“É um momento bastante triste”: a resposta do coletivo LGBTI ao bloqueio do Vaticano

Foto: Agência Brasil

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16 Março 2021

“A Igreja está chamada a continuar a se aproximar das pessoas LGBTQ”, disse o padre jesuíta James Martin.

A reportagem é de Jesús Bastante, publicada por Religión Digital, 15-03-2021. A tradução é de Wagner Fernandes de Azevedo.

O veto da Congregação para a Doutrina da Fé às bênçãos de casais homossexuais caiu como um balde de água fria sobre o coletivo LGBTI cristão, que preferiu se calar, apesar de que, em privado, lamenta uma medida que acaba com as esperanças de muitos de poder integrar seu amor, de alguma maneira, em sua vida cristã. “Precisaremos seguir buscando bênçãos escondidas, ou cada um isolado, em vez de ir com nossos companheiros”, apontaram ao RD alguns dos cristãos próximos a essas associações.

“É um momento muito triste” foi, até o momento, a única reação oficial dos grupos cristãos LGBTI, através de um tuíte.

Quem se dispôs a analisar a resposta do dicastério presidido por dom Ladaria foi o também jesuíta James Martin, um dos maiores especialistas em pastoral LGBTI.

Resposta aos bispos alemães

Em uma thread nas suas redes sociais, o religioso norte-americano opina que o texto “pode ser uma resposta aos recentes comentários de alguns bispos alemães que manifestaram sua abertura a tais bênçãos”, na preparação para o próximo Caminho Sinodal no país.

Ao mesmo tempo, deixa claro que um “dubium” não parte de uma iniciativa do Vaticano, mas sim que se limita a “responder a uma pergunta” proveniente de “um bispo individual ou de uma conferência de bispos”. Distintas fontes consultadas pelo Religión Digital apontaram vários bispos alemães, norte-americanos e poloneses como autores da pergunta institucional, de resposta obrigatória.

Martin recorda que a proposta da Conferência Episcopal alemã para aprovar uma bênção especial para esses casais “foi amplamente vista como a primeira oportunidade para os acompanhantes de casais católicos do mesmo sexo que buscaram bênçãos para suas uniões”.

O jesuíta também chama a atenção ao fato de que a resposta da CDF “segue os comentários do Santo Padre incluídos no documentário ‘Francesco’ sobre o apoio às proteções legais para as uniões civis do mesmo sexo, que refletem alguns de seus comentários anteriores como arcebispo de Buenos Aires”.

E conclui, de maneira enigmática, apontando que “a Igreja está chamada a continuar se aproximando das pessoas LGBTQ, com ‘respeito, compaixão e sensibilidade’, como se detalha no catecismo, imitando a aproximação de Jesus a todos aqueles que se sentem marginalizados. Este alcance é uma viagem tanto para a Igreja quanto para os católicos LGBTQ”.

Outro daqueles indiretamente aludidos pela nota da Doutrina da Fé é o presidente do episcopado alemão Georg Bätzing, que destacou em uma declaração que “não há respostas fáceis para essas perguntas” como as formuladas no ‘dubium’. Por isso, acrescentou, “neste caminho sinodal, procuraremos discutir o tema de forma ampla, considerando a necessidade e os limites de um maior desenvolvimento do magistério”.

“Logicamente, os pontos de vista apresentados pela Congregação hoje farão parte dessas discussões”, concluiu Bätzing, que encorajou para um debate “com argumentos sólidos”.

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