17 Setembro 2020
“É triste pensar que a natureza fala e que a humanidade não a ouve” - Victor Hugo (1802-1885)
"O mundo precisa de uma profunda mudança cultural e sistêmica no sentido de valorizar a natureza. Isto não é simplesmente altruísmo, mas um meio para garantir a própria sobrevivência da humanidade", escreve José Eustáquio Diniz Alves, doutor em demografia e pesquisador titular da Escola Nacional de Ciências Estatísticas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – ENCE/IBGE, em artigo publicado por EcoDebate, 16-09-2020.
O Relatório Planeta Vivo 2020, divulgado pelo Fundo Mundial para a Natureza (WWF), no dia 10 de setembro, mostra que o avanço do processo de crescimento contínuo da produção e consumo de bens e serviços ao bel-prazer da humanidade tem provocado uma degradação generalizada dos ecossistemas globais e gerado um ecocídio da vida selvagem que sempre existiu no planeta muito antes dos seres humanos.
Enquanto a população humana passou de 3,5 bilhões para cerca de 7,5 bilhões de habitantes, as populações de vertebrados silvestres, como mamíferos, pássaros, peixes, répteis e anfíbios, sofreram uma redução de 68% entre 1970 e 2016, conforme mostra o gráfico abaixo.
Reprodução: EcoDebate
O mundo vive uma emergência sanitária, uma crise climática e um holocausto biológico. O relatório Planeta Vivo de 2020 aponta os sinais vermelhos que ameaçam os sistemas naturais vitais. O mundo precisa de uma profunda mudança cultural e sistêmica no sentido de valorizar a natureza. Isto não é simplesmente altruísmo, mas um meio para garantir a própria sobrevivência da humanidade.
A biodiversidade está diminuindo globalmente e a taxas sem precedentes em milhões de anos. A forma como produzimos e consumimos os alimentos e energia e o flagrante desprezo pelo meio ambiente enraizado nas atividades antrópicas, está levando o mundo natural aos seus limites. A covid-19, por exemplo, é uma manifestação clara de nosso relacionamento rompido com o meio ambiente.
A natureza está lançando um SOS. A humanidade precisa escutar o grito que vem da vida natural. Não apenas para garantir o futuro de tigres, rinocerontes, baleias, abelhas, árvores e toda a incrível diversidade de vida que compartilhamos e temos o dever moral de conviver em paz, mas porque ignorá-lo também coloca a saúde, o bem-estar e a prosperidade em perigo. Na verdade o futuro de quase 8 bilhões de pessoas também está em jogo.
O Relatório Planeta Vivo 2020 indica que há uma oportunidade para curar nossa relação com a natureza e mitigar os riscos de futuras pandemias, mas este futuro melhor começa com as decisões que governos, empresas e pessoas em todo o mundo adotam hoje. Os líderes mundiais deveriam tomar medidas urgentes para proteger e restaurar a natureza como uma base sólida para uma sociedade saudável e uma economia próspera.
Reprodução: EcoDebate
A WWF ainda acredita que temos uma chance de consertar as coisas, se houver um Novo Acordo entre a natureza e as pessoas, com a humanidade comprometendo-se a parar a degradação ambiental até o final desta década e construir uma economia e sociedade neutras em carbono e positivas para a ecologia.
ALVES, JED. Antropoceno e Colapso Sistêmico Global, SCRIBD, 27/06/2020
ALVES, JED. Os 25 anos da CIPD: Terra inabitável e o grito da juventude, Rev. bras. estud. popul. vol.36 São Paulo 2019 Epub Nov 04, 2019
ALVES, JED. A dinâmica demográfica global em uma “Terra inabitável”, Revista Latinoamericana de Población, Vol. 14 Núm. 26, dezembro de 2019
ALVES, JED. Antropoceno e a Crise Sistêmica, CEPAT, 27/06/2020
WWF. Living Planet Report, 2020
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Antropoceno: a Era do Ecocídio. Artigo de José Eustáquio Diniz Alves - Instituto Humanitas Unisinos - IHU