14 Julho 2021
Concluída a primeira parte do IV Encontro Mundial de Movimentos Populares com um diálogo aberto do qual sairá um documento final que será entregue em setembro a Francisco.
A reportagem é publicada por Vida Nueva Digital, 12-07-2021. A tradução é de Wagner Fernandes de Azevedo.
Mais de 200 delegados e delegadas de movimentos populares da América, Europa, Ásia e África participaram no IV Encontro Mundial de Movimentos Populares, em 10 de julho. Durante mais de três horas, os representantes dos trabalhadores humildes, precarizados e excluídos dialogaram sobre o impacto da pandemia e dos dilemas que, desde a perspectiva dos movimentos populares, hoje tem a humanidade.
Nesta primeira parte, acompanhados pelo cardeal Peter Turkson, prefeito do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral, o cardeal Michael Czerny, subsecretário do mesmo dicastério, e Marcelo Sánchez Sorondo, chanceler da Pontifícia Academia das Ciências Sociais, estabeleceram um diálogo do qual nascerá o documento final que será entregue ao Papa na segunda quinzena de setembro, quando ocorrerá a segunda parte deste encontro.
Durante sua intervenção, Turkson destacou a necessidade de protagonizar os processos de mudança, desde os direitos sagrados à terra, teto e trabalho para todos, “que agora são universais”. “Esta reunião é fonte para os protagonistas da mudança. As pessoas pobres nos colocam para resolver os problemas de desigualdade” que começam por cada um de nós. Porque a conversão integral de cada pessoa, a luta comunitária contra as injustiças “mudará as estruturas da sociedade”.
“Os desafios não se podem resolver por um grupo ou de forma individual, as estruturas do mal se respondem com solidariedade”, disse, enquanto reconhecia que nesse empenho está Francisco. Propondo como método para levar esta luta “a cultura do encontro” cultivando e promovendo “a agenda comum que temos”. Revitalizando a própria democracia que a estrutura econômica atrofiou, “para nos movermos para um mundo de justiça e igualdade e fortalecer estruturas mais justas”, concluiu.
Charo Castelló, do Movimento Mundial de Trabalhadores Cristãos (MMTC-HOAC Espanha), convidou a ter “um olhar crítico que nos possibilite seguir no compromisso organizado, defendendo terra, teto e trabalho digno”. “Quanto e como acompanhamos nossos irmãos e irmãs mais empobrecidos; imigrantes e deslocados? Quanto e como protegemos com nossos estilos de vida e nossas propostas a mãe terra?”, perguntou.
Castelló finalizou sua intervenção insistindo na necessidade de seguir com nossa entrega “para realizar esta mudança de paradigma econômico, político, cultural... porque sabemos que as coisas podem mudar. Porque somos irmãos e irmãs, não deixemos roubar a dignidade!”.
Juan Grabois, do Movimento de Trabalhadores Excluídos (TEM-UTEP-Argentina), recordou que “quando falamos de terra, temos que falar de uma reforma agrária, quando falamos de teto temos que pensar em uma profunda reforma humana, e quando falamos de trabalho necessitamos desenvolver uma economia popular e social”.
Grabois insistiu no pedido de Francisco para “unir nossos povos, colocar a economia a serviço dos povos e defender a mãe terra”. Neste sentido, advertiu que “a covardia nesta defesa é um pecado grave”. Finalmente, realizou uma autocrítica ao reconhecer certo desinteresse na extensão e difusão “dos ensinamentos de Francisco” e, nesse sentido, criticou “a Igreja que renegou e domesticou os ensinamentos de Francisco. Não sejamos mornos assim”.
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Os movimentos populares compartilharão com o Papa sua alternativa aos dilemas da humanidade - Instituto Humanitas Unisinos - IHU