Breves do Facebook

Foto: PxHere

22 Novembro 2021

 

Cesar Benjamin

 

AMAZÔNIA: 1,9 BILHÃO DE ÁRVORES DERRUBADAS EM DOIS ANOS

Uma pessoa pode levar uma fortuna em cocaína escondida num simples fundo falso de alguma coisa. Mas madeira, não. É um objeto volumoso, pesado, que só pode ser transportado de modo visível, por balsas (rios) e por caminhões (estradas) – nem mesmo por aviões – até o embarque num porto.

Estou chocado com a informação de que nos dois anos do governo Bolsonaro foram derrubadas 1,9 bilhão de árvores na Amazônia. Toda esta madeira foi escoada sem ser detectada.

Miriam Leitão faz um artigo forte: “Para derrubar tanta mata assim é preciso ter um projeto de governo, ter a cobertura do Congresso em leis que estimulam isso, demolir o aparato estatal de proteção à floresta e dos indígenas e ter a ajuda do procurador-geral da República. O Congresso é cúmplice. O procurador-geral é cúmplice. Os ministros são cúmplices. Os generais são cúmplices.”

A lista de cumplicidades poderia aumentar. É uma tragédia.

Em 2019, publiquei “Amazônia: cuidado, frágil”, que se tornou um capítulo do meu livro “Ensaios brasileiros”. Abaixo, um pequeno trecho:

* * *

“Mantido o ritmo atual, a destruição da Amazônia atingirá em alguns anos um ponto de não retorno, com o aumento da temperatura regional e a subsequente a savanização da floresta. Será uma perda irreparável para o Brasil.

"O Brasil não disputará com a China a primazia mundial na produção de manufaturados. Não disputará com os Estados Unidos e a União Europeia o predomínio nas tecnologias de ponta que já estão maduras e em seus desdobramentos. Mas, como veremos, poderá ser vanguarda no mundo se conseguir criar uma coisa nova, a economia da biodiversidade. Uma economia high-tec de novo tipo.

"Só nós temos essa possibilidade. E a estamos jogando fora.

"Em pleno século XXI, a Amazônia destruída será a confirmação do nosso fracasso como Nação. Preservada e integrada em um novo modelo de desenvolvimento, que estamos desafiados a inventar, será o ponto de partida para retomarmos o sonho de uma civilização brasileira."

* * *

O Brasil está fracassando como Nação. O artigo completo está no link.

Abraços,

Cesar Benjamin

Amazônia: Cuidado, frágil. Disponível aqui.

 

Leituras Livres

 

Na Semana da Consciência Negra, não podia faltar a "fúria " do compositor e musicista Chico César.

 

 

Celso Augusto Schröder

 

Uma fotinho com uma notinha de cinco linhas foi a forma da Zero Hora noticiar a recepção de chefe de estado do Lula pelo Macron. Enquanto reservava páginas e páginas para o motoqueiro fantasma que perambula pela Europa e Golfo Pérsico.

 

 

 

Leituras Livres

 

Pensamento noturno.

O mal estar numa República chamada Brasil.

 

 

Pensadores contemporâneos

 

"Enquanto a canalhice e a má-intenção têm a ver com falha no caráter individual, a estupidez é muito mais perigosa, por ser um fenômeno coletivo, sócio-psicológico.

O canalha é sempre um covarde, que busca sempre tirar a melhor vantagem pessoal do infortúnio coletivo ou do outro. Quanto à má intencionada, basta denunciá-la, desmascará-la. O canalha e o mal-intencionado estão no campo da imoralidade: necessitam de máscaras, subterfúgios, uma sombra na qual possam se esconder e operar.

Porém, a estupidez se desloca para outro campo: o da amoralidade. Estúpidos são orgulhosos da própria estupidez, porque têm a chancela do grupo, do coletivo. Sabe que não estão sozinhos, e isso já é mais do que suficiente para ele.

Freud já expunha isso no texto 'Psicologia de Massas e Análise do Ego': mais do que a morte, o que o homem mais teme é a solidão. Os indivíduos nas massas permanecem unidos não pelo poder da hipnose do líder, como sugeriam antigos psicólogos como Gustave Le Bon. Mas por 'amor a eles', aos outros que formam a massa ou o grupo.

As redes sociais apenas exponenciaram esse funcionamento interno de cada um de nós desde que abandonamos as savanas da África há 50 mil anos. Só que de forma virtual, como farsa – agora são robôs alt-right que impulsionam hashtags, criando enxames e vieses cognitivos. E, como sempre, o efeito de rebanho: oferecer aos usuários o atalho mental que desperta a nossa ancestralidade.

Umberto Eco tinha razão ao dizer que a Internet deu voz a uma “legião de imbecis”: as unanimidades virtuais acabaram criando a estupidez orgulhosa de si mesmo. No caso brasileiro, o 'tiozão do churrasco': ele descobriu que suas bravatas, que no passado provocavam vergonha alheia a todos nos encontros familiares, viraram 'lacração' nas redes sociais."

Teoria da Estupidez de Bonhoeffer explica por que o Brasil deu nisso. Disponível aqui.

 

 

Faustino Teixeira

 

Povo de Deus

Livro nos pega pela mão e nos desvenda mundo desconhecido dos evangélicos

Samuel Pessôa

Saiu um dos mais importantes livros recentes de ciência social brasileira: "O Povo de Deus", escrito pelo antropólogo Juliano Spyer e editado pela Geração em 2020.

Juliano viveu ano e meio em um bairro popular muito afastado do centro de Salvador. Em sua pesquisa de campo para a sua tese de doutorado defendida no University College London (UCL) sobre mídias sociais ("Mídias sociais no Brasil emergente", publicada em 2018), Juliano constatou a importância das igrejas evangélicas na socialização da comunidade.

No livro sobre os evangélicos, Juliano apresenta um sumário, em linguagem fluente e sem grandes tecnicidades, do conhecimento sistemático que os antropólogos e os sociólogos adquiriram nas últimas décadas sobre os evangélicos.

Em uma sociedade pobre que passou por um agudo processo de transição demográfica e urbanização, sem que fosse acompanhado dos investimentos em educação, produziu-se uma parte grande da população que não tem acesso a serviços públicos nem tem redes de suporte e conexões.

Segundo Juliano: "O crescimento do cristianismo evangélico no Brasil tem menos a ver com pastores oportunistas e carismáticos e mais com a influência das igrejas para melhorar as condições de vida dos mais pobres. (...) As igrejas evangélicas funcionam como Estado de bem-estar social informal, ocupando espaços abandonados pelo poder público".

Ingressar na igreja tem efeitos sobre a redução do alcoolismo e da violência doméstica e acaba por empoderar as mulheres: "A conversão masculina aumenta indiretamente o poder feminino na relação, na medida em que o homem abre mão de ficar na rua, que é o seu espaço de liberdade, anonimato, farra, bares, relacionamentos paralelos".

Ingressar na igreja evangélica acaba por desenvolver nas pessoas inúmeras habilidades socioemocionais absolutamente necessárias para o bom desempenho no mercado de trabalho moderno. Nas palavras de Juliano, "o ambiente de muitas das igrejas evangélicas estimula a disciplina pessoal e a resiliência dos fiéis, promove a cultura do empreendedorismo, fortalece a atuação de redes de ajuda mútua e incentiva o investimento em instrução profissional".

Há uma ética conservadora nas igrejas evangélicas. Para elas, "a pobreza é um problema individual". Independentemente de essa visão de mundo descrever bem ou não os fatos, ela parece ser mais produtiva, para os pobres, como meio de progresso do que a visão coletivista da Igreja Católica.

A atuação dos evangélicos, em relação à caridade, é bem diferente da dos católicos. Em vez de ajudar materialmente, o evangélico atua promovendo a conversão, para que a pessoa em condição de rua, por exemplo, ganhe hábitos novos e mude de vida.

Finalmente, o fato de os pastores viverem nas próprias comunidades faz enorme diferença. Como Juliano descreve no capítulo 5 de sua tese de doutorado sobre mídias sociais, uma das grandes dificuldades das escolas públicas é a distância física e socioeconômica entre os professores e os alunos.

Há motivos para críticas à comunidade evangélica. Juliano trata deles no 46º capítulo (o livro tem 48 capítulos curtos, distribuídos em sete partes). O que não podemos é sermos preconceituosos, confundirmos o comportamento muitas vezes pernicioso de algumas lideranças com a comunidade e não olhar para o fenômeno com a profundidade que ele merece.

O livro de Juliano nos pega pela mão e nos desvenda esse mundo desconhecido que há, muitas vezes, a poucos quilômetros de nossas casas.

 

Cintia Gonçalves

 

Discordo da parte que fala que as igrejas evangélicas diminuem a violência doméstica.. e que empodera mulheres...não vejo isso não, vejo o contrário. Pregam submissão da mulher, mesmo que estejam apanhando dos maridos. Pelo menos nas chamadas pentecostais e neo pentecostais.

 

Faustino Teixeira

 

Para a pesquisadora Jacqueline Teixeira, doutora em antropologia social pela USP e pesquisadora do Núcleo de Antropologia Urbana da mesma Universidade, as mulheres exercem um papel importante nos projetos de gênero que são muito importantes na dinâmica de empoderamento e autonomia almejados. Ela indica que "é muito comum às mulheres atribuir muitas vezes à igreja seu processo de empoderamento, da mulher que consegue estudar mais, arranja um emprego melhor que do companheiro, que tem formação maior que a dele, que estuda mais". A mulher "tem que saber que, apesar de toda essa maravilhosidade que ela é, ela tem que dar conta desse homem limitado. E esse homem, consequentemente, tem que entender que ele precisa melhorar muito para dar conta dessa mulher".

“Para muitas mulheres o processo de empoderamento está atrelado à igreja”. Disponível aqui.

 

Paulo Sérgio Bezerra

 

 

Cesar Benjamin

 

A campanha de Ciro Gomes havia lançado o livro “Projeto nacional: o dever da esperança”, do próprio Ciro.

A campanha de Lula lançou “Lula: a biografia”, de Fernando Morais.

Não li nenhum dos dois.

O primeiro, por falta de tempo: não consigo manter minimamente em dia a minha carga de leitura.

Não lerei o segundo por opção. Dizer que Lula é mais importante que Getúlio Vargas na construção do Brasil moderno mostra a estatura liliputiana do biógrafo.

Há gostos para tudo. Mas eu acho que os temas das obras mostram bem a diferença entre as duas campanhas.

 

Cesar Benjamin

 

Torço para que Lula supere Getúlio Vargas em importância para o Brasil moderno, como disse Fernando Morais. Falta pouco.

Falta só uma Petrobras, um BNDES, uma Companhia Nacional de Álcalis, uma Fábrica Nacional de Motores, um IBGE, um DASP, uma Companhia Siderúrgica Nacional, uma legislação trabalhista, uma Vale do Rio Doce, dezenas de Parques Nacionais, um Ministério da Educação, um da Saúde, um do Trabalho, a usina de Furnas, o projeto da Eletrobras, o voto feminino, as bases do ITA e da Embraer, as bases do domínio da energia nuclear y otras cositas más.

Força, Lula!

 

José Luis Oreiro

 

Para muitos brasileiros como eu Lula não é a nossa primeira escolha mas pode ser a nossa melhor esperança para consertar o país e preservar a democracia