12 Janeiro 2022
As chuvas intensas em Minas Gerais põem a nu a tragédia anunciada pela mineração no quadrilátero chamado de ferrífero.
A nota é escrita por Maria Elisa Baptista, presidente do Instituto dos Arquitetos do Brasil, e publicada pelo Blog do Pedlowski, 11-01-2022.
O perímetro do quadrilátero – para lhe fazer jus, o quadrilátero aquífero – cerca as serras do Curral, da Piedade, do Caraça, do Gandarela, de Ouro Branco, da Moeda, do Rola Moça, encosta em Belo Horizonte na face da Serra do Curral, e guarda preciosidades: cidades, igrejas, sítios arqueológicos, grutas, parques naturais, vida silvestre, casas, gentes. E água.
Guarda ainda seu maior pecado: minério. Desde a descoberta do ouro no final do século XVII, nossa riqueza é para inglês ver, é para rechear os cofres do quinto, é o minério de ferro sendo arrancado e expatriado, deixando seu rastro de crateras, águas exauridas, solo contaminado, rios mortos, famílias destroçadas.
A tragédia em Capitólio é de outro espectro, mas da mesma ordem predatória do território. Nos falta cuidado, discernimento, escolhas justas, diretrizes claras. Nos falta bom senso, e nos falta, principalmente, governo. O simulacro que hoje temos não cuida, não protege, não planeja, não confia nos especialistas, não toma providências.
2022 chega com horror e tristeza. O Instituto de Arquitetos do Brasil une-se à dor das famílias atingidas por tantas tragédias.
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Instituto de Arquitetos do Brasil lança nota sobre “tragédia anunciada da mineração” em Minas Gerais - Instituto Humanitas Unisinos - IHU