• Dominique Rey, bispo de Fréjus-Toulon, aceita "com dor e confiança" uma medida que tem a ver com a reestruturação que foi feita do seminário e a presença nele de sensibilidades tradicionalistas.

• Fontes próximas ao bispo descrevem a medida do Vaticano como uma "decisão brutal" que deixou a diocese e os jovens que seriam ordenados em "estado de choque".

A reportagem é de José Lorenzo, publicada por Religión Digital, 03-06-2022.

Em uma decisão que deixou a diocese francesa de Fréjus-Toulon em estado de choque, o Vaticano suspendeu as ordenações de seis diáconos e quatro seminaristas que o bispo deveria realizar no final daquele mês de junho, no que é considerado um retrocesso diante das discrepâncias com a formação que os candidatos recebem no seminário diocesano.

Esta decisão, acolhida por Dom Dominique Rey “com dor e confiança, consciente da provação que representa sobretudo para aqueles que estavam prestes a receber a ordenação”, como ele mesmo reconheceu em comunicado, surge após a “visita fraterna” realizada, “ a pedido de Roma”, à diocese pelo recém-nomeado Cardeal de Marselha, Jean-Marc Aveline, metropolita daquela província eclesiástica.

Dominique Rey, Bispo de Fréjus-Toulon

Durante essa visita, “juntamente com os muitos e belos frutos que traz o anúncio do Evangelho e a missão dos cristãos comprometidos - clérigos, consagrados e leigos - em nossa diocese, as perguntas que alguns dicastérios romanos faziam sobre a reestruturação do seminário e a política de acolhimento da diocese” aos candidatos, segundo o bispo, nomeado por João Paulo II em 2000.

"Uma entrevista sobre estes temas, ainda recentemente, com o Cardeal Ouellet, prefeito da Congregação para os Bispos, permitiu oferecer complementos úteis", acrescenta o bispo, que confirma no comunicado que "na pendência do seguimento destes intercâmbios em curso com os dicastérios romanos , foi solicitado o adiamento das ordenações diaconais e sacerdotais previstas para o final de junho".

Uma diocese "laboratório de evangelização"

Vindo da comunidade carismática de Enmanuelle, a dor do bispo por esta decisão repentina se soma, segundo Le Figaro, ao estado de "choque" em que a diocese foi deixada e os candidatos que não serão mais ordenados no momento , no que fontes próximas a Rey citadas pelo jornal consideram uma "decisão brutal".

Aparentemente, por trás da medida do Vaticano está o fato de que a diocese se tornou nos últimos anos uma espécie de "laboratório para a evangelização", no qual foram acolhidas cerca de trinta comunidades francesas, incluindo algumas com sensibilidades tradicionalistas.

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