Bispos japoneses e coreanos: não joguem as águas de Fukushima no mar

Foto: Nuclear Regulatory Commission | Flickr CC

Mais Lidos

  • De uma Igreja-mestra patriarcal para uma Igreja-aprendiz feminista. Artigo de Gabriel Vilardi

    LER MAIS
  • A falácia da "Nova Guerra Fria" e o realismo de quem viu a Ásia por dentro: a geopolítica no chão de fábrica. Entrevista com Eden Pereira

    LER MAIS
  • "No rosto de cada mulher violentada, vemos o rosto Cristo Crucificado". Carta Dirigida aos Homens

    LER MAIS

Revista ihu on-line

O veneno automático e infinito do ódio e suas atualizações no século XXI

Edição: 557

Leia mais

Um caleidoscópio chamado Rio Grande do Sul

Edição: 556

Leia mais

Entre códigos e consciência: desafios da IA

Edição: 555

Leia mais

12 Fevereiro 2021

Das comissões de Justiça e Paz e Meio Ambiente das duas conferências episcopais, uma carta ao primeiro-ministro japonês Suga sobre a água de resfriamento armazenada no local do desastre nuclear em 2011, que Tóquio gostaria de despejar no oceano: "Temos uma responsabilidade para as gerações futuras".

A reportagem é publicada por Asia News, 11-02-2021. A tradução é de Luisa Rabolini.

As Conferências Episcopais do Japão e da Coreia do Sul se posicionaram contra a hipótese do governo japonês de despejar 1 milhão de toneladas de água de resfriamento armazenada em imensos tanques ao redor da usina nuclear de Fukushima, a usina gravemente danificada pelo incidente de 11 de março de 2011. Em uma carta dirigida ao primeiro-ministro japonês Yoshihide Suga, os presidentes das Comissões de Justiça e Paz e Meio Ambiente dos bispos dos dois países expressaram sua oposição ao "despejo no oceano de águas contendo trítio radioativo, mesmo após a filtragem realizada na central nuclear gerida pela Tokyo Electric Power Company".

A gestão da água de resfriamento é um dos problemas ainda em aberto 10 anos após o acidente nuclear de Fukushima. Enquanto se aguarda a desmontagem dos reatores, que avança lentamente devido aos elevados níveis de radioatividade ainda presentes no interior da usina, a área envolvida na crise é mantida sob controle com o despejo contínuo de nova água. Até o momento, para evitar qualquer risco de contaminação, a água foi armazenada em um complexo sistema de tanques. Todos os dias, no entanto, 100 toneladas adicionais são introduzidas e espera-se que a capacidade se esgote em meados de 2022. Por este motivo, o governo japonês manifestou a intenção de descarregar essas águas no mar, argumentando que, após a filtração a que estão submetidas, os resíduos de trítio já não constituem um perigo.

Uma tese que os bispos do Japão e da Coreia contestam em sua carta, citando estudos segundo os quais resíduos de lítio podem causar mortes fetais, leucemia e síndrome de Down. Acrescentam que as garantias oferecidas pelas autoridades japonesas sobre as baixas concentrações da substância radioativa se baseariam em testes ainda incompletos. Também criticam o fato de nada ter sido dito sobre os possíveis efeitos de longo prazo sobre o ambiente marinho, aspecto que preocupa muito os pescadores em todo o trecho de mar entre o Japão e a Coreia. Diante de tudo isso, as duas Conferências Episcopais pedem que sejam examinadas outras opções além da descarga no oceano para a gestão da água de resfriamento.

“Temos a responsabilidade de entregar às gerações futuras um ambiente em que possam viver verdadeiramente com segurança”, escrevem os bispos na carta, citando a encíclica Laudato Sì do Papa Francisco. “Num mundo que nos foi entregue, não podemos mais olhar a realidade apenas em termos utilitários, orientando a eficiência e a produtividade apenas para o nosso lucro individual. A solidariedade entre gerações não é opcional, mas sim uma questão elementar de justiça”.

Leia mais