Os católicos e os sem-religião podem garantir a vitória de Lula no 1º turno. Artigo de José Eustáquio Diniz Alves

Foto: Marri Nogueira | Agência Senado

Mais Lidos

  • Zohran Mamdani está reescrevendo as regras políticas em torno do apoio a Israel. Artigo de Kenneth Roth

    LER MAIS
  • “O capitalismo do século XXI é incapaz de atender às necessidades sociais da maioria da população mundial”. Entrevista com Michael Roberts

    LER MAIS
  • Guiné-Bissau junta-se aos países do "cinturão de golpes militares" do Sahel e da África Ocidental

    LER MAIS

Revista ihu on-line

O veneno automático e infinito do ódio e suas atualizações no século XXI

Edição: 557

Leia mais

Um caleidoscópio chamado Rio Grande do Sul

Edição: 556

Leia mais

Entre códigos e consciência: desafios da IA

Edição: 555

Leia mais

26 Setembro 2022

 

"Os eleitores que se declaram católicos e aqueles que se declaram sem religião estão prestes a garantir a vitória do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no dia 02 de outubro", escreve José Eustáquio Diniz Alves, demógrafo e pesquisador em meio ambiente, em artigo publicado por EcoDebate, 23-09-2022.

 

Eis o artigo. 

 

O voto evangélico foi fundamental para a eleição do presidente Jair Bolsonaro em 2018, como mostrei no artigo “O voto evangélico garantiu a eleição de Jair Bolsonaro”, publicado no Portal Ecodebate (Alves, 31/10/2018).

 

Mas em 2022, os eleitores que se declaram católicos e aqueles que se declaram sem religião estão prestes a garantir a vitória do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no dia 02 de outubro, embora o presidente Bolsonaro tenha conseguido manter a maioria da preferência dos votos evangélicos.

 

A pesquisa do Instituto Datafolha, publicada no dia 22 de setembro, indicou intenção de voto de 47% em Lula, 33% em Bolsonaro, 7% em Ciro Gomes, 5% em Simone Tebet, 2% nos demais candidatos e 6% em votos nulos, brancos e não sabem. Considerando os votos válidos, Lula ficou com 50%, Bolsonaro com 35,5%, Ciro com 7,2%, Tebet com 5,4% e os demais candidatos com 2,5%. Na amostra da pesquisa Datafolha, os católicos representam 56% do eleitorado, os evangélicos 27%, os sem religião 12% e 5% para as demais religiões.


Considerando a intenção de voto de acordo com as opções religiosas dos segmentos do eleitorado e o peso de cada segmento religioso no conjunto dos potenciais votantes, o gráfico abaixo mostra a distribuição das intenções de voto válido para os 4 principais candidatos e para a soma dos candidatos com baixíssima citação de voto.

 

Nota-se que dos 50% dos votos válidos do candidato Lula 31,2% são dos católicos, 9,2% dos evangélicos, 7,1% são dos eleitores que se declaram sem religião e 2,3% dos eleitores de outras religiões. Dos 35,5% dos votos válidos do candidato Bolsonaro 16,5% são dos católicos, 14,4% são dos evangélicos, 2,9% são dos sem religião e 1,7% das outras religiões. Os percentuais dos outros candidatos são bem menores, como mostrado nas barras do gráfico abaixo.

 

 

 

O gráfico seguinte, também com dados da pesquisa Datafolha de 22/09/2022, mostra as intenções de voto por segmentos religiosos para os dois candidatos mais bem posicionados nas pesquisas eleitorais. Nota-se que o candidato Lula tem mais de 50% dos votos entre os católicos e entre os sem religião e um percentual menor entre os evangélicos e as pessoas de outras religiões, enquanto o candidato Bolsonaro tem 50% das intenções de voto dos evangélicos e fica bem abaixo dos 50% nos outros segmentos.

 

 

colocar aqui a legenda (Foto: nome do fotógrafo)

 

Nas eleições presidenciais de 2018, Bolsonaro ganhou com grande diferença entre os evangélicos, empatou entre os católicos, venceu entre as outras religiões e perdeu de pouco entre os sem religião.

 

Agora em 2022, o quadro se alterou, pois embora Lula perca entre os evangélicos, ele ganha entre os outros segmentos e coloca ampla margem de vantagem entre os católicos e os sem religião. Desta forma, esses dois segmentos podem decidir o pleito no primeiro turno das eleições presidenciais de 2022.

 

Referências:

 

ALVES, JED, CAVENAGHI, S, BARROS, LFW, CARVALHO, A.A. Distribuição espacial da transição religiosa no Brasil, Tempo Social, revista de sociologia da USP, v. 29, n. 2, 2017, pp: 215-242


ALVES, JED. O voto evangélico garantiu a eleição de Jair Bolsonaro, Ecodebate, 31/10/2018

 

Leia mais