26 Julho 2021
"Alguns [consumidores] vêm com dinheiro contado para comprar três tomates. Chega na hora de pagar e têm de tirar um” – Solange Ferreira, dona de um mercadinho no bairro Jardim Éster Yolanda, zona oeste de São Paulo – Folha de S. Paulo, 25-07-2021.
"A queda nas vendas beira 40% nos últimos meses, enquanto a de frango dobrou —e olha que aqui o povo come carne de boi" – Ildeu Afonso, que tem um açougue na periferia de Cuiabá (MT) – Folha de S. Paulo, 25-07-2021.
"Ontem eu fui queimar lenha [para cozinhar] e meu vizinho reclamou da fumaça. Está tudo muito difícil" – Elias, 64, sem dinheiro para pagar a conta de luz, pedia ajuda de pedestres em uma calçada na Lapa, zona oeste de São Paulo, nesta sexta (23), tendo em mãos, o boleto de R$ 124. Morador de Franco da Rocha, ele divide o terreno com a ex-mulher e quatro filhos – Folha de S. Paulo, 25-7-2021.
"Se já estava difícil para arrumar serviço antes da pandemia, agora piorou. Como se não bastasse, as coisas estão absurdamente caras. E como comprar sem trabalhar?" – Fernanda Cristina Beccare, 38, autônoma, morando em casa com os quatro filhos e o marido na Favela do Pullman, na zona sul de São Paulo, deixou de comer coisas simples que gostava como cuscuz e sardinhas enlatadas. A dieta dela está restrita ao básico, como arroz e feijão. Mesmo assim, só consegue comida por conta das doações que recebe de organizações sociais” – Folha de S. Paulo, 25-07-2021.
"O miojo [macarrão instantâneo] e o ovo estão salvando os moradores. (...) Pés de frango, língua, músculos, peixes mais baratos e cortes suínos também entraram na dieta dos mais pobres” – Cleberson da Silva Pereira, economista do CEP (Centro de Estudos Periféricos) – Folha de S. Paulo, 25-07-2021.
"Hoje o que mais temos em casa é arroz, feijão e ovos. Mistura não tem porque só dá a cartela de ovo mesmo" – Leia Santos, 45, morando em Grajaú, zona sul de São Paulo, se define como mãe e pai dos quatro filhos, com renda de R$ 398 do Bolsa Família, gasta R$ 350 de aluguel. Os R$ 48 que restam é o que ela tem para comida” – Folha de S. Paulo, 25-07-2021.
"Já não aguento mais tanto sofrimento, minha bebê sem leite desde ontem. Consegui colocar ela agora pra cochilar depois de muita luta porque ela só chora com falta da mamadeira. Só tem 9 meses" – escreveu uma mãe em uma das publicações nos grupos de mensagens do bairro, desabafos de situações como a falta de luz em casa ou não conseguir dar comida aos filhos são comuns – Lucas Veloso, jornalista – Folha de S. Paulo, 25-07-2021.
"Alimentos faltaram para famílias que há tempos não sabiam o que era sentir esta sensação. Junto a isso foi perceptível a exclusão digital e a dificuldade do poder público de dialogar com as periferias da cidade para ouvir delas o que de fato faz falta" – Jedderson Johny dos Santos, 29, responsável por um projeto com sede no Capão Redondo, zona sul de São Paulo, confirma que a pandemia escancarou uma realidade já existente na periferia – Folha de S. Paulo, 25-07-2021.
“Uma pesquisa do Procon-SP aponta que, entre fevereiro e março, 70% dos entrevistados tiveram diminuição em sua renda individual. Além disso, 87% disseram que os gastos habituais tiveram aumento na pandemia, principalmente na alimentação (71,47%). No ano passado, a cesta básica subiu 31% em São Paulo, segundo levantamento do Procon-SP/Dieese. Também pesam contas de consumo, como, água, luz e gás” – Lucas Veloso, jornalista – Folha de S. Paulo, 25-07-2021.
“Na terça-feira (20), relatório do Banco Mundial apontou que os reflexos econômicos da pandemia devem afetar os salários de trabalhadores brasileiros por até nove anos. Na visão da instituição, os efeitos da crise na América Latina serão sentidos principalmente pelos profissionais com menor qualificação e em uma posição mais vulnerável no mercado de trabalho” – Paula Soprana, Leonardo Vieceli e Daniela Arcanjo, jornalistas – Folha de S. Paulo, 25-7-2021.
“Em junho, o país completou 12 meses sem aumento real de salários, conforme o projeto Salariômetro, da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas). O boletim informou que o reajuste mediano no mês ficou 0,6 ponto percentual abaixo da inflação medida pelo INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor). Apenas 27,4% das negociações resultaram em ganhos reais para os trabalhadores” – Paula Soprana, Leonardo Vieceli e Daniela Arcanjo, jornalistas – Folha de S. Paulo, 25-7-2021.
“Eu sou do centrão. Eu nasci de lá” – Jair Bolsonaro, presidente da República – Folha de S. Paulo, 25-07-2021.
“São pouco mais de 200 pessoas. Se você afastar esses partidos de centro, sobram 300 votos para mim. Se você afasta cento e poucos parlamentares de esquerda, PT, PC do B e PSOL, eu vou governar com um quinto da Câmara?” – Jair Bolsonaro, presidente da República – Folha de S. Paulo, 25-07-2021.
“Ciro Nogueira não foi diplomado em Harvard, mas, para dirigir a República da impunidade que se tornou o Brasil, ele tem credenciais: é réu no STF por organização criminosa, denunciado por corrupção, lavagem de dinheiro e obstrução da justiça. Foi acusado de ter recebido R$ 2,5 milhões de propina da JBS para assegurar apoio do seu partido a Dilma em 2014 e acusado pelo MPF de ter recebido R$ 7,3 milhões de propina da Odebrecht. É diplomado em politicagem e foi aprovado com louvor por seus pares” – Catarina Rochamonte, doutora em filosofia – Folha de S. Paulo, 26-07-2021.
“O presidente Bolsonaro gosta de mandar, mas já não governa. O centrão agora tem completo domínio da máquina a partir da Casa Civil. A chave do cofre está entregue; o Brasil foi rifado. Em troca, Arthur Lira e Ciro Nogueira evitam o impeachment e garantem a Bolsonaro uma legenda para tentar a reeleição. Não deu certo a tal Aliança pelo Brasil, mas fechou-se sólida aliança pela corrupção” – Catarina Rochamonte, doutora em filosofia – Folha de S. Paulo, 26-07-2021.
“O personagem de 2018, Messias, ou “mito”, acabou definitivamente quando o presidente Jair Bolsonaro admitiu que “nasceu no Centrão”, sempre foi Centrão, desde criancinha. Se o personagem da eleição era falso, essa confissão é verdadeira e gera uma dúvida para 2022: o Bolsonaro da TV e dos palanques será o real ou ele vai inventar um novo personagem para enganar os bobos? A máscara caiu desde a posse e (literalmente até) na pandemia. Capitão insubordinado da reserva e depois deputado do baixo clero por 28 anos, ele foi despindo a fantasia da campanha, peça por peça, promessa por promessa, ao longo desses dois anos e meio, até ficar evidente: o eleitorado rechaçou a candidatura do tucano Geraldo Alckmin COM o Centrão, mas deu a vitória AO Centrão com Bolsonaro” – Eliane Cantanhêde, jornalista – O Estado de S. Paulo, 25-07-2021.
“Como Jair Bolsonaro não tem gosto, aptidão, tempo e instrumental para governar, quem vai assumir o governo na prática é Ciro Nogueira. Ele entende de poder, é voraz e vai acelerar ou frear os projetos dos ministérios, como os do ministro Paulo Guedes, por exemplo. Bolsonaro só será chamado quando a coisa empacar entre o que é bom para a economia e o que é bom para sua reeleição. É preciso dizer qual será a decisão?” – Eliane Cantanhêde, jornalista – O Estado de S. Paulo, 25-07-2021.
“Desde 2018, Bolsonaro jogou no lixo o combate à corrupção, o liberalismo econômico, as reformas estruturais, a natimorta “nova política” e a mania de falar em “família” a cada frase. Livrou-se do peso da fantasia. Agora, é preciso mostrar o seu verdadeiro eu, o eu do Centrão, do PP, do baixo clero, do tudo pelo poder. Bolsonaro renasceu, mas continua Centrão desde criancinha e brincando de golpes e explosões como nos tempos de tenente da ativa” – Eliane Cantanhêde, jornalista – O Estado de S. Paulo, 25-07-2021.
“Bastou um ano para que Bolsonaro afinal se rendesse às evidências de que não pode mais contar com o “povo” para sobreviver no cargo. Assim, ao anunciar o contubérnio com o mesmo Centrão que ele tanto demonizou, o presidente reconheceu: “As coisas mudam”. E como” – editorial ‘Eu sou do Centrão’ – O Estado de S. Paulo, 25-07-2021.
“Quando empresas sérias ofereceram suas recém-desenvolvidas vacinas ao Brasil, seu governo ignorou as propostas. Interessou-se, porém, pelas ofertas de picaretas, que não tinham as vacinas, mas tentavam embolsar as comissões. Bolsonaro, que não é médico (é um rejeito do Exército), acha que -4+5 = 9 e não tem interesse pela ciência. Aliás, não tem interesse por nada que não ele próprio e sua família. Também não dá a mínima para a vida das pessoas. Sua gestão deixou um saldo de mais de meio milhão de mortos” – Helio Schwartsman, jornalista – Folha de S. Paulo, 25-07-2021.
“A ascendência do Centrão não tem a ver com o sistema de governo. O bloco já estava em coalizões de governos anteriores, mas foi ganhando relevância devido a três fatores mais gerais. Primeiro, pelo advento da onda conservadora que atacou o país desde 2014 - os partidos do bloco são conservadores. Segundo, o caráter pragmático do conservadorismo centrônico, que lhes permite apoiar qualquer governo – com maior ou menos elasticidade - em troca de certas vantagens. E por último, a pulverização partidária, que dificulta ao presidente governar apenas com seu partido ou com uma coalizão ideologicamente homogênea. Enquanto essas condições não se alterarem, o Centrão será relevante para a governabilidade, seja qual for o sistema de governo: presidencialista, semipresidencialista, parlamentarista etc” – Christian Lynch, cientista político – O Estado de S. Paulo, 26-07-2021.
“A dificuldade em formar uma coalizão tem tornado o presidente cada vez mais refém das maiorias. Uma vez que nenhum democrata sonha em dispensar o Congresso, o que se extrai disso, é que o presidente continuará refém do Centrão, enquanto não se modificarem as condições que tornam possível o seu ascendente, seja o governo de esquerda ou de direita” – Christian Lynch, cientista político – O Estado de S. Paulo, 26-07-2021.
“Nem militar nem evangélico tem que ser tratado como gado. Vamos fazer discurso pro cidadão. Trato evangélico com o mesmo respeito que trato católico e trato militar com respeito que trato o civil. Quem vai votar é o cidadão” – Lula, ex-presidente do Brasil – Folha de S. Paulo, 25-07-2021.
“Lula disse que conversará com todo mundo, sem discriminação. Óbvio, com quem desejar dialogar sobre um projeto para o país. (...) As recentes pesquisas mostram uma significativa mudança de opinião, desfavorável a Bolsonaro no público evangélico. Minha opinião é que, ao contrário, Lula deverá ser procurado por muitos, inclusive lideranças significativas evangélicas” – Luis Sabanay, pastor presbiteriano, coordenador do Nept, o núcleo evangélico do PT – Folha de S. Paulo, 25-07-2021.
“O Ciro Nogueira que dará a deputados o que faça aprovar concessões eleitoreiras pró Bolsonaro, fará o mesmo para a sua pretendida candidatura ao governo do Piauí. Onyx Lorenzoni, no Trabalho, tem igual tarefa para Bolsonaro e para sua ambição no Rio Grande do Sul. Nas presidências da Câmara e do Senado, Arthur Lira e o amorfo Rodrigo Pacheco jogam o jogo de Bolsonaro, inclusive digerindo as ameaças militares, também para benefícios a suas sonhadas candidaturas aos governos de Alagoas e Minas” – Janio de Freitas, jornalista – Folha de S. Paulo, 25-07-2021.
“Em menos de três anos de governo, Jair Bolsonaro fez 24 mudanças no seu ministério. Não chega a ser demais. Havendo um problema, mexe-se no time. No Ministério da Educação, ele criou três encrencas até chegar ao experimento com o doutor Milton Ribeiro. É o jogo jogado. A porca torce o rabo quando se vê que no Palácio do Planalto, o coração do governo, há quatro ministros e só nesse time aconteceram nove mudanças, duas das quais traumáticas. Pela Casa Civil, a pasta mais relevante, passaram três titulares: Onyx Lorenzoni, Braga Netto e Luiz Eduardo Ramos. O capitão começou com Lorenzoni, seu aliado do tempo em que os bolsonaristas cabiam numa Kombi, e agora ficará com Ciro Nogueira, que via nele um fascista” – Elio Gaspari, jornalista – Folha de S. Paulo, 25-07-2021.
“Dessa dança de cadeiras resulta que a Kombi dos bolsonaristas tinha motorista mas não tinha objetivo. Passados dois anos, continua na mesma, com um motorista que não sabe o destino. Sabe apenas que com cerca de 550 mil mortos na pandemia de 17,7 milhões de desempregados, deseja continuar ao volante” – Elio Gaspari, jornalista – Folha de S. Paulo, 25-07-2021.
“Tendo perdido jurisdição sobre o que virá a ser o novo Ministério do Trabalho, o ministro Paulo Guedes garantiu: "Não muda nada". O perigo mora na possibilidade de ele acreditar nisso” – Elio Gaspari, jornalista – Folha de S. Paulo, 25-07-2021.
“Na primeira semana de agosto vamos tirar da frente essa questão de voto impresso e cuidar do que é importante pro País: vacina, emprego e comida!” – Marcelo Ramos (PL-AM), vice-presidente da Câmara dos Deputados – O Estado de S. Paulo, 25-07-2021.
“Como você vai mudar de uma hora para a outra um sistema [o presidencialismo] que vem sendo aplicado há 130 anos no país, e trocar por algo que não se conhece? Eu acho isso muito irresponsável. Por isso me dispus a falar sobre esse tema” – Joaquim Barbosa, ex-ministro do STF – Folha de S. Paulo, 25-07-2021.
“O Brasil não entende e não é vocacionado para o sistema parlamentar. Mas entende muito bem o sistema presidencial” – Joaquim Barbosa, ex-ministro do STF – Folha de S. Paulo, 25-07-2021.
“Os parlamentares encurralam presidentes da República que são fracos. Mas a pergunta que se faz é essa: para os brasileiros, quem são esses homens? Os brasileiros se veem representados em Arthur Lira, em outros líderes do Congresso Nacional? De forma alguma. Adotar o semipresidencialismo na intenção de transferir oficialmente a essência do poder a esses homens seria um erro político imperdoável. É uma aventura. Um salto no escuro” – Joaquim Barbosa, ex-ministro do STF – Folha de S. Paulo, 25-07-2021.
“Os militares estão ganhando asas. Mas o sistema tem seus mecanismos de acomodação. Um presidente que saiba das coisas manda esses militares para os quartéis de novo” – Joaquim Barbosa, ex-ministro do STF – Folha de S. Paulo, 25-07-2021.
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