“Que o bem comum esteja no centro da vida de cada um”: o compromisso do Pe. Jihad Youssef, recém-eleito superior da Comunidade Monástica de Deir Mar Musa

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04 Agosto 2021

 

“Manter a mão sempre estendida ao mundo islâmico e construir pontes de harmonia, para testemunhar ao mundo que viver juntos e em paz entre ‘diferentes’ não só é possível, mas também belo”: estão contidos em uma mensagem cheia de sugestões e concretude o sentido e o objetivo da missão do Pe. Jihad Youssef, recém-eleito superior da Comunidade Monástica de Deir Mar Musa.

A reportagem é de Ada Serra, publicada em Servizio Informazione Religiosa (SIR), 31-07-2021. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Ele foi chamado a esse mandato pelo recente Capítulo Geral e reúne também a herança do fundador da comunidade, o padre jesuíta Paolo Dall’Oglio: no dia 29 de julho, completarão oito anos desde que não se tem notícias dele.

“Fazer a vontade de Deus e levar em frente o carisma que o Pe. Paolo nos deixou é um compromisso comum para os monges e as monjas. Perseveremos na oração com e pelo mundo muçulmano, na curiosidade espiritual, para entender como eles se aproximam de Deus e como podemos nos sentir parte de uma peregrinação comum”, conta ele ao SIR.

De origens sírias, o Pe. Youssef será superior por três anos (renováveis) de uma comunidade de oito-monges professos (quatro homens e quatro mulheres) e um noviço, presente no mosteiro-mãe de Deir Mar Musa, no vilarejo de Nebek, na Síria, no Mosteiro da Santíssima Virgem, em Sulaymaniyya, no Curdistão iraquiano, e na Itália no Mosteiro de SS. Salvatore, em Cori, Latina.

 

 

“Quando eu saí de casa – confidencia ele – eu só queria me tornar monge. Nunca pensei nem desejei o papel de superior. Durante o Capítulo, quando compreendi que estava convergindo para o meu nome, captei aí a vontade do Senhor e uma escolha da parte deles feita na sinceridade e na oração. Eu aceitei consciente das responsabilidades que me esperam: ser o pai espiritual de todos os membros, como quer a nossa regra, para que cada monge e monja se sinta amado e valorizado, e levar em frente as questões práticas em espírito de colegialidade. O número de monges e monjas é inferior aos papéis que deveriam existir em um mosteiro: com mais razão, as responsabilidades são compartilhadas.”

 

Eis a entrevista.

 

A sua eleição é o fruto de uma escolha “democrática”.

A dimensão democrática fazer surgir a liberdade de consciência, o que não significa que cada um faça o que quiser. A nossa democracia é da escuta e do discernimento dos sinais dos tempos, das necessidades de todos e das situações. Uma democracia do cuidado, que se preocupa com aquilo que Deus quer e com as necessidades dos irmãos e das irmãs.

 

Quais são os desafios para a comunidade depois da pandemia?

As pessoas são a nossa prioridade, na sua diversidade e em todas as situações de vida. Aos jovens, famílias, paróquias queremos voltar a propor experiências de partilha, trabalho manual em contato com a natureza, diálogo intelectual, silêncio e oração: para que o bem comum esteja no centro da vida de cada um. Por isso, por exemplo, em Mar Musa, somos ativos na manutenção da biodiversidade do território e na luta contra a desertificação. Ou, ainda, em colaboração com o município de Nebek e uma ONG local, trabalhamos para conter o aterro, que se expandiu de forma incontrolável durante a guerra.

Esperamos, depois, voltar em breve a acolher visitantes e peregrinos, e retomar os seminários de estudo e reflexão com os muçulmanos, que promovemos há muitos anos e que a guerra, antes ainda da pandemia, nos fez interromper. No Curdistão iraquiano, por sua vez, durante a pandemia, levamos em frente um fórum online que gostaríamos de desenvolver com o projeto de uma biblioteca aberta a todos os pesquisadores.

 

Uma missão que se insere em terras frágeis, como a Síria e o Curdistão iraquiano.

O contexto, a mentalidade e os motivos que levaram à guerra continuam sendo um obstáculo. Assim como as dificuldades econômicas pisoteiam a dignidade das pessoas. São sociedades multiétnicas, multiculturais e multirreligiosas nas quais falta a visão e a confiança no futuro. Um jovem que estuda se pergunta: “Poderei trabalhar ou ter uma família?”, e não encontra resposta. A Síria sofre as sanções internacionais, a presença de forças estrangeiras – dos turcos aos estadunidenses, dos russos aos iranianos, passando pelos curdos –, o desemprego. O Curdistão, assim como a Síria, sofre com a alta taxa de corrupção e os problemas de relação no tecido social.

 

Qual é o compromisso de vocês diante dessas dificuldades?

Na Síria, apoiamos estudantes universitários que querem trabalhar no país ou no exterior e ajudamos os pobres nos cuidados médicos. O jardim de infância que gerimos, em colaboração com a paróquia, acolhe 150 crianças, das quais apenas 10 são cristãs, e trabalhamos para a formação dos professores. Sessenta jovens também participam da nossa escola de música. No Curdistão, realizamos cursos de inglês, árabe e curda, catecismo, reforço escolar, laboratórios de teatro e de formação profissional. Enquanto isso, voltou a emergência devido à acolhida de refugiados e deslocados, porque muitos voltaram para casa, e outros emigraram para o exterior. Na Itália, onde vivem os monges que estudam em Roma, além do compromisso com a restauração da igreja de SS. Salvatore, também nos dedicamos à acolhida de pessoas que vêm de toda a península para fazer experiências de amizade entre cristãos e muçulmanos. Para que por toda a parte seja levado em frente o projeto de entender a vontade do Senhor, para depois lhe dar corpo com projetos concretos.

 

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