79% dos votos válidos no Amazonas, derrotando Jair Bolsonaro (PL) que obteve 49,21% dos votos, segundo o TSE. Os mineiros também elegeram Lula.
As propostas da gestão de Wilson Lima, 46 anos, não englobam proteção à floresta amazônica, povos indígenas e quilombolas ou mesmo de combate ao desmatamento e crimes ambientais. Pautado na defesa de atividades exploratórias dos recursos da natureza como agronegócio, mineração, exploração madeireira e construção de rodovias, o governador reeleito é um dos apoiadores de Jair Bolsonaro (PL). No mês de junho deste ano ele criticou ações de ambientalistas e disse ser contra a criação de uma reserva extrativista em Manicoré, além de apoiar a empresa Potássio do Brasil, que pretende explorar silvinita no estado.
Em seu plano de governo, Wilson Lima promete fortalecer o agronegócio e “agilizar a análise dos pedidos de licenciamento ambiental das áreas produtivas, reduzindo o tempo e custo para produtores e empresários do setor primário”. O governador, que apoia o garimpo no rio Madeira, deve liberar ações da atividade por meio do Conselho Estadual de Meio Ambiente do Amazonas (Cemaam).
No último ato anti-ambiental do governo Lima, antes do segundo turno das eleições, o Cemaam passou a analisar uma proposta da Secretaria de Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Sedecti) “para criar critérios de regulamentação de atividades de lavras garimpeiras” no Amazonas. O documento assinado pelo titular da Sedecti, Angelus da Crus Figueira, será analisado por uma comissão técnica específica do Cemaam.
O secretário de meio ambiente do Amazonas, Eduardo Taveira, disse em sua rede social que “a ideia é aumentar o controle por parte do Estado, minimizando os impactos econômicos e ambientais oriundos da ilegalidade da atividade garimpeira”.
Ex-Superintendente Técnico Científico da Fundação Amazônia Sustentável (FAS), Eduardo Taveira afirmou que “uma Comissão Técnica específica avaliará esses critérios que, quando aprovados, serão implementados por meio do Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam). Formam a comissão, entre outros, representantes da Sedecti, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), e da Fundação Amazônia Sustentável (FAS)”.
A Fundação Amazônia Sustentável (FAS) foi anunciada recentemente como uma das 100 organizações brasileiras a vencer o Prêmio Melhores ONGs. Na lista, que já está disponível no site premiomelhores.org, diz que a organização foi reconhecida por suas boas práticas em quesitos como governança, transparência, comunicação e financiamento. O Prêmio Melhores ONGs é realizado pelo Instituto O Mundo que Queremos, pelo Instituto Doar e pelo Ambev VOA, com apoio de pesquisadores da Fundação Getúlio Vargas (FGV), do Instituto Humanize e da Fundação Toyota do Brasil.
O governador Wilson Lima é investigado pela Polícia Federal em uma investigação que abrange a primeira-dama de Amazonas, Taiana Lima, por suspeita de pagamento de R$ 574 mil em dinheiro vivo para reformar a casa onde mora o casal, em Manaus. A obra foi realizada durante o período da pandemia, em 2020. O governador nega a denúncia.
Movimento no T2 da Cachoeirinha
Foto: Alberto César Araújo | Amazônia Real
Durante a votação do segundo turno das eleições na manhã deste domingo (30), o clima foi de normalidade nas ruas, principalmente na capital Manaus, segundo avaliou o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) do Amazonas. Diferente de outras cidades, que enfrentam problemas com bloqueios pela Polícia Rodoviária Federal (PRF), os principais terminais de ônibus da cidade não apresentaram tumultos e filas, apesar da gratuidade do transporte público.
No bairro Zumbi dos Palmares na zona leste de Manaus, as eleitoras e irmãs Elis, Eliziane Santos e Erotildes Cruz foram obrigadas por fiscais do TRE Amazonas a retirarem de suas blusas adesivos do candidato à presidência Luís Inácio Lula da Silva (PT), o que contraria a legislação eleitoral. Na coletiva à imprensa, o presidente do tribunal, desembargador Jorge Lins disse que iria apurar o caso, mas “o eleitor pode se manifestar silenciosamente usando bottons, adesivos, é permitido”, disse.
Os eleitores amazonenses foram às urnas com expectativas de dias melhores, como é o caso das autônomas Bianca Brás, 27, e Bianca Lima, 21. Entrevistadas pela reportagem enquanto esperavam transporte no Terminal de Integração da Cidade Nova – T3, localizado na Avenida Noel Nutels, Cidade Nova I, Zona Norte de Manaus, logo após votarem, as amigas destacam sua posição nessas eleições. “Estou com expectativa de que mude muita coisa, e que o Lula vença! O Lula vai aumentar o salário”, disse Bianca Brás. “Bolsonaro é racista, se ele ganhar vai dar um sumiço na gente”, disse Bianca Lima relacionando ao fato de ser uma travesti preta. A autônoma finaliza afirmando seu voto para governo em Eduardo Braga (MDB), em contrapartida à Wilson Lima (União Brasil), “Wilson Lima fala que vai nos ajudar e não tira a gente do ‘bodozal’, por isso votei em Eduardo Braga”.
No Porto da Ceasa, localizado na Zona Sul de Manaus, os eleitores se deslocaram para votar no interior, como foi o caso de Abigail Ádria, 29. A autônoma mora em Manaus e vota no município de Careiro da Várzea, localizado a 21,64 km da capital, e relatou tranquilidade na zona eleitoral. “A votação no interior está tranquila, as filas estão menores do que no primeiro turno”.
Abigail também fez questão de expor suas opções de voto neste segundo turno: “Eu voto no Bolsonaro e no Wilson Lima, e quero que eles ganhem. As pessoas lá no interior são de uma outra realidade, elas não votam no meu candidato por várias questões, mas hoje em dia o que me faz votar no Bolsonaro é que eu sou evangélica, as expectativas da minha vida são baseadas no que ele diz, como a família e a pátria, e porque eu tenho um negócio próprio, trabalho e não dependo do PT (Partido dos Trabalhadores)”.
O industriário Edson Luis, 32, acredita que essa eleição é um momento para refletir sobre o futuro do país, porque segundo ele “o negócio está sério”. “Eu espero que quem for eleito faça alguma coisa por nós”, afirmou. Já a manicure Angélica Cristina, 33, disse em entrevista à reportagem que se pudesse, não votaria em nenhum dos candidatos ao governo e à presidência. “A proposta deles é atacar e não cumprir nada do que prometem”.
O presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Alexandre de Moraes, durante coletiva de imprensa no Centro de Divulgação das Eleições
Foto: Agência Brasil
Na manhã de votação, o presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Alexandre de Moraes, decidiu restringir a divulgação de operações da Polícia Federal, mas sem abranger o sistema de dados de segurança usado pela instituição ou do Centro Integrado de Comando e Controle. A nota do TSE saiu após a PF ter dito que não divulgaria dados durante todo o dia sobre os possíveis crimes eleitorais praticados no segundo turno no Brasil. Às 9h12 da manhã, no horário de Brasília, a PF passou a não divulgar resultados de operações de combate aos crimes eleitorais.
Antes, nos dias 28 e 29, foram anunciadas duas apreensões em Manaus. A Delegacia de Defesa Institucional (Delinst) apreendeu R$ 3.000.000,00 em uma agência bancária com dois homens do estado do Acre, que foram presos em flagrante, no dia 21 de outubro. “Os presos não comprovaram a destinação do dinheiro e responderão pelo crime de possível “caixa dois”, fundamentado no artigo 350 do Código Eleitoral, com pena de até 5 anos de prisão e multa”.
Outra operação no aeroclube de Manaus no sábado (29), a PF localizou com uma funcionária pública, passageira de um avião, transportando duas caixas de papelão, que continham material de campanha de um dos candidatos ao governo do Amazonas. O nome do candidato não foi revelado pela polícia. Nos cartões tinha escrito “Auxílio Municipal” do município de Eirunepé.
“A Polícia Federal apreendeu o material suspeito e instaurou inquérito policial para esclarecer os fatos e a origem do material. A mulher foi encaminhada à Superintendência da Polícia Federal para prestar depoimento ao Delegado responsável pelo caso e responderá pelo possível crime de corrupção eleitoral e “caixa dois”, fundamentados no artigo 299, com pena de até 4 anos e multa, e artigo 350, com pena de até 5 anos e multa, ambos do Código Eleitoral”, disse a nota.
Polícia Federal fez apreensão no Aeroclube de Manaus
Foto: Divulgação PF
FECHAR
Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:
Wilson Lima é reeleito e deve liberar garimpo no Amazonas - Instituto Humanitas Unisinos - IHU