02 Julho 2021
“Nas últimas semanas, a CPI nos tem brindado com as sôfregas tentativas da tropa de choque de Jair Bolsonaro de blindá-lo da acusação de, em plena pandemia, ter feito do Ministério da Saúde um balcão de negócios assassinos. Se Millôr Fernandes estivesse entre nós, diria que, por enquanto, essa blindagem só resultou no rabo escondido, com o gato de fora. Ao ouvir isso, eu, com uma intimidade garantida por 40 anos de amizade, pediria a Millôr para não meter os gatos nessa história. Os animais que a povoam são de outra espécie —os ratos, de que o ratão-mor se cercou nos subterrâneos de seus palácios e do dito ministério – Ruy Castro, jornalista e escritor – Folha de S. Paulo, 02-07-2021.
“A avalanche de suspeitas e denúncias de corrupção só começou. Em breve, não haverá blindagem que chegue, e os aliados de hoje cairão fora para salvar a vida. Só será triste se, um dia, Bolsonaro for levado aos tribunais apenas como ladrão —não como genocida” – Ruy Castro, jornalista e escritor – Folha de S. Paulo, 02-07-2021.
“No turbulento depoimento do denunciante da suposta cobrança de propina para compra de vacinas no Ministério da Saúde, o mais confuso até aqui na CPI da Covid, sobraram mais perguntas do que respostas. A grave acusação feita por Luiz Paulo Dominguetti à Folha segue onde está: no colo das autoridades de saúde cuidando da pandemia no governo Jair Bolsonaro. Não por acaso, o acusado de cobrar propina, Roberto Dias, foi posto na rua” – Igor Gielow, jornalista – Folha de S. Paulo, 02-07-2021.
“Deu no que deu ao fim, mas os tempos mudaram e o centrão, que está por ora fechado com Bolsonaro, acredita no que lhe convém mais e mantém as chaves do impeachment junto ao peito. Em nada ajudou o cabo mentir e dizer que não é ou foi bolsonarista, apesar de o seu perfil no Facebook exsudar os humores da categoria. Obviamente, não é possível fazer uma acusação direta sobre nada disso, até pelas dúvidas acerca das motivações de Dominguetti e de outros personagens citados, a começar pelo seu contato na empresa intermediária. Isso fica para a fila de depoimentos que a sua fala convidou. Mas o efeito é claro: a tentativa de blindagem de Bolsonaro, abraçada de cara pelos senadores da base governista na CPI, foi por água abaixo” – Igor Gielow, jornalista – Folha de S. Paulo, 02-07-2021.
“O caso todo segue inconcluso. Politicamente, o Planalto só saiu até aqui do episódio com mais gás para alimentar os protestos contra Bolsonaro, com nova rodada prevista para sábado (3). Quando o impeachment é algo visto como eventualmente possível por Gilberto Kassab, que disse isso à Folha, a hipótese deixou de ser acadêmica —ainda mais em um ambiente de desembarque de setores filobolsonaristas, como o mercado financeiro e parte do empresariado” – Igor Gielow, jornalista – Folha de S. Paulo, 02-07-2021.
“Num enredo de filme de espionagem, Dominghetti foi apenas usado contra Miranda, ou é parte de uma sofisticada ação de contrainformação de uma espécie de “Abin paralela”? A dúvida é justa, até pelas origens dele: policial militar, bolsonarista, com coleção de processos e contatos na capital da República. Pau para toda obra. E ele não parece idiota e se expressa bem. Para o senador e ex-delegado Alessandro Vieira (Cidadania-SE), Dominghetti foi apenas usado para detonar Luis Miranda. Não foi uma ação de inteligência, mas de “quem se acha muito esperto”, e resumiu: “uma operação Uruguai, ou Tabajara”, numa referência à patetada para livrar Fernando Collor do impeachment” – Eliane Cantanhêde, jornalista – O Estado de S. Paulo, 02-07-2021.
“O Planalto comemorou cedo demais o “desmanche” duplo, de Miranda e do próprio Dominghetti. Se a “Operação Uruguai” foi um fracasso para salvar o pescoço de Collor em 1992, imaginem hoje, com internet, tempo real, quebra de sigilo telemático... Se o governo estava frito antes do depoimento de Dominghetti, continua frito depois. E tragando militares para a frigideira” – Eliane Cantanhêde, jornalista – O Estado de S. Paulo, 02-07-2021.
“A decisão de Alexandre de Moraes de arquivar a investigação dos atos antidemocráticos, mas de abrir nova investigação sobre uma suposta organização criminosa que atuaria em prol de ataques à democracia, desceu quadrada para Bolsonaro e, a portas fechadas, tirou o presidente do sério. Visivelmente nervoso, Bolsonaro teria dito a auxiliares que o objetivo do ministro do Supremo é chegar até seus filhos. Carlos, Eduardo e Flávio são citados na decisão, na condição de arrolados pela PF como possíveis membros do núcleo político da organização” – Coluna do Estadão – O Estado de S. Paulo, 02-07-2021.
“Bolsonaro teria dito a interlocutores ser impossível a Moraes provar “uma fake news” que os filhos tenham espalhado. Strike. Mais cedo, o presidente havia criticado a iniciativa contra o voto impresso de ministros do STF, entre eles, Moraes” – Coluna do Estadão – O Estado de S. Paulo, 02-07-2021.
“A interlocutores, Ricardo Barros disse que, se o presidente quiser, está disposto a abrir mão da liderança do governo na Câmara, mas tem um pedido: que seja depois do seu depoimento à CPI. Quer chegar com algum resguardo” – Coluna do Estadão – O Estado de S. Paulo, 02-07-2021.
“O tumultuado depoimento de Luiz Dominghetti Pereira à CPI da Covid ajudou a esfriar a batata de Barros, também na mira dos senadores” – Coluna do Estadão – O Estado de S. Paulo, 02-07-2021.
“Quem conhece bem o Ministério da Saúde alerta: é bom não perder de vista que a denúncia sobre o contrato da Covaxin tem lastro documental e é muito mais fácil de comprovar do que depoimentos de vendedores de vacina…” – Coluna do Estadão – O Estado de S. Paulo, 02-07-2021.
“Omar Aziz resumiu em uma frase o dia ruim da CPI: chapéu de otário é marreta” – Coluna do Estadão – O Estado de S. Paulo, 02-07-2021.
“Bolsonaro faz chantagem: se não aprovarem o voto impresso, não entregará a faixa, em caso de derrota. Não é o anúncio de um golpe, mas o início dele” – Fábio Trad, deputado federal (PSD-MS) – O Estado de S. Paulo, 02-07-2021.
“Alguns argumentam que a previsão de mais de 1 milhão de mortos no Brasil, feita pelo grupo de Neil Ferguson, do Imperial College de Londres, foi exagerada e alarmista. Já passamos da metade e provavelmente atingiremos essa cifra. Ela só não ocorreu antes porque, contrariando o negacionismo oficial, a sociedade tomou atitudes que reduziram a taxa de reprodução básica da doença: distanciamento físico, uso de máscaras e reforço nos hábitos de higiene. Sempre que essas medidas são relaxadas, o número de óbitos volta a aumentar, pois o vírus torna a circular mais facilmente” – Isaac Schrarstzhaupt, cientista de dados e coordenador da Rede Análise Covid-19 e Leandro R. Tessler, professor do Instituto de Física Gleb Wataghin (Unicamp) – Folha de S. Paulo, 02-07-2021.
“A intervenção mais eficaz para evitar nova alta da pandemia é a vacinação em massa, que no Brasil ainda avança timidamente. É possível que a melhor opção seja um lockdown nacional radical. Isso reduziria o número de mortes e permitiria a tão almejada retomada da economia” – Isaac Schrarstzhaupt, cientista de dados e coordenador da Rede Análise Covid-19 e Leandro R. Tessler, professor do Instituto de Física Gleb Wataghin (Unicamp) – Folha de S. Paulo, 02-07-2021.
“Em vez de insistir em negar sua eficácia, o governo federal deveria considerar seriamente a possibilidade de um lockdown nacional radical, com duração de algumas semanas. Isso seria muito mais barato do que estender indefinidamente a duração da pandemia; além, claro, de poupar vidas. Um lockdown bem planejado e efetivo é talvez a melhor estratégia possível para conter a pandemia enquanto a vacinação não atinge toda a população. As evidências científicas indicam que vidas seriam poupadas” – Isaac Schrarstzhaupt, cientista de dados e coordenador da Rede Análise Covid-19 e Leandro R. Tessler, professor do Instituto de Física Gleb Wataghin (Unicamp) – Folha de S. Paulo, 02-07-2021.
“Doutor em matemática e professor da UFRGS, Álvaro Krüger Ramos lembra que o país ainda está sob patamar significativo de transmissão. Seria preciso manter essa tendência recente de declínio por mais tempo até que seja possível distinguir a ocorrência de surtos mais localizados em meio ao panorama geral ainda grave - a exemplo do que já ocorre em países com a vacinação bem mais adiantada, como Israel. O matemático aponta ainda que os brasileiros seguem convivendo com um grau inaceitável de óbitos. Estudo concluído esta semana por Ramos avalia que poderão ser notificadas entre 174,7 e 323,2 mil mortes entre 27 de junho e 1º de outubro com base em parâmetros estimados de mobilidade, índice de contágio e outros. “Um lockdown nacional de três semanas poderia salvar entre 88,9 mil e 154,1 mil vidas até o começo de outubro — avalia o matemático, que fez projeções mais ou menos otimistas conforme a taxa de infecção esperada para o período. Seriam impedidos ainda até 5,5 milhões de contaminações. Isso representaria uma economia de até R$ 18,9 bilhões para os cofres públicos em termos de tratamento desses pacientes nos diferentes níveis de gravidade” – Marcelo Gonzatto, jornalista – Zero Hora, 02-07-2021.
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Lockdown nacional radical de três semanas pouparia até 154 mil vidas até outubro – Frases do dia - Instituto Humanitas Unisinos - IHU